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Bancos têm R$ 5,6 bi para pagar a poupadores
Dados do BC mostram que dinheiro
pode pagar cerca de 600 mil processos
Até abril deste ano, os bancos já pagaram cerca
de R$ 2,9 bilhões a 480 mil poupadores, ou seja, média de R$ 6.042 para cada um
PAULO MUZZOLON
DO "AGORA"
Os bancos têm reservados
quase R$ 5,6 bilhões para pagar
cerca de 600 mil processos de
revisão das cadernetas de poupança devido às perdas ocorridas durante os planos econômicos dos anos 80 e 90.
Os dados estão em documento enviado pelo Banco Central,
no último dia 12 de novembro, à
Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados, que discute as perdas sofridas pelos poupadores devido
aos planos econômicos. O pedido de esclarecimento foi feito
pelo Idec (Instituto Brasileiro
de Defesa do Consumidor). Segundo o BC, os dados têm como
referência abril deste ano.
De acordo com o documento,
os bancos já pagaram, até aquela data, 480 mil processos de
poupadores, que receberam
quase R$ 2,9 bilhões -média
de R$ 6.042 para cada um.
As revisões ocorrem devido
às perdas na poupança na época dos planos Bresser (julho de
87), Verão (fevereiro de 89),
Collor 1 (maio e junho de 90) e
Collor 2 (fevereiro de 91). As
duas primeiras têm revisão garantida. A do Collor 1 ainda não
tem entendimento unificado
na Justiça. A do Collor 2 é a que
tem menos chance de ganho.
Os bancos que têm reservado
o maior valor para pagamentos
são a Caixa Econômica Federal
(R$ 1,1 bilhão) e Nossa Caixa e
Itaú (R$ 1 bilhão cada um). Veja
no quadro (no alto) quanto cada instituição tem separado.
Os números foram solicitados pelo Idec para que o BC explicasse a origem da previsão
de R$ 105,9 bilhões de gasto
que as ações poderiam causar
às instituições financeiras -a
previsão é do próprio BC.
As entidades afirmam que, se
os processos continuarem, coloca-se em risco tanto a liquidez dos bancos quanto a saúde
do sistema financeiro.
"O que os bancos dizem não
se sustenta. Eles já pagaram
quase R$ 2,9 bilhões e têm dinheiro reservado para pagar
outros R$ 5,6 bilhões, sem risco
nenhum para o sistema", diz a
gerente jurídica do Idec, Maria
Elisa Novais.
O BC não comentou, mas seu
relatório afirma que a cifra
identifica, "ainda que de modo
aproximado, o impacto das
ações relativas aos planos". Ou
seja, o estudo considerou os
gastos que os bancos teriam se
todas as poupanças da época
dos planos fossem revistas, e
não apenas as dos clientes que
foram à Justiça. "Mas nem todo
mundo vai à Justiça, e não é
mais possível entrar com uma
ação sobre os planos Bresser e
Verão, porque o prazo já acabou", diz a advogada.
Medo das coletivas
Segundo a assessoria de imprensa da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), as
instituições temem o resultado
das ações coletivas ou civis públicas. Esses processos, em
muitos casos, pedem que sejam
revistas todas as poupanças em
um determinado Estado.
Se essas ações forem julgadas
procedentes e os bancos forem
obrigados a rever todas as poupanças, afirma a Febraban, o
total pode chegar aos R$ 105,9
bilhões estimados pelo BC.
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