São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mundo terá 1ª retração em mais de 50 anos

Economia global recuará 0,4%, PIB dos EUA diminuirá 1,3% e Brasil se expandirá em 1,5%, prevê Instituto de Finanças Internacionais

Entidade que reúne os 400 maiores bancos do mundo destaca, em seu relatório, relutância da América Latina em cortar as taxas de juros

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

A economia mundial entrará em recessão em 2009 ao sofrer contração em seu crescimento, a primeira em mais de meio século. O PIB global cairá 0,4%, ante 2% positivos previstos para 2008, e o dos EUA se retrairá em 1,3%, ante 1,2% de avanço esperado para este ano.
A previsão, do IIF ( Instituto de Finanças Internacionais, na sigla em inglês), que reúne 400 instituições financeiras internacionais, foi divulgada ontem e reforça o clima de pessimismo reinante na comunidade financeira para o próximo ano.
As chamadas "economias maduras" recuarão 1,4%, puxadas pela queda dos EUA, mas também pelas da zona do euro (1,5%) e do Japão (1,2%). Já as emergentes terão crescimento de 3,1%, alavancadas principalmente pela China (6,5%) e pela Índia (5%). Diferentemente do esperado para este ano, no entanto, esse crescimento não será suficiente para manter o PIB mundial no positivo.
A entidade, espécie de Fiesp da banca que reúne os 400 maiores bancos comerciais e de investimento do mundo, revisou para baixo as suas expectativas para o ano que vem. Assim como as previsões periódicas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e as de outras entidades, as do IIF são revisadas conforme novos dados da economia são divulgados e estão longe de serem imunes a erros.
Ainda assim, refletem o estado de ânimo dos gerentes do dinheiro do mundo, atores da pior crise financeira da história recente. "O enfraquecimento da atividade econômica e as grandes pressões sobre o mercado financeiro alimentam um ao outro e são reforçados pela sincronização mundial da desaceleração", diz Charles Dallara, o diretor-gerente do IIF.
"No lado positivo, as autoridades na América do Norte, na Europa e no Japão estão plenamente conscientes do tamanho da crise, da necessidade de medidas para contê-la e do imperativo da coordenação global de políticas", afirmou.
Para a América Latina, o prognóstico é um crescimento modesto, de 1%, depois dos 5,3% de 2006 e dos 5,4% de 2007 e a previsão de 4,5% para o ano que termina. Dois latino-americanos entrarão no campo negativo, diz o IIF: a Argentina, com 0,4%, uma das maiores quedas nos países em geral, depois dos esperados 6,5% de 2008, e o México, com 0,5%.
Para o Brasil, o cenário para o ano que vem é um pouco melhor na comparação com os dois países, mas ainda assim pífio. A economia deve crescer 1,5% em 2009, dizem os banqueiros, que projetam um salto de 5,5% para este ano.
No capítulo destinado às economias emergentes, o IIF diz que há um contraste evidente entre a política agressiva de redução de juros adotada pela Ásia e a relutância nesse tipo de ação na América Latina. A taxa básica da economia brasileira, a Selic, é hoje de 13,75%, uma das mais altas do mundo.
Cita ainda a dependência de financiamento externo como problema para a segunda região. "No caso da América Latina, muitas corporações encaram agora desafios importantes na rolagem de seus débitos externos", diz o documento.
"Em contraste, o alto índice de poupança doméstica da Ásia e a falta de dependência em financiamento externo ajudam nesses tempos de pressão."
O IIF estima que o prejuízo dos bancos que representa com a crise foi de US$ 1 trilhão desde 2007. Afirma ainda que as entidades levantaram US$ 930 bilhões desde o meio do ano passado, sendo que mais de um terço veio dos cofres públicos.


Texto Anterior: Fundador da Parmalat é condenado a dez anos de prisão pela Justiça italiana
Próximo Texto: Cepal vê avanço menor da AL em 2009 e crescimento de 2,1% para o Brasil
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.