São Paulo, sexta-feira, 19 de novembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VITÓRIA ORTODOXA

Deputado Chico Alencar (PT) e outros aliados lamentam demissão; PSDB e PFL dizem que a decisão do presidente Lula foi correta

Saída de Lessa é vitória de Palocci, vê petista

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para parlamentares da oposição, Carlos Lessa deveria ter saído antes. Já os governistas lamentaram a decisão. Palavras de elogio ao ex-presidente do BNDES foram ouvidas. E também críticas ao ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) e ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Palocci e Meirelles são os condutores da política econômica. Neste ano, o país deve ter crescimento superior a 4%. Mas em 2003 o PIB (Produto Interno Bruto) registrou retração de 0,2%. Além disso, o desemprego segue alto, a renda se recupera timidamente e, anteontem, temendo um repique inflacionário, o BC elevou a taxa de juros pelo terceiro mês seguido, para 17,25% ao ano.
O deputado petista Chico Alencar (RJ), que colhia nos últimos dias assinaturas para a permanência de Lessa no BNDES, disse: "Esse é um indício gravíssimo de que esse governo caminha para não dar certo. De novo Palocci e Meirelles ganharam".
Para o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), o governo dá sinais claros de "falta de homogeneidade na política econômica" e que isso traz insegurança para os investidores. "O que preocupa é que o governo dá sinais claros de falta de homogeneidade da política econômica. As pessoas ficam sem saber qual a política econômica de médio e longo prazo", disse ele.
"Fico muito chateado, muito pesaroso, já que o professor Carlos Lessa fez uma gestão excelente, competente. Entretanto, muitas cascas de banana foram jogadas e ele deveria ter a paciência de não reagir", disse o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP). Mesmo assim, a atitude do governo não se justifica, segundo ele.
"O comandante do Exército fez nota elogiosa à ditadura militar e ficou no cargo. O general [Jorge Armando] Félix ofendeu os militantes de esquerda e ninguém reagiu. No entanto, as declarações do Lessa são justificativa para ele sair", afirmou Greenhalgh.
O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), elogiou a gestão de Lessa, mas disse que o ex-presidente do banco às vezes "atravessava a linha divisória da competência específica de cada uma das autoridades que compõem a equipe de governo".
O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), disse que a decisão é uma atribuição do presidente Lula, mas considerou o episódio "muito triste". "Lessa é um grande brasileiro, preocupado com o país", afirmou.
Para o líder da bancada do PFL na Câmara, José Carlos Aleluia (BA), a saída de Lessa deveria ter ocorrido antes. "O mínimo que o governo tem que ter é disciplina e harmonia. Lessa estava causando desarmonia, indisciplina", disse.
O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), citou as demissões de Lessa, do ministro José Viegas (Defesa) e do presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, como uma amostra de "desordem administrativa". (RANIER BRAGON E FERNANDAS KRAKOVICS)


Texto Anterior: Última reunião com Lessa libera R$ 841 mi
Próximo Texto: Alencar elogia o economista até depois da queda
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.