São Paulo, sexta-feira, 19 de novembro de 2004

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CONTAS VIGIADAS

Valor consta de relatórios da Trevisan Consultoria; advogados do Banco Santos contestam informação

Rombo em banco supera R$ 1 bi, diz consultor

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

O rombo deixado pelo Banco Santos por conta de empréstimos malfeitos já supera a casa de R$ 1 bilhão, segundo relatórios encaminhados ao Banco Central nos últimos dias pela Trevisan Consultoria, que, desde junho, passou a se responsável pela auditoria do balanço do banco de Edemar Cid Ferreira. A dívida pode ser muito maior, caso sejam incluídas as outras empresas controladas por Ferreira e que não têm ligação direta com o banco.
Na sexta-feira passada, ao intervir no Banco Santos, o BC informou que a instituição precisava fazer uma provisão de R$ 700 milhões por conta dos empréstimos considerados duvidosos. O BC usou como referência o relatório da Trevisan daquele mesmo dia com esse valor.
De lá para cá, ao analisar com mais rigor os empréstimos do Banco Santos, chega-se à conclusão de que o rombo seria maior, o que significa que a instituição estaria com o patrimônio líquido negativo em cerca de R$ 500 milhões. Os advogados do Banco Santos contestam esses valores.
Nos últimos quatro meses, depois que começaram rumores sobre problemas na saúde financeira do banco, o caixa da instituição começou a perder muito dinheiro. Em quatro meses, perdeu R$ 700 milhões em depósitos.
De acordo com o que a Folha apurou, os saques foram feitos principalmente por grandes empresas, fundos de pensão de estatais e institutos de previdência de estados e municípios. O número de correntistas pessoas físicas não era muito expressivo.
Os diretores do Banco Santos apontam essa sangria de recursos do caixa da instituição, em razão dos rumores com relação à saúde do banco, como o principal motivo para a intervenção. No dia da intervenção, na sexta-feira passada, o caixa era de R$ 30 mil.

Pente fino
Além dos saques, outro fator considerado relevante foi o fato de o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento de Econômico e Social) ter cortado as operações de crédito com o Banco Santos. A diretoria do BNDES foi alertada no final do ano passado de operações irregulares feitas pelo banco de Edemar Cid Ferreira com os repasses do banco estatal.
Segundo a Folha noticiou ontem, ao repassar os recursos do BNDES, o banco exigia que os clientes aplicassem parte do dinheiro em títulos de empresas holdings de Edemar Cid Ferreira, inclusive "offshores" (empresa que normalmente tem o objetivo de colocar dinheiro e corporações a salvo do controle dos Estados).
Essas operações, que, segundo o BNDES, são ilegais e constituem crime financeiro, ocorriam principalmente nas linhas de exportação. Tanto que, no final de 2003, o banco era a instituição que mais movimentava essa linha de crédito do BNDES, acima de Banco do Brasil, Bradesco e Itaú.


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