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Petróleo e gás concentram os investimentos das estatais
LUCIANA OTONI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dos R$ 50,2 bilhões em investimentos que as estatais federais podiam gastar em 2007,
R$ 30,7 bilhões, 61% do total,
foram gastos até outubro.
Os dados, os mais atualizados
disponíveis no Ministério do
Planejamento, mostram que as
estatais apresentam execução
superior em comparação aos
projetos vinculados ao Executivo, que abrangem obras em
portos, aeroportos, estradas,
ferrovias e saneamento que
constam no PPI (Projeto Piloto
de Investimento) em infra-estrutura e nos ministérios.
Embora o investimento das
estatais abarque 70 empresas
federais, a maior parte está
concentrada em projetos para
produção de petróleo e gás natural. Dos R$ 50,2 bilhões, R$
39 bilhões pertencem à Petrobras, que até outubro havia movimentado R$ 27 bilhões, 70%.
A segunda maior carteira de
investimento está nas estatais
do setor elétrico. Nesse grupo, a
execução se mostrou mais lenta que a dos projetos de petróleo e gás natural. Até outubro,
as estatais do setor elétrico haviam usado 39% dos R$ 5,6 bilhões de que dispunham.
Na área econômica, as empresas vinculadas ao Ministério da Fazenda demoraram a
mostrar dinamismo. O Banco
do Brasil, que possuía R$ 1,5 bilhão, utilizou 22,3% entre janeiro e outubro. A Caixa Econômica Federal, que tinha R$ 823 milhões, gastou 34%.
Os investimentos das estatais figuram no PAC pela representatividade dos empreendimentos. Funcionam como uma espécie de âncora, emprestando grandiosidade ao programa
do governo do presidente Lula.
Se hipoteticamente fossem retirados, o PAC murcharia.
A avaliação das diretrizes
dessas empresas revela que os
investimentos vêm sendo realizados com recursos próprios
ou por meio de financiamentos
que não dependem do governo
ou do Orçamento da União.
O posicionamento de mercado das estatais de maior porte,
que concentram os valores
mais altos para obras de expansão, também mostra que os investimentos seriam projetados
e realizados independentemente da existência do PAC.
O caso mais notório é o da
Petrobras. Parte dos R$ 39 bilhões em investimentos da
companhia está sendo destinada a empreendimentos de
grande porte como o Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro (R$ 18,7 bilhões), a refinaria
Abreu e Lima (R$ 7,3 bilhões), a
compra de dez navios (R$ 2,7
bilhões) e a construção das plataformas P-52, P-53, P-54 e
P-57 (somam R$ 13,2 bilhões).
Habitação
Um dos setores que mais
avançaram no primeiro ano do
PAC foi o da habitação. Tendo
como fonte principal de recursos o dinheiro que a população
deposita na poupança, a expansão superou as expectativas. A
aplicação estimada era de R$
10,5 bilhões e o valor realizado
foi de R$ 18,3 bilhões, 96% acima dos R$ 9,3 bilhões de 2006.
O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, Paulo Safady Simão, admite que a retomada dos financiamentos imobiliários já era esperada independentemente do
PAC. Isso por causa do maior
interesse dos bancos privados,
decorrente da queda nos juros,
aumento na renda e ampliação
de empréstimos.
Mas reconhece que isso também tem mérito do governo,
que retirou obstáculos que permitiram funcionar instrumentos como alienação fiduciária
(que possibilita a retomada do
imóvel em caso de inadimplência) e o patrimônio de afetação
(uma forma diferenciada de
contabilidade para calcular o
total de impostos por obra).
Colaborou SHEILA D'AMORIM , da Sucursal de
Brasília
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