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MERCADO ABERTO
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Valor de empresas cai R$ 1 tri na Bovespa
A turbulência financeira já
fez as empresas listadas na Bovespa encolherem R$ 1,068 trilhão. De acordo com levantamento da Gradual Corretora, o
valor de mercado das 325 companhias brasileiras de capital
aberto passou de R$ 2,291 trilhões em 30 de maio para
R$ 1,222 trilhão na sexta-feira.
Para o analista-chefe da Gradual Corretora, Paulo Esteves,
a corrida dos investidores para
se desfazer de ativos se tornou
um movimento irracional, que
não reflete o valor real dos papéis. "Quem vende as ações hoje está baseando sua decisão no
fluxo de mercado e não está
dando importância para os fundamentos das empresas."
Segundo Esteves, a baixa cotação das ações na Bovespa é
conseqüência da dependência
da Bolsa brasileira de investidores estrangeiros. "Nos últimos anos, eles inflaram o valor
das empresas e sustentaram o
Ibovespa alto. Com esta crise,
precisam cobrir perdas no exterior e vendem os ativos mais
líquidos, como as ações brasileiras, mesmo que estejam com
uma boa situação econômica."
Para mostrar que os papéis
estão cotados abaixo do que valem, Esteves cita o exemplo da
incorporadora Brascan. A empresa dispõe de R$ 1,8 bilhão
em sua carteira de terrenos e
propriedades, mas encerrou o
último pregão avaliada em R$
689 milhões na Bovespa. O
mesmo ocorre com a Sadia, que
vale hoje R$ 3,3 bilhões em Bolsa. No entanto, apenas o seu capital imobilizado, como máquinas e terrenos, soma cifra
maior que essa. "Ou seja, pelo
valor de Bolsa, a marca Sadia
valeria zero", diz.
Mais que um prejuízo para os
investidores, Esteves considera
a baixa avaliação das empresas
na Bovespa "muito grave" para
a economia brasileira. Além da
dificuldade de obter crédito nas
instituições financeiras, hoje as
empresas também encontram
um ambiente desfavorável para
captar recursos no mercado de
capitais. "A Bolsa depreciada
coloca em xeque a economia,
porque proporciona um efeito
cascata."
Se a turbulência financeira se
mantiver até o fim do ano,
ameaça o cumprimento das
metas atuariais dos fundos de
pensão, de previdência é até as
reservas das seguradoras, diz o
analista-chefe da Gradual.
Para ele, é o momento de o
governo intervir. Esteves sugere uma nova oferta de PIBB
(Papéis Índice Brasil Bovespa),
fundo de ações do BNDES voltado ao pequeno investidor,
com garantias de recompra pelo valor aplicado. "O investidor
estrangeiro está indo embora e
não volta tão cedo. O pequeno
investidor está traumatizado
com as perdas. O lançamento
de PIBB mostraria que o governo acredita na recuperação do
mercado e atrairia de volta a
pessoa física à Bolsa", avalia.
NEGÓCIO REAL
Marcelo Cherto, presidente do grupo Cherto, consultoria
especializada em ocupação de mercado, notou um aumento
na procura por franquias nos últimos 15 dias, quando a crise
econômica internacional se agravou. O perfil dos interessados é de executivos de alto nível, que buscam abrir o negócio
com alguém da família, em geral a esposa, para complementar e ter uma segunda fonte de renda. "Tenho recebido uma
média de três ligações por dia de presidentes e diretores de
grandes empresas para se informar sobre franquias", diz.
Segundo Cherto, a conjuntura de crise aumenta o interesse
pelo negócio. "As pessoas que têm capital disponível querem
investir na economia real e não no mercado financeiro. E as
franquias têm a vantagem do risco menor e da facilidade de
gerenciar, pois são marcas conhecidas."
QUEDA
O setor de leasing já
começou a sentir os reflexos da crise, segundo
Rafael Cardoso, presidente da Abel (Associação Brasileira das Empresas de Leasing). "A
partir de setembro, o tomador de recursos começou a ficar desconfiado em razão de toda essa crise." A única certeza de Cardoso é que o
volume de operações vai
cair. "Ainda não sei em
que proporção, não dá
para prever." O aumento dos custos e a redução dos prazos provocados pela crise diminuiu
a confiança do consumidor. O que mais contribui para o cenário desfavorável nos negócios de
leasing são as operações
referentes a automóveis
para pessoas físicas, que
representam cerca de
75% dos negócios.
NA PASSARELA
Miguel Jorge (Desenvolvimento), Roger Agnelli (Vale), Josué Gomes da Silva
(Coteminas) e outros participarão do seminário O Valor da Moda, que será realizado paralelamente ao evento de moda Claro Rio Summer, no Rio, de 5 a 8 de novembro. O Rio Summer é
iniciativa de Nizan Guanaes.
DOSE DUPLA
Paulo Nogueira Batista Jr.
foi reeleito por unanimidade
para seu segundo mandato
como representante do grupo de nove países que está à
frente no FMI. Ele fica, assim, mais dois anos na posição. O grupo, formado por
Brasil, Colômbia, Equador,
Guiana, Haiti, Panamá, República Dominicana, Suriname e Trinidad e Tobago,
também o indicou para a
reeleição por unanimidade.
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