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Renda resiste à crise e mantém ritmo de aumento de 2008
Reajuste real do mínimo e inflação mais baixa permitem
manutenção da alta do poder de compra neste ano, diz IBGE
Taxa média de desemprego
até novembro fica em 8,2%,
similar à de 8% verificada em
2008; para especialistas,
consumo sustentou mercado
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Num ano em que o mundo
ruiu diante da maior crise em
80 anos, o mercado de trabalho
das seis principais regiões metropolitanas do país sustentou
uma taxa de desemprego similar à de 2008: 8,2% na média de
janeiro a novembro, pouco acima dos 8% do mesmo período
do ano passado.
Divulgados ontem pelo IBGE, os dados da Pesquisa Mensal de Emprego revelam ainda
que os trabalhadores viram seu
poder de compra crescer neste
ano no mesmo ritmo de 2008,
graças ao reajuste real do salário mínimo e à inflação menor.
Se o emprego sentiu mais a
crise e perdeu um pouco de fôlego, o mesmo não ocorreu com
o rendimento, que cresceu
3,4% e repetiu exatamente o
desempenho de 2008.
Em novembro, o rendimento
subiu 2,2% ante o mesmo mês
de 2008, mas recuou ligeiramente (0,1%) em relação a outubro. Já a taxa de desemprego
cedeu ligeiramente: de 7,5% em
outubro para 7,4% em novembro -variação estatisticamente estável para o IBGE. Foi a
menor marca em todos os meses de novembro desde 2002,
quando teve início a série da
atual pesquisa.
Para especialistas, o mercado
de trabalho se portou melhor
do que o previsto e foi sustentado pela expansão do consumo,
estimulado pelo governo durante a crise com corte de impostos e outras medidas.
"Se não fosse a manutenção
do nível de atividade do mercado interno, seria muito pior.
Todas as previsões apontavam
perdas maiores de emprego,
que não se confirmaram", diz
Taís Marzola Zara, economista
da Rosenberg & Associados.
Já Cimar Azeredo Pereira,
gerente da pesquisa do IBGE,
avalia que a crise abortou uma
evolução natural do mercado
de trabalho, cuja tendência seria de avanço do emprego, da
renda e da formalização na esteira do crescimento econômico previsto -que não se confirmou e tende a ser nulo no ano.
"O principal impacto da crise
foi o de estancar a melhora que
se esperava para o mercado de
trabalho", disse Pereira.
Ambos concordam, porém,
que o rendimento se manteve
firme diante da crise, graças,
especialmente, ao reajuste real
do salário mínimo.
Segundo a LCA, a massa de
rendimentos repetiu a tendência de meses anteriores e subiu
3% ante novembro de 2008. Na
média de 2009 (janeiro a novembro), a alta foi de 4,1%.
O indicador se manterá
aquecido e será, diz Zara, o
grande impulso para o consumo neste final de ano e em 2010
e um dos principais ingredientes para o bom desempenho
previsto da economia no ano
que vem.
Na visão de Zara, a composição do emprego -com demissão de trabalhadores menos
qualificados e de renda menor- também ajudou a impulsionar o rendimento.
Serviços
Para Fábio Romão, da LCA, o
grande destaque na geração de
postos de trabalho neste ano foi
o setor de serviços -o de maior
peso no emprego e responsável
neste ano por ainda algum dinamismo da economia.
De acordo com a LCA, o consolidado de todos os serviços
cresceu sempre acima da média e compensou em parte as
perdas da indústria e de outros
segmentos.
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