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Após forte oscilação, Bolsa de SP fecha em alta de 2,1%
Bovespa abre com valorização após intervenção do BCE, mas chega a cair 0,69%
Investidores se questionam se os US$ 500 bi ofertados
pela autoridade monetária européia não sinalizam
gravidade maior da crise
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Após muita oscilação, com
momentos de alta e de baixa, a
Bovespa acabou por encerrar
ontem com valorização de
2,12%, recuperando parte das
perdas de mais de 4% de segunda. O mesmo ocorreu no mercado norte-americano, onde a
Bolsa de Nova York subiu
0,50%, e a Nasdaq, 0,84%.
Os mercados acionários abriram com os investidores respondendo positivamente à intervenção bilionária do BCE
(Banco Central Europeu). Mas
as Bolsas logo esfriaram, passando a operar em terreno negativo. A Bovespa, que chegou a
subir 2,66% pela manhã, registrou queda de 0,69% no começo da tarde, para depois retomar a rota de alta.
Passada a boa impressão inicial, o mercado começou a se
questionar se os cerca de US$
500 bilhões ofertados pelo BCE
a juros abaixo do de mercado,
com a intenção de ampliar a
disponibilidade de crédito, não
seriam um indício de que a crise ainda é bastante grave e
preocupante.
Mário Battistel, diretor da
Fair Corretora, avalia que a
queda forte do mercado dos últimos dias elevou a "possibilidade de investidores se aproveitarem das baixas nos preços
e entrarem no mercado comprando", o que favoreceu o resultado final da Bovespa.
Nas operações de ontem, o
dólar terminou estável, a R$
1,813 -chegou a ser vendido a
R$ 1,798.
O mercado passou a lidar nos
últimos dias com dados que demonstraram pressões inflacionárias mais fortes que as previsões, tanto no Brasil quanto
nos Estados Unidos. Esse novo
cenário trouxe incertezas em
relação à possibilidade de a taxa
básica americana voltar a ser
cortada em janeiro. No Brasil,
surgiu o temor de que a taxa Selic, que está em 11,25% anuais,
seja elevada em 2008 devido à
alta dos preços e ao maior aquecimento da economia.
Um dos maiores medos do
mercado é que a economia
americana enfrente um período de recessão aliado a um processo de elevação dos índices
de inflação. Por sua vez, a Comissão Européia afirmou ontem que as perdas originadas
no mercado de crédito imobiliário americano prejudicarão o
crescimento da zona do euro
nos próximos trimestres.
As Bolsas tiveram fraco desempenho na Europa ontem.
Em Londres, a Bolsa registrou
leve alta de 0,02%; Frankfurt
subiu 0,32%, e Paris caiu 0,10%.
Na Bolsa de Tóquio, o índice
Nikkei recuou 0,27%.
Com as incertezas em relação aos impactos da crise do setor imobiliário de alto risco -o
"subprime"- dos EUA na economia real e nos resultados das
empresas, a expectativa é que
ainda haja muita oscilação nos
mercados globais.
Ontem, o Goldman Sachs
apresentou resultado melhor
que o esperado, de lucro líquido
de US$ 3,215 bilhões no trimestre encerrado em novembro,
mas mostrou-se cauteloso com
as perspectivas de curto prazo.
Assim, as ações da instituição
caíram 3,41% na Bolsa.
Os resultados dos grandes
bancos americanos e europeus
têm sido acompanhados com
muita atenção pelo mercado,
pois o setor já acumula perdas
bilionárias decorrentes da crise
hipotecária americana.
José Francisco Gonçalves,
economista-chefe do Banco
Fator, avalia que o mercado
tem reagido nos últimos dias a
diferentes fatores, como os surpreendentes índices de inflação e atividade no país e nos
EUA. "E o fim da CPMF acabou
por piorar o clima no mercado
brasileiro", diz.
"Esse cenário é tudo o que
quem gosta de volatilidade deseja", afirma Gonçalves.
O que operadores de corretoras têm notado é uma intensa
movimentação de estrangeiros
na Bovespa, que têm buscado
vender rapidamente algumas
ações para embolsar lucros.
Tanto que o saldo das operações desse grupo está positivo
em dezembro, mas tem decaído
um pouco. No dia 5, o balanço
dos negócios desse segmento
de investidores estava positivo
em R$ 1,17 bilhão. No último
dia 13, havia recuado para R$
875,7 milhões.
No pregão de ontem, as ações
das gigantes Petrobras e Vale,
que costumam ser muito compradas pelos estrangeiros, terminaram em alta.
As ações da Petrobras subiram 2,47% (ON) e 2,40% (PN).
O papéis da Vale avançaram
1,96% (PNA) e 1,32% (ON).
Apesar da alta de ontem, a
Bovespa está no vermelho no
acumulado do mês, com recuo
de 3,03%. No ano, tem valorização de 37,38%.
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