São Paulo, sexta-feira, 19 de novembro de 2004

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O PROFESSOR

Para Carneiro, saída inibe desenvolvimento

DA REPORTAGEM LOCAL

Para Ricardo Carneiro, professor do Instituto de Economia e diretor do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica da Unicamp, a saída de Carlos Lessa do BNDES é uma derrota das forças desenvolvimentistas.
"O professor Lessa estava corretamente defendendo uma das poucas políticas de desenvolvimento que restavam no país", afirma. Leia a seguir os principais trechos da entrevista com Ricardo Carneiro. (FF)
 

Folha - Como o sr. avalia a saída de Carlos Lessa do governo? Ele saiu porque fez muitas críticas à política econômica do governo?
Ricardo Carneiro -
A saída do professor Lessa do BNDES é mais uma derrota das forças desenvolvimentistas no governo Lula. Não creio que a questão das críticas à política macroeconômica tenham tido importância. O que está em jogo é a política de crédito dirigido com recursos da poupança compulsória (FAT, FGTS) que vem sendo cobiçada pelos bancos, com o apoio do FMI e recentemente da Fazenda e do BC.

Folha - Qual o impacto dessa saída na política que vinha sendo desenvolvida pelo BNDES? Como era a política de Lessa no BNDES na sua avaliação?
Carneiro -
O professor Lessa assumiu o BNDES em condições muito adversas. O banco teve a sua gestão privatizada no governo FHC e se converteu crescentemente num banco de investimento com perfil privado. O trabalho brilhante do Lessa foi reconverter o BNDES para sua função de banco de desenvolvimento. Além disso havia no banco vários problemas como a inadimplência do setor elétrico e a baixa capitalização, que foram equacionados.

Folha - O que pode mudar no BNDES com o Guido Mantega? O que significa politicamente a substituição de Lessa por Mantega?
Carneiro -
A troca do professor Lessa pelo ministro Mantega enfraquece, praticamente elimina, o pólo desenvolvimentista. O ministro vem desenvolvendo uma política auxiliar à da Fazenda.


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