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Fed aprova plano para empréstimos de risco
EDMUND L. ANDREWS
DAVID STOUT
DO "NEW YORK TIMES"
O Fed (Federal Reserve, o
banco central dos EUA) agiu
ontem para impor novas e severas restrições a práticas desleais e enganosas de empréstimos habitacionais, com o objetivo de impedir uma repetição
do colapso no mercado de crédito imobiliário de risco ("subprime") que ocorreu neste ano.
Por 5 votos a 0, o Fed aprovou um plano que reforça as
cláusulas de proteção aos devedores e as torna aplicáveis a
uma gama muito mais ampla de
financiamentos habitacionais
concedidos por bancos e do que
é o caso nas regras vigentes.
As regras propostas destacam o papel mais ativo que o
Fed está agora pronto a assumir na regulamentação de empréstimos. Isso representa
grande mudança ante a abordagem do órgão no passado.
Em linhas gerais, o objetivo
das regras é impedir que instituições de crédito inescrupulosas convençam pessoas de que
elas podem arcar com o custo
de empréstimos que, na verdade, deveriam estar fora de seu
alcance. Por extensão, as regras
também pretendem impedir
que os potenciais compradores
se iludam quanto à carga de dívidas que podem assumir.
"Nossa meta é promover empréstimos hipotecários responsáveis, em benefício dos consumidores individuais e da economia", disse Ben Bernanke, o
presidente do Fed. "Queremos
que os consumidores tomem
decisões sobre as opções de hipoteca residencial com confiança e sob a garantia de que
práticas hipotecárias inescrupulosas não serão toleradas."
O plano, que deve entrar em
vigor em 2008, após um período para possíveis revisões, inclui cláusulas que requerem
mais transparência nas informações prestadas aos devedores, restringem a publicidade e
tornam mais difícil a concessão
de empréstimos a devedores
com pouca ou nenhuma documentação e capacidade questionável de pagamento. Elas
também permitem que os devedores, sob certas circunstâncias, processem credores que
desrespeitaram as regras.
No passado, a instituição
sempre agiu com cautela quanto a empregar sua autoridade
de forma restritiva. As regras
haviam sido revisadas pela última vez em 2001.
"Práticas desleais e enganosas prejudicaram os consumidores e a integridade do mercado de hipotecas residenciais",
disse Randall Krozner, presidente de uma das unidades regionais do Fed.
"Nós escutamos com atenção
e desenvolvemos uma resposta
aos abusos, e em nossa opinião
ela facilitará as práticas responsáveis de empréstimos",
afirmou Krozner.
A onda de execuções de hipotecas vem abalando o mercado
de habitação dos EUA e ameaça
causar recessão econômica. O
boom do setor, que caracterizou os anos iniciais da década,
parece quase tão distante
quanto o das ações da tecnologia, mas suas conseqüências
podem ser muito mais graves.
Muitos compradores de casas atribuem seus problemas a
"juros provocantes" alardeados
para atrair clientes às chamadas "hipotecas balão". Quando
as taxas originais, e tentadoras,
de juros terminaram suplantadas pelos juros muito mais elevados previstos no contrato,
muitos dos proprietários já não
conseguiam manter em dia
seus pagamentos mensais.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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