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Banco público cobra juros menores
Em 2008, pela primeira vez em 8 anos, instituições públicas ofereceram taxas inferiores às do setor privado
Pesquisa é feita pelo BC desde 2001; pressão do governo federal fez com que bancos estatais ampliassem oferta de crédito e cortassem juros
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As pressões do governo federal sobre os bancos públicos para aumentar o crédito e reduzir
os juros fizeram com que essas
instituições passassem a cobrar, pela primeira vez em oito
anos, taxas menores do que os
bancos privados.
De acordo com o "Relatório
de Economia Bancária e Crédito" do Banco Central, tradicionalmente os bancos públicos
praticam taxas de juros e
"spreads" superiores aos dos
privados, apesar de captarem
dinheiro mais barato e lucrarem menos com isso.
Segundo o BC, isso se deve ao
perfil dos empréstimos dessas
instituições, que têm um número maior de operações de
pequeno valor, com custo administrativo unitário maior
comparativamente ao dos bancos privados.
Em 2008, no entanto, o avanço dessas instituições no crédito fez com que essas contas se
invertessem. No ano passado,
pela primeira vez nesses oito
anos (período em que a pesquisa é feita), o "spread" e o lucro
dos bancos privados superaram os dos bancos públicos.
Essa política se aprofundou
em 2009, inclusive com alterações no comando da maior instituição financeira do país, o
Banco do Brasil, que ganhou
um novo presidente e nova diretoria mais afinados com as
diretrizes do seu controlador.
Segundo o BC, os dados mostram uma reação "mais moderada" dos bancos públicos frente à crise financeira internacional, em relação ao aumento dos
juros, o que seguiu essa orientação do governo para manter o
funcionamento da economia.
"Com essas respostas diferenciadas [à crise], os spreads
praticados pelos bancos públicos se posicionaram em 2008,
pela primeira vez no período
2001/2008, abaixo dos praticados pelos bancos privados",
afirma o BC.
Apesar desses efeitos da crise
sobre os bancos públicos, o lucro gerado pelo "spread" aumentou para todas as instituições, independentemente de o
seu controlador ser privado ou
público. Ou seja, mesmo cobrando menos, os bancos públicos encontraram espaço para aumentar os ganhos com
crédito e não repassaram tudo
o que poderiam ao consumidor.
Diante disso, o BC recomenda que se adotem políticas para
ampliar a concorrência no setor, que registrou aumento na
concentração no último ano. "A
parcela atribuída ao item que
tem entre seus componentes a
margem de lucro se apresenta
relevante, quer para bancos
privados, quer para públicos.
Políticas voltadas para fomentar a concorrência no segmento
bancário potencialmente podem induzir uma redução dos
"spreads'", diz o BC.
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