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CONTAS VIGIADAS
Valor consta de relatórios da Trevisan Consultoria; advogados do Banco Santos contestam informação
Rombo em banco supera R$ 1 bi, diz consultor
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
O rombo deixado pelo Banco
Santos por conta de empréstimos
malfeitos já supera a casa de R$ 1
bilhão, segundo relatórios encaminhados ao Banco Central nos
últimos dias pela Trevisan Consultoria, que, desde junho, passou
a se responsável pela auditoria do
balanço do banco de Edemar Cid
Ferreira. A dívida pode ser muito
maior, caso sejam incluídas as outras empresas controladas por
Ferreira e que não têm ligação direta com o banco.
Na sexta-feira passada, ao intervir no Banco Santos, o BC informou que a instituição precisava
fazer uma provisão de R$ 700 milhões por conta dos empréstimos
considerados duvidosos. O BC
usou como referência o relatório
da Trevisan daquele mesmo dia
com esse valor.
De lá para cá, ao analisar com
mais rigor os empréstimos do
Banco Santos, chega-se à conclusão de que o rombo seria maior, o
que significa que a instituição estaria com o patrimônio líquido
negativo em cerca de R$ 500 milhões. Os advogados do Banco
Santos contestam esses valores.
Nos últimos quatro meses, depois que começaram rumores sobre problemas na saúde financeira do banco, o caixa da instituição
começou a perder muito dinheiro. Em quatro meses, perdeu R$
700 milhões em depósitos.
De acordo com o que a Folha
apurou, os saques foram feitos
principalmente por grandes empresas, fundos de pensão de estatais e institutos de previdência de
estados e municípios. O número
de correntistas pessoas físicas não
era muito expressivo.
Os diretores do Banco Santos
apontam essa sangria de recursos
do caixa da instituição, em razão
dos rumores com relação à saúde
do banco, como o principal motivo para a intervenção. No dia da
intervenção, na sexta-feira passada, o caixa era de R$ 30 mil.
Pente fino
Além dos saques, outro fator
considerado relevante foi o fato
de o BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento de Econômico
e Social) ter cortado as operações
de crédito com o Banco Santos. A
diretoria do BNDES foi alertada
no final do ano passado de operações irregulares feitas pelo banco
de Edemar Cid Ferreira com os
repasses do banco estatal.
Segundo a Folha noticiou ontem, ao repassar os recursos do
BNDES, o banco exigia que os
clientes aplicassem parte do dinheiro em títulos de empresas
holdings de Edemar Cid Ferreira,
inclusive "offshores" (empresa
que normalmente tem o objetivo
de colocar dinheiro e corporações
a salvo do controle dos Estados).
Essas operações, que, segundo
o BNDES, são ilegais e constituem
crime financeiro, ocorriam principalmente nas linhas de exportação. Tanto que, no final de 2003, o
banco era a instituição que mais
movimentava essa linha de crédito do BNDES, acima de Banco do
Brasil, Bradesco e Itaú.
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