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Procon deve pedir reembolso por conta de luz paga a mais
Secretário da Justiça do Estado de São Paulo quer investigação contra a Aneel
Erro em cálculo, revelado ontem pela Folha, provocou
cobrança indevida de
R$ 7 bi aos consumidores
nos últimos sete anos
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário da Justiça do Estado de São Paulo, Luiz Antonio Marrey, determinará hoje
ao Procon-SP (Procuradoria de
Defesa do Consumidor do Estado de São Paulo) que peça informações à Aneel (Agência
Nacional de Energia Elétrica)
sobre o erro no cálculo da conta
de luz apontado em reportagem publicada ontem pela Folha.
O erro, admitido pela agência
reguladora, existe há sete anos
e provoca, segundo cálculo conservador do TCU (Tribunal de
Contas da União), uma cobrança indevida de R$ 1 bilhão ao
ano dos consumidores.
O dinheiro é embolsado indevidamente pelas 63 distribuidoras de energia do país.
Com as informações da
Aneel, Marrey disse que o Procon deverá ingressar com uma
ação civil pública em que pede o
ressarcimento de todos os recursos pagos a mais pelos consumidores do Estado de São
Paulo.
Além disso, o secretário determinou ao Procon que faça
hoje uma representação ao Ministério Público de São Paulo
pedindo investigação do caso
contra funcionários da agência
e do governo federal.
Segundo ele, a omissão dos
agentes públicos pode gerar
processos por improbidade administrativa ou até ações embasadas em acusações criminais. "O fato é muito grave. É
absolutamente inconcebível
que agentes públicos conhecedores do problema há dois anos
tenham sido tão omissos diante
de um fato dessa gravidade, como se isso fosse um fato da natureza sem que fosse tomada
nenhuma providência", disse
ontem à Folha.
Ele prevê que, dada a gravidade do caso, outros Procons
do país devam adotar medida
semelhante.
Ontem, a Aneel entrou em
contato com a reportagem da
Folha para questionar a estimativa de que R$ 7 bilhões teriam sido pagos pelos consumidores em decorrência do erro
no cálculo das tarifas de conta
de luz.
Embora tenha questionado o
valor, a agência não disse de
quanto seria o prejuízo que os
consumidores brasileiros tiveram nesse período, embora o
governo federal e a agência tivessem conhecimento do problema há dois anos.
A Aneel informou à reportagem que se pronunciará sobre o
problema hoje.
Procurada, na semana passada, a Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de
Eneriga Elétrica) não se pronunciou sobre o caso. Ontem, a
Folha não conseguiu contato
com a associação.
O problema
O TCU afirma que o prejuízo
anual de R$ 1 bilhão considera a
expansão do mercado brasileiro em 5,1% ao ano.
O problema na conta de luz
ocorre devido a uma falha na
metodologia de reajuste tarifário. O modelo não captura o
crescimento do mercado brasileiro -com isso, o recolhimento dos encargos do sistema elétrico (11 tipos de contribuições
embutidas na conta de luz) é
maior do que o determinado
pela Aneel.
As distribuidoras repassam o
valor que lhes cabem e embolsam o adicional.
Pela regra que vige hoje, as
concessionárias não poderiam
embolsar nenhum centavo desse componente da tarifa.
A Aneel diz que a falha pode
ser consertada com a reedição
de uma portaria, embora essa
medida não resolva o problema
passado, ou o ressarcimento do
que já foi pago.
Os ministérios de Minas e
Energia e da Fazenda são os
responsáveis pela portaria interministerial, mas afirmam
que ainda estão avaliando se a
republicação do ato é a melhor
solução.
Enquanto isso, as revisões tarifárias continuam a ser feitas
com erro no cálculo.
OAB
O Conselho Federal da OAB
(Ordem dos Advogados do Brasil) decidiu ontem que vai pedir
à Comissão Especial de Defesa
do Consumidor da entidade
que analise a falha na cobrança
de energia. Também vai solicitar à Aneel explicações sobre o
problema.
O presidente da Abrace (Associação Brasileira de Grandes
Consumidores Industriais de
Energia e de Consumidores Livres), Ricardo Lima, diz que pedirá à agência reguladora uma
solução para o caso.
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