São Paulo, sábado, 19 de dezembro de 2009

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Renda resiste à crise e mantém ritmo de aumento de 2008

Reajuste real do mínimo e inflação mais baixa permitem manutenção da alta do poder de compra neste ano, diz IBGE

Taxa média de desemprego até novembro fica em 8,2%, similar à de 8% verificada em 2008; para especialistas, consumo sustentou mercado

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Num ano em que o mundo ruiu diante da maior crise em 80 anos, o mercado de trabalho das seis principais regiões metropolitanas do país sustentou uma taxa de desemprego similar à de 2008: 8,2% na média de janeiro a novembro, pouco acima dos 8% do mesmo período do ano passado.
Divulgados ontem pelo IBGE, os dados da Pesquisa Mensal de Emprego revelam ainda que os trabalhadores viram seu poder de compra crescer neste ano no mesmo ritmo de 2008, graças ao reajuste real do salário mínimo e à inflação menor.
Se o emprego sentiu mais a crise e perdeu um pouco de fôlego, o mesmo não ocorreu com o rendimento, que cresceu 3,4% e repetiu exatamente o desempenho de 2008.
Em novembro, o rendimento subiu 2,2% ante o mesmo mês de 2008, mas recuou ligeiramente (0,1%) em relação a outubro. Já a taxa de desemprego cedeu ligeiramente: de 7,5% em outubro para 7,4% em novembro -variação estatisticamente estável para o IBGE. Foi a menor marca em todos os meses de novembro desde 2002, quando teve início a série da atual pesquisa.
Para especialistas, o mercado de trabalho se portou melhor do que o previsto e foi sustentado pela expansão do consumo, estimulado pelo governo durante a crise com corte de impostos e outras medidas.
"Se não fosse a manutenção do nível de atividade do mercado interno, seria muito pior. Todas as previsões apontavam perdas maiores de emprego, que não se confirmaram", diz Taís Marzola Zara, economista da Rosenberg & Associados.
Já Cimar Azeredo Pereira, gerente da pesquisa do IBGE, avalia que a crise abortou uma evolução natural do mercado de trabalho, cuja tendência seria de avanço do emprego, da renda e da formalização na esteira do crescimento econômico previsto -que não se confirmou e tende a ser nulo no ano.
"O principal impacto da crise foi o de estancar a melhora que se esperava para o mercado de trabalho", disse Pereira.
Ambos concordam, porém, que o rendimento se manteve firme diante da crise, graças, especialmente, ao reajuste real do salário mínimo.
Segundo a LCA, a massa de rendimentos repetiu a tendência de meses anteriores e subiu 3% ante novembro de 2008. Na média de 2009 (janeiro a novembro), a alta foi de 4,1%.
O indicador se manterá aquecido e será, diz Zara, o grande impulso para o consumo neste final de ano e em 2010 e um dos principais ingredientes para o bom desempenho previsto da economia no ano que vem.
Na visão de Zara, a composição do emprego -com demissão de trabalhadores menos qualificados e de renda menor- também ajudou a impulsionar o rendimento.

Serviços
Para Fábio Romão, da LCA, o grande destaque na geração de postos de trabalho neste ano foi o setor de serviços -o de maior peso no emprego e responsável neste ano por ainda algum dinamismo da economia.
De acordo com a LCA, o consolidado de todos os serviços cresceu sempre acima da média e compensou em parte as perdas da indústria e de outros segmentos.


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