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Medo de bancos ameaça infra-estrutura, diz governo
Dilma afirma que a falta de crédito é efeito do medo
DA REPORTAGEM LOCAL
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, reconheceu ontem que os projetos de
infra-estrutura podem estar
com problemas para o fechamento das operações de financiamento de longo prazo, mas
atribuiu a posição de restrição
de crédito ao ambiente de medo existente hoje na economia.
"Os bancos estão temerosos
porque as formas de transmissão da crise foram a escassez de
crédito e o medo."
A Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base) afirma que R$
220 bilhões em projetos já licitados e contratados aguardam
financiamentos para oferta de
garantias e a estruturação financeira de longo prazo. Paulo
Godoy, presidente da Abdib,
sugeriu um "pente-fino" e a
priorização de obras que representem mais impacto do ponto
de vista econômico e social.
Em resposta, a ministra disse
que o governo prepara medidas
que irão desonerar investimentos para sustentação de quatro
pilares para o crescimento econômico: o PAC, o programa de
mobilidade urbana (com aportes na infra-estrutura de transporte), construção de habitações de interesse social e o pré-sal.
Segundo a ministra, o governo tenta, neste momento, demonstrar uma perspectiva diferente e dinâmica da economia brasileira. "Quando a gente
faz essa força para mostrar que
a expectativa é favorável, é para
que o medo não contamine o
Brasil. O medo pode levar a decisões incorretas", disse.
A uma platéia de 500 empresários, a ministra tentou mostrar a diferença entre as crises
que afetaram o Brasil nos anos
90 e a atual. Segundo ela, as reservas cambiais, a solidez bancária, a estabilidade econômica
e o programa de investimentos
em infra-estrutura dão ao país
um horizonte mais favorável
para a retomada da economia
quando a crise passar.
Para demonstrar confiança,
Dilma anunciou que apresentará hoje ao presidente Lula um
novo conjunto de obras que serão inseridos no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). São projetos já prontos
para serem concedidos ou licitados, entre os quais rodovias,
portos e saneamento, disse. Ela
não detalhou quais.
Segundo Godoy, o governo
precisa ampliar os recursos para financiamento de longo prazo, hoje restritos ao BNDES, ao
FI-FGTS (Fundo de Investimento do Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço) e alguns
instrumentos de captação de
recursos para o setor. "É preciso criar instrumentos ou reforçar esses que já estão aí", afirmou Godoy.
Madeira
A ministra disse que conversou ontem com o presidente do
BNDES, Luciano Coutinho, sobre a redução do nível de financiamento da usina hidrelétrica
de Santo Antônio, no rio Madeira, de 70% para 60%. "Não
aconteceu nada com o Madeira.
O que o Luciano Coutinho me
disse foi que a redução de 70%
para 60% foi acertada com os
grupos", disse. Ela afirmou ainda que conversou com um dos
sócios da Mesa (Madeira Energia S.A.), empreendedor responsável pela usina de Santo
Antônio, e que obteve a garantia de que "não há problema de
financiamento".
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