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Indústria paulista só deve zerar perda de vagas em 2011
Empresas demitem 98 mil em 2009, e nível de emprego recua 4,3%, diz Fiesp
Produção deve recuperar patamar pré-crise até abril, mas contratações serão mais lentas; entidade prevê alta de 6% no PIB no ano
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Com o fechamento de 98 mil
vagas na indústria paulista em
2009, o nível de emprego no setor ficará por mais um ano
abaixo do patamar pré-crise.
A avaliação é do diretor do
Departamento de Pesquisas
Econômicas da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo), Paulo Francini, para quem o número de vagas só
poderá se recuperar das perdas
no começo de 2011.
Só no ano passado, o nível de
emprego teve queda de 4,32%
ante 2008, mas, desde o agravamento da crise global, em setembro daquele ano, a retração
foi de cerca de 7,3%, com 262
mil vagas a menos.
Como a previsão da Fiesp para este ano é que o número de
empregados na indústria paulista tenha alta de 6,3% ante
2009, ainda restará um deficit a
ser zerado no ano que vem.
"Não será possível fechar essa
conta neste ano", disse Francini. No final do ano passado, a
Fiesp estimava que a recuperação ocorreria até dezembro.
No ano passado, apenas 5 dos
22 setores pesquisados pela
Fiesp tiveram condições de admitir novos funcionários, segundo a Fiesp. Mas, para 2010,
a previsão é que as contratações ocorram de forma mais generalizada, por conta do aquecimento no mercado interno,
estimulado pela alta na renda e
pela expansão do crédito.
"Veremos ao longo deste ano
uma recuperação mais virtuosa, puxada por todos os setores,
e não por apenas alguns", afirmou Francini.
Apesar da queda no ano passado, o diretor da Fiesp afirmou que a indústria está em
"plena recuperação". Se o nível
de emprego deve demorar mais
a se restabelecer, a expectativa
é que a atividade industrial volte ao patamar pré-crise entre
março e o começo de abril.
Segundo Francini, a resposta
no mercado de trabalho tarda
mais a acontecer do que a reação da produção. "Ocorre uma
racionalidade maior, e as empresas se habituam a produzir
mais com menos gente."
A Fiesp prevê alta de 12% no
nível de atividade da indústria
para este ano e acréscimo de
6% no PIB (Produto Interno
Bruto) do país.
Incertezas
Para o professor da Unicamp
e ex-secretário de Política Econômica, Julio Gomes de Almeida, porém, é preciso moderar as
expectativas, pois há obstáculos que podem impedir uma recuperação mais acelerada.
De acordo com ele, a retirada
gradual dos benefícios fiscais
concedidos pelo governo -como a redução do IPI sobre automóveis, equipamentos da linha branca e móveis- e a antecipação de compras no ano passado por parte dos consumidores podem esfriar a demanda ao
longo deste ano.
"A reativação da economia
no ano passado se deve em boa
parte à antecipação de consumo, especialmente por bens de
consumo durável. Isso foi muito importante, mas tem um
preço. Os produtos que tiveram
incentivo têm um ciclo de consumo. Ninguém troca de refrigerador todos os anos", disse.
Outro fator negativo que pode prejudicar o ritmo de recuperação da indústria neste ano
é o efeito da valorização cambial, afirmou o economista. "A
concorrência do produto importado vem com tudo porque
há um excesso de oferta no
mundo, e o câmbio como está
não ajuda a conter isso."
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