São Paulo, quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

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Após forte oscilação, Bolsa de SP fecha em alta de 2,1%

Bovespa abre com valorização após intervenção do BCE, mas chega a cair 0,69%

Investidores se questionam se os US$ 500 bi ofertados pela autoridade monetária européia não sinalizam gravidade maior da crise

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Após muita oscilação, com momentos de alta e de baixa, a Bovespa acabou por encerrar ontem com valorização de 2,12%, recuperando parte das perdas de mais de 4% de segunda. O mesmo ocorreu no mercado norte-americano, onde a Bolsa de Nova York subiu 0,50%, e a Nasdaq, 0,84%.
Os mercados acionários abriram com os investidores respondendo positivamente à intervenção bilionária do BCE (Banco Central Europeu). Mas as Bolsas logo esfriaram, passando a operar em terreno negativo. A Bovespa, que chegou a subir 2,66% pela manhã, registrou queda de 0,69% no começo da tarde, para depois retomar a rota de alta.
Passada a boa impressão inicial, o mercado começou a se questionar se os cerca de US$ 500 bilhões ofertados pelo BCE a juros abaixo do de mercado, com a intenção de ampliar a disponibilidade de crédito, não seriam um indício de que a crise ainda é bastante grave e preocupante.
Mário Battistel, diretor da Fair Corretora, avalia que a queda forte do mercado dos últimos dias elevou a "possibilidade de investidores se aproveitarem das baixas nos preços e entrarem no mercado comprando", o que favoreceu o resultado final da Bovespa.
Nas operações de ontem, o dólar terminou estável, a R$ 1,813 -chegou a ser vendido a R$ 1,798.
O mercado passou a lidar nos últimos dias com dados que demonstraram pressões inflacionárias mais fortes que as previsões, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Esse novo cenário trouxe incertezas em relação à possibilidade de a taxa básica americana voltar a ser cortada em janeiro. No Brasil, surgiu o temor de que a taxa Selic, que está em 11,25% anuais, seja elevada em 2008 devido à alta dos preços e ao maior aquecimento da economia.
Um dos maiores medos do mercado é que a economia americana enfrente um período de recessão aliado a um processo de elevação dos índices de inflação. Por sua vez, a Comissão Européia afirmou ontem que as perdas originadas no mercado de crédito imobiliário americano prejudicarão o crescimento da zona do euro nos próximos trimestres.
As Bolsas tiveram fraco desempenho na Europa ontem. Em Londres, a Bolsa registrou leve alta de 0,02%; Frankfurt subiu 0,32%, e Paris caiu 0,10%.
Na Bolsa de Tóquio, o índice Nikkei recuou 0,27%.
Com as incertezas em relação aos impactos da crise do setor imobiliário de alto risco -o "subprime"- dos EUA na economia real e nos resultados das empresas, a expectativa é que ainda haja muita oscilação nos mercados globais.
Ontem, o Goldman Sachs apresentou resultado melhor que o esperado, de lucro líquido de US$ 3,215 bilhões no trimestre encerrado em novembro, mas mostrou-se cauteloso com as perspectivas de curto prazo. Assim, as ações da instituição caíram 3,41% na Bolsa.
Os resultados dos grandes bancos americanos e europeus têm sido acompanhados com muita atenção pelo mercado, pois o setor já acumula perdas bilionárias decorrentes da crise hipotecária americana.
José Francisco Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, avalia que o mercado tem reagido nos últimos dias a diferentes fatores, como os surpreendentes índices de inflação e atividade no país e nos EUA. "E o fim da CPMF acabou por piorar o clima no mercado brasileiro", diz.
"Esse cenário é tudo o que quem gosta de volatilidade deseja", afirma Gonçalves.
O que operadores de corretoras têm notado é uma intensa movimentação de estrangeiros na Bovespa, que têm buscado vender rapidamente algumas ações para embolsar lucros.
Tanto que o saldo das operações desse grupo está positivo em dezembro, mas tem decaído um pouco. No dia 5, o balanço dos negócios desse segmento de investidores estava positivo em R$ 1,17 bilhão. No último dia 13, havia recuado para R$ 875,7 milhões.
No pregão de ontem, as ações das gigantes Petrobras e Vale, que costumam ser muito compradas pelos estrangeiros, terminaram em alta.
As ações da Petrobras subiram 2,47% (ON) e 2,40% (PN). O papéis da Vale avançaram 1,96% (PNA) e 1,32% (ON).
Apesar da alta de ontem, a Bovespa está no vermelho no acumulado do mês, com recuo de 3,03%. No ano, tem valorização de 37,38%.


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