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Tecnologia corre para reduzir custo de produzir no pré-sal
Conhecimento atual faz com que despesas para extrair um barril dessa região somem o triplo do valor em outras áreas
Petrobras pretende que no pré-sal extração de petróleo seja controlada de forma remota, com o mínimo de pessoal, para conter gastos
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
Adaptar a tecnologia existente para produzir mais petróleo
no pré-sal, a um custo menor e
com segurança, é uma das
maiores empreitadas que a Petrobras enfrentará nos próximos cinco anos. Em termos financeiros, vencer esse desafio
significa, em valores de hoje,
um impacto positivo de mais de
US$ 50 milhões por dia no caixa da empresa, em 2020.
Para especialistas, a tecnologia atual já permite produzir do
pré-sal. "O que estamos fazendo é evoluir, testar novos materiais e formatos, para adaptá-la
às novas condições", diz Segen
Estefen, coordenador do laboratório de tecnologia submarina da Coppe/UFRJ.
Entendem-se por novas condições as particularidades das
regiões de maior potencial de
produção. Embora se acredite
que a província de petróleo
abaixo da camada de sal vá da
Bahia a Santa Catarina, a exploração hoje se concentra principalmente nas bacias de Campos (RJ) e de Santos (SP).
Em Campos, a Petrobras já
produz óleo do pré-sal no campo de Jubarte, há um ano. Mas
as reservas mais promissoras
-e mais difíceis de extrair
óleo- estão na bacia de Santos.
Só em 3 das 10 áreas pesquisadas nessa bacia -Tupi, Iara e
Guará-, estimativas apontam
para até 13 bilhões de barris.
Nas palavras do presidente
da Petrobras, José Sergio Gabrielli, isso significa "óleo possível de extrair com as técnicas
de hoje", de forma a dar lucro.
Na prática, o número dobra as
reservas que a Petrobras havia
levado 56 anos para acumular.
As reservas do pré-sal da bacia de Santos estão a 2.000 metros de profundidade do mar e
mais 5.000 metros solo abaixo.
No meio, ainda existe uma camada de sal de 2.000 metros a
ser vencida. Tudo isso a 300
quilômetros da costa.
Em Jubarte, a distância da
área até a costa é de 70 quilômetros, e as reservas do pré-sal
estão a 4.700 metros do nível
do mar, sendo 1.400 metros de
lâmina d'água.
Somam-se a isso as dificuldades impostas pelo ambiente
mais hostil no fundo do mar da
região, onde a pressão elevada,
a baixa temperatura e a presença de ácidos são ameaças constantes aos equipamentos, potencializando os riscos de incidentes e prejuízos.
Para completar, a empresa
ainda está construindo o conhecimento sobre as rochas da
região, chamadas de carbonáticas, e sobre o sal, que tem um
comportamento menos previsível. Isso é importante porque
o tipo de rocha determina o nível de produção. Os testes de
produção em Tupi, desde maio,
ajudam a trazer informações.
Diante de seu vasto portfólio
e da dificuldade de fazer tudo
ao mesmo tempo, a Petrobras
sempre deu prioridade a produzir em áreas de alta lucratividade, deixando de lado as de
baixo retorno. Sua corrida vai
em direção a fazer do pré-sal
uma fronteira mais lucrativa.
A empresa diz que o valor de
US$ 45 por barril torna viável a
produção do pré-sal. Tomando
esse valor como um patamar de
custo de produção e o petróleo
na casa dos US$ 75 hoje, representaria, em valores atuais,
uma margem positiva de US$
30 por barril. Nos projetos fora
do pré-sal, o custo médio de
produção é de US$ 15, o que daria um saldo de US$ 60.
A diferença de cotação significaria, em 2020, quando a Petrobras pretende produzir 1,8
milhão de barris de petróleo
por dia, cerca de US$ 54 milhões por dia no caixa da empresa, a valores de hoje. Por isso, baratear a produção no pré-sal é tão urgente.
"A ordem no pré-sal é reduzir
custos da produção, e, sem
avançar na tecnologia, isso não
será possível", diz Celso Morooka, professor de engenharia
do petróleo da Unicamp.
Distância
A logística para transporte de
pessoas, equipamentos e mantimentos usada até hoje para a
produção em águas profundas
em poços distantes até cem
quilômetros da costa, na bacia
de Campos, deverá ser deixada
de lado no pré-sal de Santos.
A empresa já declarou que a
produção no pré-sal terá menos gente porque o custo ficaria
muito alto. A ideia é que a produção seja controlada de forma
remota, na medida do possível.
Uma solução em estudo é a
construção de dutos que iriam
da costa até os poços, dispensando a passagem do óleo por
plataformas e navios de produção. "Haveria apenas algumas
embarcações de apoio na região", afirma Estefen.
A construção de bases intermediárias, como se fossem
ilhas, a meia distância entre a
costa e os reservatórios, é outra
possibilidade. "Mantimentos e
equipamentos para manutenção ficariam sobre esse ponto
intermediário e só seriam levados para a área de produção
quando necessário." Nesse caso, o transporte da produção
poderia ser de navio até a base
intermediária e, de lá até a costa, por meio de dutos.
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