São Paulo, sábado, 20 de janeiro de 2001

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BEBIDAS
Participação da marca chega a 32,1%; AmBev, fruto da fusão Antarctica/Brahma, não causa grande impacto no 1º ano

Skol consolida liderança entre cervejas

Adriana Elias/Folha Imagem
Cervejas da Skol, que dominam quase um terço do mercado


RICARDO GRINBAUM
DA REPORTAGEM LOCAL

No ano em que Brahma e Antarctica se fundiram, a grande vitoriosa entre as cervejarias foi a Skol. Um relatório de consumo que acaba de ser concluído pelo Instituto Nielsen revela que a Skol ganhou força, aumentou a distância da concorrência e se consolidou como a cerveja mais vendida no Brasil.
A outra novidade apresentada pela Nielsen é que a AmBev, a megacervejaria que surgiu da fusão das empresas Brahma e Antarctica em março do ano passado, ainda não se mostrou tão agressiva como os concorrentes temiam. Kaiser e Schincariol consideram que 2000 foi um bom ano para os negócios.
"Chegamos a perder mercado no meio do ano por causa da confusão em torno da criação da AmBev, mas nos recuperamos nos três últimos meses e temos tudo para crescer em 2001", diz Augusto Parada, diretor da Kaiser.
Um retrato do mercado de cervejas depois da fusão revela que a Skol, que também pertence à AmBev, firmou-se como a marca predileta dos brasileiros. No início do ano, a Skol tinha 28,8% do mercado e em dezembro atingiu 32,1%. Cada ponto percentual representa vendas de R$ 80 milhões.
A Skol ocupa o espaço de marcas centenárias, como a Antarctica e a Brahma. Mesmo depois de ser incorporada pela empresa que é dona da Brahma e da Skol, a Antarctica ainda não inverteu sua trajetória de decadência. A marca chegou a ser dona de metade do mercado, começou o ano com 12,2% e fechou com 11,9%.
"Inverter tendências em marcas antigas é difícil em qualquer lugar do mundo. Ao final do 2000, conseguimos estabilizar a marca e vamos inverter a situação em 2001", diz Gustavo Fagundes, gerente de marketing da AmBev.
O relatório Nielsen mostra que as marcas da AmBev (incluindo Brahma, Antarctica e Skol) começaram o ano com 71,9% do mercado e hoje têm 73,4%. Especialistas crêem que a empresa não deva avançar muito mais que isso sobre o mercado dos concorrentes.
"A AmBev já é grande o suficiente para gerar bons lucros no Brasil. A estratégia da empresa agora é comprar outras cervejarias na América Latina e se expandir para o exterior", diz Gustavo Hungria, analista de bebidas do banco Pactual.
Hungria calcula que a AmBev faturou entre R$ 5 bilhões e R$ 5,5 bilhões em 2000. Seu lucro operacional, que não conta gastos e receitas fora do negócio de venda de cervejas, soma por volta de R$ 1,8 bilhão. Em 2001, o analista projeta receitas de R$ 6 bilhões e lucro operacional de R$ 2 bilhões.
A concorrência também acredita que a AmBev não vai avançar como um rolo compressor. Como o mercado deve crescer mais de 6%, de acordo com as cervejarias, todas as empresas estão fazendo projeções de bons resultados em 2001.
"Até agora, a AmBev não fez nenhuma loucura", diz Francisco Martins, diretor da Schincariol. "Estamos trabalhando dentro de um ambiente de competição normal de mercado."
A Schincariol cresceu 8% em 2000 e diz que vai vender 15% a mais em 2001. Os outros concorrentes também falam, obviamente, em ampliar a participação de mercado. Para eles, o grande alvo será a AmBev, porque é a dona de mais de 70% das vendas.
"Como a AmBev é muito grande, vai ter que rebolar para não perder participação de mercado", diz Gustavo Ramos, diretor de marketing da Bavaria, que foi vendida pela cervejaria Brahma para a canadense Molson.



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