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INTEGRAÇÃO
Diplomacia brasileira comemora, mas avalia que entrada do país trará dificuldades para o Brasil
Chile diz que quer entrar no Mercosul
AUGUSTO GAZIR
da Sucursal de Brasília
As autoridades do governo brasileiro receberam com satisfação
a intenção do Chile de virar membro pleno do Mercosul, mas avaliam que a entrada do país vai trazer mais dificuldades para o Brasil
nas negociações internas do bloco
econômico.
O presidente eleito do Chile, Ricardo Lagos, afirmou que pretende tornar o Chile membro pleno
do Mercosul, formado por Brasil,
Argentina, Paraguai e Uruguai. A
declaração foi publicada anteontem pelo jornal argentino "Clarín".
Chile e Bolívia hoje têm acordos
de comércio com o bloco -uma
união aduaneira ainda incompleta- e não estão submetidos à
TEC (Tarifa Externa Comum).
A maior dificuldade para a entrada do Chile é justamente essa
tarifa, já que o país adota índices
menores que os praticados pelo
Mercosul.
Reação
Apesar da interpretação de que
o país pode perder força nas negociações internas do bloco, o
Brasil comemorou o anúncio feito por Lagos. O Brasil é o principal
defensor da ampliação e do fortalecimento de uma união regional
na América do Sul.
A entrada do Chile no Mercosul, na interpretação de diplomatas brasileiros, é um sinal para governos e mercados externos de
fortalecimento do bloco, que esteve ameaçado de rachar no ano
passado devido aos conflitos comerciais entre Brasil e Argentina.
Contudo, segundo a Folha apurou, a diplomacia brasileira sabe
que o Chile forçaria uma maior
institucionalização do Mercosul,
como defende com mais ênfase a
Argentina.
A tendência seria o Chile se juntar a Uruguai e Argentina nas negociações internas do Mercosul
para arrancar mais concessões do
Brasil, maior país do bloco.
O Brasil já admite discutir, por
exemplo, a criação de um mecanismo mais eficaz de solução de
conflitos, mas quer mudanças estudadas, em um ritmo mais lento.
Na entrevista ao "Clarín", Ricardo Lagos já defendeu a criação
de instrumentos para resolver
conflitos no Mercosul e evitar
surpresas como a desvalorização
do real no ano passado.
Do ponto de vista comercial, as
brigas do Brasil com a Argentina
não se repetiriam com o Chile,
exportador de produtos agrícolas. A disputa de Brasil e Argentina se deve hoje à perda de competitividade da indústria argentina.
Os dois maiores membros do
Mercosul (Brasil e Argentina)
têm disputas acirradas em várias
áreas: automóveis, frangos, lácteos e aço.
Um dos principais é disputa na
área de veículos. O governo argentino, inclusive, já consultou a
OMC (Organização Mundial do
Comércio) para adoção de represálias ao Brasil.
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