São Paulo, sexta-feira, 19 de novembro de 2004

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CONTAS VIGIADAS

Pelo menos 800 empregados tiveram o pagamento creditado na sexta, dia em que o BC interveio no Santos

Salário de funcionário do banco está preso

FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo menos 800 funcionários do Banco Santos e da holding Procid Participações e Negócios, que pertencem ao banqueiro Edemar Cid Ferreira, estão com 40% do salário mensal preso em suas contas na instituição. O dinheiro foi creditado na última sexta-feira -no mesmo dia em que BC (Banco Central) anunciou a intervenção no Banco Santos.
Ontem, uma comissão de funcionários do banco se reuniu com representantes do BC para encontrar uma forma de liberar esses recursos. Há uma semana, o Banco Santos parou de operar e todos os seus recursos estão indisponíveis por um prazo de no mínimo seis meses, podendo ser prorrogado por mais seis meses.
Funcionários do banco que preferem não se identificar informaram que foram surpreendidos com a intervenção. Para eles, o salário não deve ser retido junto com os recursos da instituição -só em depósitos a prazo são R$ 1,8 bilhão, segundo cálculo do BC.
Considerando a média dos salários dos bancários, de cerca de R$ 2.500 mensais, segundo o Sindicato dos Bancários de São Paulo, estima-se que R$ 800 mil estariam retidos nas contas dos funcionários -ou 40% do salário mensal.
Os empregados informaram que precisam do dinheiro para pagar as contas do mês. Até o final da tarde de ontem, os recursos ainda não tinham sido liberados. Representantes do sindicato e da comissão se reunirão na próxima terça-feira com representantes do BC para encontrar uma saída. O interventor do banco é Vanio César Aguiar, chefe do departamento de supervisão indireta do BC.
"Conseguimos marcar só para a próxima semana encontro com representantes do Banco Central. Soubemos que eles querem liberar o dinheiro dos empregados", afirma Maria do Carmo, diretora do sindicato. O BC informou por meio de sua assessoria de imprensa que o interventor está analisando o caso e vai tomar as providências para atender clientes e funcionários o mais rápido possível.
Medidas para conter gastos com pessoal estavam sendo tomadas há pelo menos 90 dias. De janeiro até a semana passada foram demitidos 200 funcionários. "Fui demitido há um mês. Estou com dinheiro preso e preciso dele para terminar uma obra", diz Francisco Guimarães Leite.


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