São Paulo, sexta-feira, 19 de novembro de 2004

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CÂMBIO

Moeda americana chega a atingir menor valor ante o euro pelo 3º dia consecutivo, e mercado vê ação do BC europeu

Dólar fraco acende rumores de intervenção

DA REDAÇÃO

O dólar voltou a perder valor ontem em relação às principais moedas do mundo e, pelo terceiro dia consecutivo, registrou recorde histórico de baixa em relação ao euro. Em Londres, a moeda única européia chegou a ser negociada a US$ 1,3074 (acima do US$ 1,3047 do dia anterior), embora depois tenha recuado para US$ 1,2993 no fechamento.
A aceleração do euro alimentou rumores no mercado de que o BCE (Banco Central Europeu) poderá intervir no câmbio para desvalorizar sua moeda, para proteger as exportações. As vendas ao exterior são o principal fator na recuperação econômica dos países da zona do euro.
Desde meados de outubro, cresceram os sinais de preocupação das autoridades monetárias européias com o fortalecimento do euro. O próprio presidente do BCE, o francês Jean-Claude Trichet, classificou de "brutal" e "indesejada" a desvalorização.
"Eles terão que fazer algo. Já houve intervenção verbal, e os mercados parecem prontos para testar se há algo [de medida concreta] por trás das palavras", disse Michael Schubert, economista do alemão Commerzbank.
A saída para o BCE seria entrar no mercado para comprar dólares. Nos cinco anos de existência do euro, o banco europeu interveio só quatro vezes, no fim de 2000. Na ocasião, porém, a situação era inversa, e a autoridade monetária tentou valorizar o euro, que rumava ao recorde histórico de baixa de US$ 0,82.
O perigo de uma intervenção, porém, é o BCE falhar, o que faria a instituição perder credibilidade e poderia até acelerar a desvalorização da moeda americana.
Há, porém, quem diga acreditar em novas intervenções verbais do BCE antes de atos concretos. "Ainda não houve alertas suficientes desse tipo [verbais] para que o BCE possa tomar o próximo passo", afirmou Dorothea Huttanus, do DZ Bank.
Para essa "linha" de economistas, o uso de intervenções normalmente tem efeitos de curto prazo. Eles apontam a primeira intervenção do banco, em setembro de 2000, que não impediu o recorde de baixa no mês seguinte.
O Banco Central Europeu tem demonstrado preocupação em particular com a rapidez da valorização do euro, em detrimento de um patamar específico de alta. A razão é que mudanças bruscas tornam mais difíceis para os exportadores se ajustarem, seja por meio de reajustes de preços ou da adoção de novas estratégias.
Se optar pela intervenção, analistas dizem ser provável que o BCE o faça em movimento coordenado com o Banco do Japão (equivalente ao BC), para não correr o risco isoladamente.
O dólar recuou ontem ao menor valor em quatro anos e meio em relação à moeda japonesa e foi negociado a 103,65 ienes em Tóquio. Diversas autoridades na área financeira têm demonstrado inquietação sobre o enfraquecimento do dólar, que também afeta as exportações do país.
Os americanos, porém, já avisaram que não entrarão no mercado de câmbio. No início da semana, o secretário do Tesouro, John Snow, disse que, embora o governo Bush defenda um dólar forte, ele acredita que o mercado encontrará a cotação ideal.


Com agências internacionais

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