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VIZINHO
País lança licitação para retomar títulos que estão nas mãos de investidores desde a renegociação da dívida, neste ano
Argentina recompra US$ 317 mi em papéis
FLÁVIA MARREIRO
DE BUENOS AIRES
O governo argentino anunciou
ontem que vai gastar até US$
317,9 milhões para recomprar títulos da dívida do país por meio
de licitação, que será aberta na
próxima terça-feira.
A operação de recompra só vale
para papéis renegociados e ativos
no mercado. Ou seja, o governo
não aceitará oferta de títulos velhos que estão na mão dos 24%
dos credores que ficaram fora da
proposta para sair da moratória.
Em dezembro de 2001, em meio
a uma grave crise econômica, a
Argentina suspendeu os pagamentos da dívida. Em fevereiro
deste ano, conseguiu que cerca de
76% de credores aceitassem trocar títulos velhos da dívida, com
pagamentos suspensos, por novos, com valor 70% menor. Em
junho, embora 24% tenham recusado a proposta, o governo anunciou ter saído do "default" e se nega a reabrir a negociação com
quem ficou de fora (há US$ 20 bilhões com esses credores).
A operação de recompra de títulos estava prevista no programa
de reestruturação da dívida. Por
ele, a Argentina se comprometia a
usar o "o excedente da capacidade
de pagamento" para readquirir os
papéis no mercado. Os US$ 317,9
milhões de "excedente" seriam
exatamente os destinados a pagar
os tais 24% dos credores.
Segundo informe do Ministério
da Economia, poderão participar
da licitação os credores que possuem 19 tipos de títulos. As propostas de venda de pessoas físicas
e jurídicas serão aceitas até 14h da
terça-feira. O governo decidirá se
aceita as taxas oferecidas ou não.
Como não é obrigado a comprar,
a expectativa é que consiga forçar
melhora das ofertas.
Ontem, em coletiva, o subsecretário de Financiamento, Sebastián Palla, sinalizou que a intenção do governo era mesmo esperar. "Há tempo de sobra para fazer várias licitações", afirmou.
Pelo previsto no programa de
renegociação, o governo tem de
usar os excedentes de caixa desde
2004 -de onde provém o dinheiro usado para a licitação de segunda-feira- até 2009.
Para o economista Santiago
López Alfaro, da Delphos Investment, a operação de recompra
não deve ter muito impacto no
mercado, já que era prevista.
Alfaro duvida, porém, que o
governo obtenha boas ofertas.
"Quem tem títulos argentinos hoje imagino que não vai querer
vender, já que estão rendendo
bem. O cenário para nós, dos
mercados emergentes, é bom",
aponta ele, que diz que a expectativa é que o governo volte a emitir
títulos da dívida em 2006.
O economista avalia que a recompra não aumentará a pressão
de credores que ficaram fora da
renegociação. "Não vejo possibilidade de reabertura de negociação
neste ano ou em 2006", disse.
Participarão da licitação os
papéis Boden 2007, 2008, 2012,
2013, 2014 e 2015 e os do tipo Discount cobrados em pesos e em
dólares, entre outros.
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