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CONTAS VIGIADAS
CVM estuda alteração após perceber que clientes do Banco Santos poderão ter prejuízo devido a brecha em norma
Fundo de investimento terá regra revista
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CVM (Comissão de Valores
Mobiliários) vai rever as regras
para os fundos de investimento
aplicarem em CCBs (Cédulas de
Crédito Bancário), após informação publicada pela Folha de que
clientes do Banco Santos deverão
ter grandes prejuízos por conta de
operações realizadas pela instituição com esse tipo de papel.
Um dos principais fundos da
instituição, o Santos Credit Yield,
com patrimônio de R$ 583 milhões, tem cerca de 90% de seus
recursos em CCBs. Há outros fundos do banco também com aplicações nesses papéis.
Segundo o BC, a situação financeira do Banco Santos se deteriorou principalmente por causa de
empréstimos mal concedidos a
clientes. É com base em operações
de crédito que a instituição emite
as CCBs.
Segundo o superintendente de
relações com investidores institucionais da CVM, Carlos Sussekind, o banco não teria desrespeitado as regras vigentes de aplicação nesse tipo de papel.
A norma define que o fundo
não pode ter mais de 10% desse
papel por devedor -como no caso de uma CCB emitida sobre empréstimos para uma cadeia de supermercados. Mas não há limite
global para o tipo de papel. Assim,
o fundo poderia ter 100% aplicados em CCBs, desde que os certificados tivessem origem em dez ou
mais credores diferentes.
No caso do Santos, as CCBs foram lastreadas em operações de
crédito realizadas pela instituição.
Se o devedor não paga, o investidor arca com o prejuízo.
"Provavelmente na época em
que a regra foi criada o legislador
não imaginou que esse tipo de situação poderia acontecer [enorme concentração de CCBs nos
fundos]. Alguma coisa será feita:
seja colocar limites adicionais para que os fundos apliquem nesses
papéis ou só permitir o investimento em títulos emitidos por
outras instituições que não do
mesmo grupo do gestor", disse
Sussekind à Folha.
A CVM suspendeu na segunda-feira resgates e aplicações nos fundos da Santos Asset Management
por 30 dias. Segundo Sussekind,
antes da intervenção na instituição feita pelo BC, na sexta-feira
passada, a CVM já investigava a
administração de fundos do Banco Santos. Uma das suspeitas é o
registro irregular do preço dos papéis nas carteiras dos fundos.
Marcelo Guifrida, vice-presidente da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento) -sociedade que representa a
indústria de fundos-, diz que é
preciso esperar para ver os resultados da investigação da CVM.
Mas admite que as regras podem
ser revistas para garantir maior
segurança aos investidores.
"Acho que talvez haja a necessidade de maior proteção para o investidor, de criar limites adicionais. Esse instrumento [as CCBs]
é bom. Mas sempre se pode
aprender com erros", disse o vice-presidente da Anbid.
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