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O PROFESSOR
Para Carneiro, saída
inibe desenvolvimento
DA REPORTAGEM LOCAL
Para Ricardo Carneiro, professor do Instituto de Economia e diretor do Centro de Estudos de
Conjuntura e Política Econômica
da Unicamp, a saída de Carlos
Lessa do BNDES é uma derrota
das forças desenvolvimentistas.
"O professor Lessa estava corretamente defendendo uma das
poucas políticas de desenvolvimento que restavam no país",
afirma. Leia a seguir os principais
trechos da entrevista com Ricardo
Carneiro.
(FF)
Folha - Como o sr. avalia a saída
de Carlos Lessa do governo? Ele
saiu porque fez muitas críticas à
política econômica do governo?
Ricardo Carneiro - A saída do
professor Lessa do BNDES é mais
uma derrota das forças desenvolvimentistas no governo Lula. Não
creio que a questão das críticas à
política macroeconômica tenham
tido importância. O que está em
jogo é a política de crédito dirigido com recursos da poupança
compulsória (FAT, FGTS) que
vem sendo cobiçada pelos bancos, com o apoio do FMI e recentemente da Fazenda e do BC.
Folha - Qual o impacto dessa saída na política que vinha sendo desenvolvida pelo BNDES? Como era
a política de Lessa no BNDES na sua
avaliação?
Carneiro - O professor Lessa assumiu o BNDES em condições
muito adversas. O banco teve a
sua gestão privatizada no governo
FHC e se converteu crescentemente num banco de investimento com perfil privado. O trabalho
brilhante do Lessa foi reconverter
o BNDES para sua função de banco de desenvolvimento. Além disso havia no banco vários problemas como a inadimplência do setor elétrico e a baixa capitalização,
que foram equacionados.
Folha - O que pode mudar no
BNDES com o Guido Mantega? O
que significa politicamente a substituição de Lessa por Mantega?
Carneiro - A troca do professor
Lessa pelo ministro Mantega enfraquece, praticamente elimina, o
pólo desenvolvimentista. O ministro vem desenvolvendo uma
política auxiliar à da Fazenda.
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