São Paulo, Quinta-feira, 20 de Janeiro de 2000


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INTEGRAÇÃO
Diplomacia brasileira comemora, mas avalia que entrada do país trará dificuldades para o Brasil
Chile diz que quer entrar no Mercosul

AUGUSTO GAZIR
da Sucursal de Brasília

As autoridades do governo brasileiro receberam com satisfação a intenção do Chile de virar membro pleno do Mercosul, mas avaliam que a entrada do país vai trazer mais dificuldades para o Brasil nas negociações internas do bloco econômico.
O presidente eleito do Chile, Ricardo Lagos, afirmou que pretende tornar o Chile membro pleno do Mercosul, formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A declaração foi publicada anteontem pelo jornal argentino "Clarín".
Chile e Bolívia hoje têm acordos de comércio com o bloco -uma união aduaneira ainda incompleta- e não estão submetidos à TEC (Tarifa Externa Comum).
A maior dificuldade para a entrada do Chile é justamente essa tarifa, já que o país adota índices menores que os praticados pelo Mercosul.

Reação
Apesar da interpretação de que o país pode perder força nas negociações internas do bloco, o Brasil comemorou o anúncio feito por Lagos. O Brasil é o principal defensor da ampliação e do fortalecimento de uma união regional na América do Sul.
A entrada do Chile no Mercosul, na interpretação de diplomatas brasileiros, é um sinal para governos e mercados externos de fortalecimento do bloco, que esteve ameaçado de rachar no ano passado devido aos conflitos comerciais entre Brasil e Argentina.
Contudo, segundo a Folha apurou, a diplomacia brasileira sabe que o Chile forçaria uma maior institucionalização do Mercosul, como defende com mais ênfase a Argentina.
A tendência seria o Chile se juntar a Uruguai e Argentina nas negociações internas do Mercosul para arrancar mais concessões do Brasil, maior país do bloco.
O Brasil já admite discutir, por exemplo, a criação de um mecanismo mais eficaz de solução de conflitos, mas quer mudanças estudadas, em um ritmo mais lento.
Na entrevista ao "Clarín", Ricardo Lagos já defendeu a criação de instrumentos para resolver conflitos no Mercosul e evitar surpresas como a desvalorização do real no ano passado.
Do ponto de vista comercial, as brigas do Brasil com a Argentina não se repetiriam com o Chile, exportador de produtos agrícolas. A disputa de Brasil e Argentina se deve hoje à perda de competitividade da indústria argentina.
Os dois maiores membros do Mercosul (Brasil e Argentina) têm disputas acirradas em várias áreas: automóveis, frangos, lácteos e aço.
Um dos principais é disputa na área de veículos. O governo argentino, inclusive, já consultou a OMC (Organização Mundial do Comércio) para adoção de represálias ao Brasil.
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