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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Deflação é maior risco da economia mundial, diz Fator
O maior risco para a economia mundial é que os países desenvolvidos registrem deflação
no ano que vem. Se houver uma
queda generalizada dos preços,
os países ricos sofrerão uma recessão ainda mais profunda
que a atual e o Brasil terá uma
desaceleração do crescimento
mais brusca que a esperada pelos economistas.
A avaliação é de José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do banco Fator.
Para ele, a deflação nos Estados
Unidos é o pior cenário possível
para a crise econômica internacional. De acordo com Gonçalves, a probabilidade de isso
acontecer é de 50%.
"A deflação significa que o dinheiro vale mais amanhã do
que hoje. Então ninguém gasta
e a economia pára", afirma o
economista.
Para ele, a ação do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) de
reduzir a taxa básica de juro dos
Estados Unidos para quase zero mostra que o banco central
americano já está se antecipando a uma deflação.
Diante desse cenário, o economista considerou um erro a
decisão da última reunião do
Copom (Comitê de Política
Monetária) de manter a Selic
em 13,75% ao ano.
"Na hora em que cair a ficha
do Banco Central de que é preciso cortar os juros, também
poderemos estar em recessão.
Aí pode ser tarde demais."
A projeção do Fator é que o
Brasil cresça 2,5% em 2009 e
que a inflação no país fique entre 5% e 5,5%. Para o último trimestre deste ano e para o primeiro do ano que vem, a expectativa do banco é que o crescimento do PIB do país fique perto de zero, podendo variar para
mais ou para menos.
Já para os Estados Unidos e
para alguns países europeus,
Gonçalves projeta uma queda
no PIB de 2009 de cerca de 1%.
De acordo com ele, esse países
devem arrastar seus vizinhos
mais próximos e países com
forte dependência comercial
para uma recessão, como México e Canadá.
Já os países com maior grau
de diversificação no comércio
exterior e com o mercado interno mais forte, como Brasil, Índia e China, têm grandes chances de evitar a recessão, afirma.
Segundo ele, o restabelecimento do crédito acontecerá
na medida em que os ativos podres forem reconhecidos e lançados como prejuízo nos balanços dos bancos.
"Só depois disso é que a confiança será retomada. A liquidez dos bancos vai voltar, mas
em outro patamar, que será
mais tímido", diz Gonçalves.
Para o economista-chefe do
banco Fator, o cenário de incertezas continuará forte em 2009
e a recuperação da economia
mundial começará apenas em
meados de 2010.
POR DENTRO
A grife de lingerie Duloren não espera reduções muito significativas em suas vendas para 2009 por conta da crise.
Mas a empresa já adotou medidas para driblar o novo cenário. A Duloren vai suspender por completo as importações.
Em 2007, as matérias-primas trazidas de fora do país chegavam a 30% do total. Outra estratégia da empresa será privilegiar as cores clássicas e produzir peças mais comerciais.
"Em tempo de crise, teoricamente as pessoas vão usar mais
produtos tradicionais e menos peças de moda", afirma Roni
Argalji, presidente da Duloren.
LCA espera que Copom corte juro em março
A LCA Consultores avalia
que o Banco Central deve começar um ciclo de corte na
taxa básica de juros na reunião do Copom (Comitê de
Política Monetária) de março do ano que vem.
A conclusão está em relatório de ontem da consultoria, que faz uma análise da
ata da reunião da semana
passada do Copom, que decidiu pela manutenção da Selic
em 13,75% ao ano.
"Mesmo considerando
que a influência da crise externa sobre o comportamento do câmbio permanece como fator de incerteza e risco,
o Banco Central descarta retomar o ciclo de aperto monetário", afirma a LCA.
Para a consultoria, o Banco
Central deve reagir aos indicadores de desaceleração da
economia internacional e
brasileira com cortes de juros na reunião de março do
ano que vem. "Continuamos
a avaliar que, em um contexto de esfriamento agudo da
atividade econômica, a redução da Selic deverá ser retomada, em ritmo cauteloso, a
partir de março."
No entanto, a LCA não
descarta que o Copom antecipe os cortes nos juros.
Tintas de desaceleram em 2009
A indústria de tintas, cujas
vendas devem fechar 2008 com
alta de 8%, vai encontrar um
cenário bem diferente em
2009. Dilson Ferreira, presidente da Abrafati (associação
de fabricantes de tintas), diz
que todos os segmentos da indústria de tintas tiveram bom
resultado em 2008.
Mas muitos dos motivos que
puxaram a indústria não irão
aparecer em 2009. O crescimento previsto para o próximo
ano é de 2%.
Segundo Ferreira, a tinta
imobiliária deve ser o segmento de melhor desempenho, desde que o governo ajude com
medidas para estimular o crédito e o consumo.
"Estamos contando com o
estímulo governamental à habitação social, à construção civil e aos projetos de infra-estrutura, além do incentivo ao consumo, que repercutem nas vendas de tintas", afirma.
DOIS EM UM
A Gávea Investimentos e a Unibanco Seguros lançaram neste mês, em parceria, dois
novos fundos de previdência privada. A proposta é reunir os benefícios fiscais dos fundos de previdência com as vantagens dos
fundos multimercados. "Achamos que fazia
todo sentido oferecer esses produtos ao mercado", diz Daniel Fuks, da Gávea.
ALMOÇO
A ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil) participou ontem
de um almoço na Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base).
Antes, ela teve uma conversa
com um grupo peso pesado de
empresários brasileiros. Entre
eles, Paulo Godoy , Fabio Barbosa, Josué Gomes da Silva,
Marcelo Odebrecht, Horacio
Lafer Piva e Jorge Gerdau. Foi
um encontro fechado.
BATERIA
A TAM é uma das primeiras
companhias aéreas a utilizar
um rebocador elétrico para o
transporte de bagagens em solo
no Brasil. O objetivo da empresa é adotar um equipamento
mais adequado ao ambiente e
promover economia de recursos, tanto em diesel quanto em
insumos de manutenção. O veículo, usado para puxar as carretas das malas na pista do aeroporto, é movido a bateria.
SOBRA
A siderúrgica ArcelorMittal
Aços Longos registrou um faturamento de R$ 22 milhões neste ano com a comercialização
de 138 mil toneladas de resíduos industriais por mês. O co-produto mais vendido foi a escória de alto-forno, com 360
mil toneladas negociadas no
ano, o que corresponde a 66%
da receita total obtida com resíduos pela ArcelorMittal Aços
Longos. Os principais compradores do produto são os fabricantes de cimento de Minas
Gerais.
BATE-BOLA
A Umbro do Brasil, marca inglesa focada em futebol, ainda
prevê crescer 15% em 2009. A
expectativa está baseada na expansão das vendas das linhas
de confecções, equipamentos e
bolas, sendo que o futsal é o gênero que mais atrai no país,
chegando a representar cerca
de 50% das vendas de calçados,
principal categoria da companhia. O Brasil, que está entre os
oito mercados mais importantes da Umbro no mundo, deve
receber incremento na verba
de marketing para 2009.
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