São Paulo, sábado, 19 de dezembro de 2009

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Banco público cobra juros menores

Em 2008, pela primeira vez em 8 anos, instituições públicas ofereceram taxas inferiores às do setor privado

Pesquisa é feita pelo BC desde 2001; pressão do governo federal fez com que bancos estatais ampliassem oferta de crédito e cortassem juros

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As pressões do governo federal sobre os bancos públicos para aumentar o crédito e reduzir os juros fizeram com que essas instituições passassem a cobrar, pela primeira vez em oito anos, taxas menores do que os bancos privados.
De acordo com o "Relatório de Economia Bancária e Crédito" do Banco Central, tradicionalmente os bancos públicos praticam taxas de juros e "spreads" superiores aos dos privados, apesar de captarem dinheiro mais barato e lucrarem menos com isso.
Segundo o BC, isso se deve ao perfil dos empréstimos dessas instituições, que têm um número maior de operações de pequeno valor, com custo administrativo unitário maior comparativamente ao dos bancos privados.
Em 2008, no entanto, o avanço dessas instituições no crédito fez com que essas contas se invertessem. No ano passado, pela primeira vez nesses oito anos (período em que a pesquisa é feita), o "spread" e o lucro dos bancos privados superaram os dos bancos públicos.
Essa política se aprofundou em 2009, inclusive com alterações no comando da maior instituição financeira do país, o Banco do Brasil, que ganhou um novo presidente e nova diretoria mais afinados com as diretrizes do seu controlador.
Segundo o BC, os dados mostram uma reação "mais moderada" dos bancos públicos frente à crise financeira internacional, em relação ao aumento dos juros, o que seguiu essa orientação do governo para manter o funcionamento da economia.
"Com essas respostas diferenciadas [à crise], os spreads praticados pelos bancos públicos se posicionaram em 2008, pela primeira vez no período 2001/2008, abaixo dos praticados pelos bancos privados", afirma o BC.
Apesar desses efeitos da crise sobre os bancos públicos, o lucro gerado pelo "spread" aumentou para todas as instituições, independentemente de o seu controlador ser privado ou público. Ou seja, mesmo cobrando menos, os bancos públicos encontraram espaço para aumentar os ganhos com crédito e não repassaram tudo o que poderiam ao consumidor.
Diante disso, o BC recomenda que se adotem políticas para ampliar a concorrência no setor, que registrou aumento na concentração no último ano. "A parcela atribuída ao item que tem entre seus componentes a margem de lucro se apresenta relevante, quer para bancos privados, quer para públicos. Políticas voltadas para fomentar a concorrência no segmento bancário potencialmente podem induzir uma redução dos "spreads'", diz o BC.


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