São Paulo, sexta-feira, 19 de novembro de 2004

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Acordo permite acesso de carnes argentinas no país

Argentina também reconhece a China como economia de mercado

SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES

Em troca da promessa de duplicar seu volume de exportações para a China (para US$ 7 bilhões anuais, em até cinco anos), a Argentina reconheceu ontem o país como economia de mercado.
O anúncio da decisão foi feito pela manhã pelo chefe-de-gabinete do presidente Néstor Kirchner, Alberto Fernández. Kirchner e o presidente chinês, Hu Jintao, estiveram juntos em Buenos Aires na última terça, mas não conseguiram concluir as negociações.
Na semana passada, o Brasil já havia reconhecido a China como economia de mercado, durante a visita de Hu ao país.
A Argentina pedia a liberação do mercado chinês para a exportação de carne bovina e de frango, até então vetadas por razões fitossanitárias. A China prometeu liberar, gradualmente, o mercado para as carnes argentinas.
Empresários têxteis, de calçados e de brinquedos haviam se manifestado contra o reconhecimento da China como economia de mercado. Representantes das médias empresas também divulgaram estimativa de crise, caso o mercado interno seja liberado para os produtos chineses, mais baratos.
Em seu discurso diante de Hu, na Casa Rosada, Kirchner afirmou que "não existem soluções mágicas". Ontem, Fernandez tentou acalmar o empresariado argentino. "Este governo sabe identificar quais são os setores sensíveis de sua economia e fará todo o possível para protegê-los", disse.
Na hora do anúncio, Hu cumpria agenda particular em Bariloche, antes de seguir para o Chile, onde participa da reunião da Apec (sigla em inglês para Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico). Kirchner viajou para o Chaco, no norte do país, para fazer um anúncio de investimento estatal em infra-estrutura.
Lá, afirmou que o acordo feito com a China "é muito bom", disse que está promovendo "a refundação da Argentina" e que o país "recupera a auto-estima". Ontem, o mercado falava em uma provável união de empresários brasileiros descontentes com o reconhecimento pelo país da China como economia de mercado com seus pares argentinos.
Atualmente, as exportações da Argentina para o país asiático estão concentradas em grão e óleo de soja, e as importações, em equipamentos.


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