São Paulo, domingo, 20 de janeiro de 2008

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Mercado Aberto

guilherme.barros@uol.com.br

Responsabilidade cai na visão do cliente

A preocupação dos consumidores com ações de responsabilidade social e ambiental está em queda. Em 2006, esse tipo de ação foi considerada item muito importante para 51% dos consumidores. Em 2007 o número não passou de 42%.
A conclusão é de pesquisa da TNS InterScience que perguntou o que é indispensável para uma empresa ser vista como uma organização que respeita o consumidor. Foram entrevistadas 1.250 pessoas em cidades como São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte, homens e mulheres com mais de 18 anos.
O levantamento considerou atributos como qualidade, preço, propaganda ética, responsabilidade social e ambiental, atendimento e monitoramento da satisfação do consumidor.
A principal razão da mudança, segundo Roberto Meir, um dos coordenadores da pesquisa, é a "commoditização" do assunto responsabilidade. O investimento em ações sociais e ambientais passou a ser visto pelo cliente como um item básico e não mais como algo que possa influenciar a compra.
"Responsabilidade social não enche barriga. Se o consumidor vai comprar um suco, primeiro ele pensa em preço, qualidade, atendimento. Não vai pagar um centavo a mais pela embalagem responsável", diz Meir.
Segundo ele, a mudança também se explica pela emergência do consumidor de baixa renda, que não pode pensar em responsabilidade social na hora do consumo. "Ele não pode errar na compra. Não tem dinheiro para ficar jogando produto no lixo se não gostou."
Atributos como qualidade, atendimento e preço aumentaram em relação ao ano anterior.
No índice geral, a qualidade subiu de 61% para 65%.
O atendimento, que já aparecia como essencial para os consumidores, cresceu, citado por 63% em 2007, contra 58% no ano anterior.
O quesito qualidade na avaliação por classe aparece com 63% na classe C e 70% na B, em nível de importância. Na análise por região, verificou-se que a população nordestina se preocupa menos com qualidade.
Na separação por segmentos, entre as empresas apontadas como as que mais respeitam o consumidor aparecem Casas Bahia, Carrefour, Bompreço, C&A, Drogasil, McDonald's, Coca-Cola, Sadia, Bradesco, Vivo e Porto Seguro.

IDEOGRAMA

A partir deste ano, o Colégio Humboldt incluirá o mandarim na grade curricular. Segundo a diretora do colégio, Beate Althuon, a demanda veio dos pais. "Eles queriam, inclusive, um curso para eles", diz. As aulas serão dadas pelo responsável pelo Departamento de Línguas Orientais da USP, David Jye Yuan Shyu.

NOVA INVESTIDA
O empresário Nelson Tanure anuncia amanhã a aquisição da Intelig, a empresa-espelho da Embratel. O acordo foi assinado no dia 14 deste mês com a National Grid, uma grande empresa britânica nas áreas de energia e telecomunicações, a Sprint Nextel e a France Telecom, donas da Intelig.

MALA PRONTA
Cerca de 50 empresários brasileiros, micro, pequenos e médios, viajam à Itália para fazer negócios em Milão e na região da Lombardia, em abril. A missão é parceria da Fiesp com a Divisão Especial da Câmara de Comércio de Milão para Promoção de Atividades Internacionais e Relações Exteriores.

TAÇA
A ponta de estoque da Mistral, que ofertou mais de mil garrafas no site na manhã da última quinta-feira, quase se esgotou em cerca de duas horas. O fato ocorreu porque há poucas garrafas de cada vinho. Novos lotes de ponta de estoque serão colocados no site periodicamente.

PAPELEIRAS
A família Ermírio de Moraes (Votorantim) tem conversado muito com os sócios da Aracruz (Safra e grupo Lorentzen). O grupo Votorantim já tem uma participação na Aracruz pela VCP. Em maio, o acordo de acionista da Aracruz precisa ser refeito. As cartas estão postas na mesa.

É CEDO

Para Ranieri, aquisições de grifes são "naturais"

Aos 27 anos, Wilson Ranieri, que faz hoje seu terceiro desfile na semana de moda paulistana, vê com naturalidade o momento pelo qual a moda brasileira passa hoje.
"Em todo lugar isso aconteceu. As marcas cresceram e viraram um negócio bom para investir", diz o estilista.
Embora acredite que o movimento é positivo, Ranieri, que tem sete anos de carreira e um currículo que reúne experiências como a assistência a Clô Orozco, diz que não consegue se ver vendendo sua marca.
"Não tenho a estrutura necessária para ser comprado. Se eu vendesse minha marca, provavelmente perderia o principal, que é o meu trabalho. Eu ainda tenho um trabalho maior que a marca", diz Ranieri.
"Ainda não é a hora. Eu poderia perder o controle facilmente e a marca se transformaria em outra coisa."
Por enquanto, os planos de expansão são abrir uma loja própria no segundo semestre deste ano e aumentar a participação em multimarcas do país.

Não tenho a estrutura necessária para ser comprado. Se eu vendesse minha marca, provavelmente perderia o principal, que é o meu trabalho


WILSON RANIERI
estilista


SEM PENSAR

Para Clô Orozco, visão lírica pode danificar negócios

Com 30 anos de carreira, a estilista Clô Orozco diz que deixou para pensar se gostaria de vender ou não sua marca, a Huis Clos, se e quando alguém bater à sua porta. "Por enquanto, só recebi sondagens", diz.
Com sete lojas e outras grifes, como a jovem Maria Garcia, Clô cita o movimento de aquisições de marcas brasileiras por grupos financeiros com situações semelhantes no mercado internacional.
"Eu acho muito legal o que acontece no exterior porque são grupos com experiência. Aqui, eu espero que seja uma coisa saudável e bom para todos, mas ainda é cedo para dizer." O movimento pode sinalizar, a seu ver, a "profissionalização do mercado de moda do país". Entre os problemas que podem acontecer, segundo ela, está a inexperiência dos investidores sobre o setor moda e o lirismo que "esse mundo" pode despertar. "Eles [os investidores] podem pensar, "bacana, vamos ganhar dinheiro, minimizar custos, assim a gente ganha na escala", mas não é tão fácil."

Eu acho muito legal o que acontece no exterior porque são grupos com experiência. Aqui, eu espero que seja uma coisa saudável e bom para todos, mas ainda é cedo para dizer


CLÔ OROZCO
estilista


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