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Usina prevê fusões e avanço estrangeiro
Grandes projetos sustentam aquecimento da demanda por máquinas e equipamentos agrícolas, segundo fabricantes
Entrada de múltis faz com
que safra se mantenha
e aumenta tendência de
concentração, com a venda
de unidades sem capital
Joel Silva - 13.mar.2007/Folha Imagem
| Trabalhador opera equipamento em usina de cana-de-açúcar em Lins (SP), inaugurada em 2007 |
DA SUCURSAL DO RIO
O usineiro Eduardo Farias,
do Grupo Farias (um dos dez
maiores produtores de álcool
do país, com dez usinas em cinco Estados), prevê que o setor
passará por um processo de
compra e fusão de empresas,
em que os mais capitalizados
engolirão os menores, e avisa:
""sou comprador".
As expectativas do setor são
as de que as fusões resultarão
em maior concentração da produção em menos empresas e de
aumento da participação estrangeira. Estudo interno do
BNDES confirma a tendência
de fusões.
"Os investidores estrangeiros não dependem da atividade
do setor para captar dinheiro e
devem ocupar mais espaços
comprando empresas menores", afirma Josias Messias,
presidente da publicação especializada "Jornal Cana", de Ribeirão Preto (SP).
O presidente do sindicato
dos fabricantes do Açúcar (Sindaçucar) e do álcool (Siamig) de
Minas Gerais, Luiz Custódio
Cotta Martins, diz que 7,5% da
cana produzida no país é processada por multinacionais e
que no Estado de Minas a proporção é de 14%, em razão da
presença de grandes investidores, como Soros e Infinity, e de
grupos como Cargill, Bunge e
Dreyffus.
""Vamos enfrentar uma dificuldade conjuntural por dois
anos. Quando só existiam empresas nacionais no setor, se
havia crise, o pessoal parava de
plantar, e, na safra seguinte, a
produção caía e os preços voltam a subir. Com as múltis, isso
não acontece. Elas não param.
Não haverá diminuição. A tendência é só de aumento. As usinas que não tiverem capital para resistir, serão absorvidas pelas outras", afirma Martins.
Não há consenso sobre o número exato de projetos em fase
de implantação. Os números
variam entre 90 e 110. Segundo
a Unica, está prevista a entrada
em operação de 29 usinas durante o ano de 2008, das quais
13 estão localizadas no Estado
de São Paulo.
Segundo estatísticas do Ministério de Minas e Energia, há
no país 367 usinas em funcionamento, das quais 16 produzem apenas açúcar, 78 produzem somente álcool e o restante tem produção mista.
O Centro-Sul concentra 78%
do total de unidades instaladas
e responde por 91% do álcool
produzido.
Equipamentos
A desaceleração de projetos
de implantação de usinas, segundo as empresas, não diminuiu o nível de ocupação industrial dos fabricantes de equipamentos, em razão das encomendas de usinas completas de
grandes investidores e, ainda,
da demanda por caldeiras para
a produção de bioenergia a partir do bagaço da cana.
A Sermatec Indústria e Montagens, de Sertãozinho (SP),
afirma que está com 100% de
sua capacidade ocupada até
2009 e que os projetos em fase
final de contratação asseguram
a ocupação plena até 2010.
""Os grandes grupos nacionais e estrangeiros, que planejam a longo prazo, não interromperam nem adiaram projetos. Isso também nos deu possibilidade de planejar a médio
prazo, o que nunca havia acontecido no Brasil. Antigamente,
ninguém falava em três anos de
pedidos em carteira no nosso
setor", disse Marcelo Tapanelli,
superintendente da Sermatec.
Ele diz que a empresa planeja
construir uma "fábrica de usinas" nas regiões de expansão
do álcool (Mato Grosso do Sul,
Goiás e Minas Gerais) e que
acredita que o problema conjuntural da produção será superado. Segundo ele, a desaceleração de investimentos começou em meados de 2007 e é
percebida na fase de consulta,
que antecede as encomendas.
Executivos dizem que é difícil quantificar a desaceleração,
porque ela se dá entre empresas nacionais já atuantes no setor, que fazem seus próprios
projetos e fracionam a compra
dos equipamentos entre vários
fabricantes. Ao contrário dos
novos investidores, que encomendam o projeto completo.
(ELVIRA LOBATO E PEDRO SOARES)
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