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VITÓRIA ORTODOXA
Deputado Chico Alencar (PT) e outros aliados lamentam demissão; PSDB e PFL dizem que a decisão do presidente Lula foi correta
Saída de Lessa é vitória de Palocci, vê petista
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para parlamentares da oposição, Carlos Lessa deveria ter saído
antes. Já os governistas lamentaram a decisão. Palavras de elogio
ao ex-presidente do BNDES foram ouvidas. E também críticas
ao ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda) e ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Palocci e Meirelles são os condutores da política econômica.
Neste ano, o país deve ter crescimento superior a 4%. Mas em
2003 o PIB (Produto Interno Bruto) registrou retração de 0,2%.
Além disso, o desemprego segue
alto, a renda se recupera timidamente e, anteontem, temendo um
repique inflacionário, o BC elevou
a taxa de juros pelo terceiro mês
seguido, para 17,25% ao ano.
O deputado petista Chico Alencar (RJ), que colhia nos últimos
dias assinaturas para a permanência de Lessa no BNDES, disse:
"Esse é um indício gravíssimo de
que esse governo caminha para
não dar certo. De novo Palocci e
Meirelles ganharam".
Para o senador Tasso Jereissati
(PSDB-CE), o governo dá sinais
claros de "falta de homogeneidade na política econômica" e que
isso traz insegurança para os investidores. "O que preocupa é que
o governo dá sinais claros de falta
de homogeneidade da política
econômica. As pessoas ficam sem
saber qual a política econômica
de médio e longo prazo", disse ele.
"Fico muito chateado, muito
pesaroso, já que o professor Carlos Lessa fez uma gestão excelente, competente. Entretanto, muitas cascas de banana foram jogadas e ele deveria ter a paciência de
não reagir", disse o deputado Luiz
Eduardo Greenhalgh (PT-SP).
Mesmo assim, a atitude do governo não se justifica, segundo ele.
"O comandante do Exército fez
nota elogiosa à ditadura militar e
ficou no cargo. O general [Jorge
Armando] Félix ofendeu os militantes de esquerda e ninguém reagiu. No entanto, as declarações do
Lessa são justificativa para ele
sair", afirmou Greenhalgh.
O líder do governo no Senado,
Aloizio Mercadante (PT-SP), elogiou a gestão de Lessa, mas disse
que o ex-presidente do banco às
vezes "atravessava a linha divisória da competência específica de
cada uma das autoridades que
compõem a equipe de governo".
O presidente da Câmara, João
Paulo Cunha (PT-SP), disse que a
decisão é uma atribuição do presidente Lula, mas considerou o
episódio "muito triste". "Lessa é
um grande brasileiro, preocupado com o país", afirmou.
Para o líder da bancada do PFL
na Câmara, José Carlos Aleluia
(BA), a saída de Lessa deveria ter
ocorrido antes. "O mínimo que o
governo tem que ter é disciplina e
harmonia. Lessa estava causando
desarmonia, indisciplina", disse.
O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), citou as demissões de Lessa, do ministro José Viegas (Defesa) e do presidente
do Banco do Brasil, Cássio Casseb, como uma amostra de "desordem administrativa".
(RANIER BRAGON E FERNANDAS KRAKOVICS)
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