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Mundo terá 1ª retração em mais de 50 anos
Economia global recuará 0,4%, PIB dos EUA diminuirá 1,3% e Brasil se expandirá em 1,5%, prevê Instituto de Finanças Internacionais
Entidade que reúne os 400 maiores bancos do mundo destaca, em seu relatório, relutância da América Latina em cortar as taxas de juros
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
A economia mundial entrará
em recessão em 2009 ao sofrer
contração em seu crescimento,
a primeira em mais de meio século. O PIB global cairá 0,4%,
ante 2% positivos previstos para 2008, e o dos EUA se retrairá
em 1,3%, ante 1,2% de avanço
esperado para este ano.
A previsão, do IIF ( Instituto
de Finanças Internacionais, na
sigla em inglês), que reúne 400
instituições financeiras internacionais, foi divulgada ontem
e reforça o clima de pessimismo reinante na comunidade financeira para o próximo ano.
As chamadas "economias
maduras" recuarão 1,4%, puxadas pela queda dos EUA, mas
também pelas da zona do euro
(1,5%) e do Japão (1,2%). Já as
emergentes terão crescimento
de 3,1%, alavancadas principalmente pela China (6,5%) e pela
Índia (5%). Diferentemente do
esperado para este ano, no entanto, esse crescimento não será suficiente para manter o PIB
mundial no positivo.
A entidade, espécie de Fiesp
da banca que reúne os 400
maiores bancos comerciais e de
investimento do mundo, revisou para baixo as suas expectativas para o ano que vem. Assim
como as previsões periódicas
do Fundo Monetário Internacional (FMI) e as de outras entidades, as do IIF são revisadas
conforme novos dados da economia são divulgados e estão
longe de serem imunes a erros.
Ainda assim, refletem o estado de ânimo dos gerentes do dinheiro do mundo, atores da
pior crise financeira da história
recente. "O enfraquecimento
da atividade econômica e as
grandes pressões sobre o mercado financeiro alimentam um
ao outro e são reforçados pela
sincronização mundial da desaceleração", diz Charles Dallara, o diretor-gerente do IIF.
"No lado positivo, as autoridades na América do Norte, na
Europa e no Japão estão plenamente conscientes do tamanho
da crise, da necessidade de medidas para contê-la e do imperativo da coordenação global de
políticas", afirmou.
Para a América Latina, o
prognóstico é um crescimento
modesto, de 1%, depois dos
5,3% de 2006 e dos 5,4% de
2007 e a previsão de 4,5% para
o ano que termina. Dois latino-americanos entrarão no campo
negativo, diz o IIF: a Argentina,
com 0,4%, uma das maiores
quedas nos países em geral, depois dos esperados 6,5% de
2008, e o México, com 0,5%.
Para o Brasil, o cenário para o
ano que vem é um pouco melhor na comparação com os
dois países, mas ainda assim pífio. A economia deve crescer
1,5% em 2009, dizem os banqueiros, que projetam um salto
de 5,5% para este ano.
No capítulo destinado às economias emergentes, o IIF diz
que há um contraste evidente
entre a política agressiva de redução de juros adotada pela
Ásia e a relutância nesse tipo de
ação na América Latina. A taxa
básica da economia brasileira, a
Selic, é hoje de 13,75%, uma das
mais altas do mundo.
Cita ainda a dependência de
financiamento externo como
problema para a segunda região. "No caso da América Latina, muitas corporações encaram agora desafios importantes na rolagem de seus débitos
externos", diz o documento.
"Em contraste, o alto índice
de poupança doméstica da Ásia
e a falta de dependência em financiamento externo ajudam
nesses tempos de pressão."
O IIF estima que o prejuízo
dos bancos que representa com
a crise foi de US$ 1 trilhão desde 2007. Afirma ainda que as
entidades levantaram US$ 930
bilhões desde o meio do ano
passado, sendo que mais de um
terço veio dos cofres públicos.
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