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Prejuízo de
investidor pode
passar de R$ 1 bi
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Pelo menos R$ 1,2 bilhão
aplicado por investidores
em papéis emitidos pelo
Banco Santos para captar recursos no mercado pode ir
para o vinagre em conseqüência da crise da instituição, sob intervenção do BC
desde a última sexta-feira.
Trata-se de R$ 704,5 milhões em CDBs (Certificados
de Depósitos Bancários) e
RDBs (Recibos de Depósitos
Bancários) e outros R$ 487,5
milhões referentes a captações feitas no exterior, conforme dados do balanço publicado em 30 de junho deste
ano. Com a crise do banco,
esses papéis se desvalorizaram e podem virar pó, se for
decretada a falência do banco, segundo analistas.
O banco administra ainda
R$ 2,3 bilhões aplicados em
fundos de investimento -a
maioria exclusivos, de grandes investidores. Segundo o
presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários),
Marcelo Trindade, "os investidores que aplicaram em
fundos estão em situação
bem melhor do que aqueles
que têm créditos a receber,
referentes a aplicações em títulos emitidos pelo banco".
Trindade admitiu, entretanto, que os investidores
dos fundos administrados
pela Santos Asset Management poderão ter perdas decorrentes da desvalorização
dos ativos de emissão do
próprio banco, que estão nas
carteiras dos fundos. "Mas
eles vão receber grande parte
do dinheiro." O presidente
da CVM afirmou que "não
há nenhuma acusação em
relação à inexistência de ativos e estouro dos limites legais de aplicações" pelos
fundos da Santos Asset Management.
A CVM, a pedido do interventor do BC, suspendeu na
terça-feira, por 30 dias, as
movimentações nos fundos
de investimento do Santos.
A medida já começa a atingir
clientes de outros bancos.
Ontem, o Basa (Banco da
Amazônia) comunicou aos
clientes que, em conseqüência da decisão da CVM, o
banco "vê-se compelido a
suspender, temporariamente, as operações de resgate e
aplicação" em quatro dos
seus fundos que têm "posições do Banco Santos em
suas carteiras" e que são geridos pela Santos Asset Management.
Analistas de mercado vinham, havia alguns meses,
olhando com desconfiança
as operações de captação do
Banco Santos. Enquanto instituições do mesmo porte,
como o BMG e o Panamericano, captavam recursos
emitindo CDBs a uma taxa
de juros equivalente a 103%
e 105% do CDI (Certificado
de Depósito Interbancário),
que reflete o juro médio praticado entre os bancos, o
Santos pagava até 110%.
Em outubro, a taxa do CDI
foi de 1,21%, segundo a Anbid (Associação Nacional
dos Bancos de Investimento). Operadores de renda fixa de corretoras de valores
lembram que bancos de primeira linha, como Bradesco
e Itaú, captam a uma taxa
equivalente a 99% do CDI.
Uma regra básica de mercado, dizem os analistas, é
que, quanto maior o retorno
oferecido, maior o risco. Em
2002, o Banco Santos teria
perdido R$ 30 milhões em
operações de tesouraria,
apostando na queda dos juros. O banco aplicou recursos em títulos públicos prefixados, que se valorizam
quando o juro cai, mas a Selic subiu a partir do segundo
semestre daquele ano.
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