São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Deflação é maior risco da economia mundial, diz Fator

O maior risco para a economia mundial é que os países desenvolvidos registrem deflação no ano que vem. Se houver uma queda generalizada dos preços, os países ricos sofrerão uma recessão ainda mais profunda que a atual e o Brasil terá uma desaceleração do crescimento mais brusca que a esperada pelos economistas.
A avaliação é de José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do banco Fator. Para ele, a deflação nos Estados Unidos é o pior cenário possível para a crise econômica internacional. De acordo com Gonçalves, a probabilidade de isso acontecer é de 50%.
"A deflação significa que o dinheiro vale mais amanhã do que hoje. Então ninguém gasta e a economia pára", afirma o economista.
Para ele, a ação do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) de reduzir a taxa básica de juro dos Estados Unidos para quase zero mostra que o banco central americano já está se antecipando a uma deflação.
Diante desse cenário, o economista considerou um erro a decisão da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) de manter a Selic em 13,75% ao ano.
"Na hora em que cair a ficha do Banco Central de que é preciso cortar os juros, também poderemos estar em recessão. Aí pode ser tarde demais."
A projeção do Fator é que o Brasil cresça 2,5% em 2009 e que a inflação no país fique entre 5% e 5,5%. Para o último trimestre deste ano e para o primeiro do ano que vem, a expectativa do banco é que o crescimento do PIB do país fique perto de zero, podendo variar para mais ou para menos.
Já para os Estados Unidos e para alguns países europeus, Gonçalves projeta uma queda no PIB de 2009 de cerca de 1%. De acordo com ele, esse países devem arrastar seus vizinhos mais próximos e países com forte dependência comercial para uma recessão, como México e Canadá.
Já os países com maior grau de diversificação no comércio exterior e com o mercado interno mais forte, como Brasil, Índia e China, têm grandes chances de evitar a recessão, afirma.
Segundo ele, o restabelecimento do crédito acontecerá na medida em que os ativos podres forem reconhecidos e lançados como prejuízo nos balanços dos bancos.
"Só depois disso é que a confiança será retomada. A liquidez dos bancos vai voltar, mas em outro patamar, que será mais tímido", diz Gonçalves.
Para o economista-chefe do banco Fator, o cenário de incertezas continuará forte em 2009 e a recuperação da economia mundial começará apenas em meados de 2010.

POR DENTRO

A grife de lingerie Duloren não espera reduções muito significativas em suas vendas para 2009 por conta da crise. Mas a empresa já adotou medidas para driblar o novo cenário. A Duloren vai suspender por completo as importações. Em 2007, as matérias-primas trazidas de fora do país chegavam a 30% do total. Outra estratégia da empresa será privilegiar as cores clássicas e produzir peças mais comerciais. "Em tempo de crise, teoricamente as pessoas vão usar mais produtos tradicionais e menos peças de moda", afirma Roni Argalji, presidente da Duloren.

LCA espera que Copom corte juro em março

A LCA Consultores avalia que o Banco Central deve começar um ciclo de corte na taxa básica de juros na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) de março do ano que vem.
A conclusão está em relatório de ontem da consultoria, que faz uma análise da ata da reunião da semana passada do Copom, que decidiu pela manutenção da Selic em 13,75% ao ano.
"Mesmo considerando que a influência da crise externa sobre o comportamento do câmbio permanece como fator de incerteza e risco, o Banco Central descarta retomar o ciclo de aperto monetário", afirma a LCA.
Para a consultoria, o Banco Central deve reagir aos indicadores de desaceleração da economia internacional e brasileira com cortes de juros na reunião de março do ano que vem. "Continuamos a avaliar que, em um contexto de esfriamento agudo da atividade econômica, a redução da Selic deverá ser retomada, em ritmo cauteloso, a partir de março."
No entanto, a LCA não descarta que o Copom antecipe os cortes nos juros.

Tintas de desaceleram em 2009

A indústria de tintas, cujas vendas devem fechar 2008 com alta de 8%, vai encontrar um cenário bem diferente em 2009. Dilson Ferreira, presidente da Abrafati (associação de fabricantes de tintas), diz que todos os segmentos da indústria de tintas tiveram bom resultado em 2008. Mas muitos dos motivos que puxaram a indústria não irão aparecer em 2009. O crescimento previsto para o próximo ano é de 2%. Segundo Ferreira, a tinta imobiliária deve ser o segmento de melhor desempenho, desde que o governo ajude com medidas para estimular o crédito e o consumo. "Estamos contando com o estímulo governamental à habitação social, à construção civil e aos projetos de infra-estrutura, além do incentivo ao consumo, que repercutem nas vendas de tintas", afirma.

DOIS EM UM
A Gávea Investimentos e a Unibanco Seguros lançaram neste mês, em parceria, dois novos fundos de previdência privada. A proposta é reunir os benefícios fiscais dos fundos de previdência com as vantagens dos fundos multimercados. "Achamos que fazia todo sentido oferecer esses produtos ao mercado", diz Daniel Fuks, da Gávea.

ALMOÇO
A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) participou ontem de um almoço na Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base). Antes, ela teve uma conversa com um grupo peso pesado de empresários brasileiros. Entre eles, Paulo Godoy , Fabio Barbosa, Josué Gomes da Silva, Marcelo Odebrecht, Horacio Lafer Piva e Jorge Gerdau. Foi um encontro fechado.

BATERIA
A TAM é uma das primeiras companhias aéreas a utilizar um rebocador elétrico para o transporte de bagagens em solo no Brasil. O objetivo da empresa é adotar um equipamento mais adequado ao ambiente e promover economia de recursos, tanto em diesel quanto em insumos de manutenção. O veículo, usado para puxar as carretas das malas na pista do aeroporto, é movido a bateria.

SOBRA
A siderúrgica ArcelorMittal Aços Longos registrou um faturamento de R$ 22 milhões neste ano com a comercialização de 138 mil toneladas de resíduos industriais por mês. O co-produto mais vendido foi a escória de alto-forno, com 360 mil toneladas negociadas no ano, o que corresponde a 66% da receita total obtida com resíduos pela ArcelorMittal Aços Longos. Os principais compradores do produto são os fabricantes de cimento de Minas Gerais.

BATE-BOLA
A Umbro do Brasil, marca inglesa focada em futebol, ainda prevê crescer 15% em 2009. A expectativa está baseada na expansão das vendas das linhas de confecções, equipamentos e bolas, sendo que o futsal é o gênero que mais atrai no país, chegando a representar cerca de 50% das vendas de calçados, principal categoria da companhia. O Brasil, que está entre os oito mercados mais importantes da Umbro no mundo, deve receber incremento na verba de marketing para 2009.


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