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Procurador quer menos anúncio na TV paga
Ministério Público Federal abre consulta pública para definir novos parâmetros para publicidade na TV por assinatura
Estimativa é que 30% da receita da TV paga provenha
de propaganda; para
operadoras, mudança
elevaria preço ao consumidor
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
O MPF (Ministério Público
Federal) em São Paulo abriu
ontem uma consulta pública
que pretende definir novos parâmetros para a publicidade na
TV por assinatura. A medida
tem como objetivo defender os
interesses dos consumidores,
que, cada vez mais, reclamam
do aumento da propaganda na
programação das operadoras.
Estima-se que 70% da receita
das companhias de TV fechadas sejam provenientes da assinatura cobrada dos clientes para ter acesso a canais e conteúdos não disponíveis na TV
aberta. O restante (30%) é resultado de contratos publicitários, que, segundo as operadoras, ajudam a financiar o custo
da operação. Nos três primeiros trimestres de 2009, últimos
dados disponíveis, o faturamento do setor foi de R$ 7,86
bilhões, 16,4% superior ao mesmo período de 2008.
"Se tivermos de mexer nessa
estrutura, certamente haverá
repasse de custo para os clientes", diz Gustavo Mendes, vice-presidente de programação da
ABTA (Associação Brasileira de
Televisão por Assinatura).
Essa discussão teve início em
outubro passado, quando o
procurador Marcio Schusterschitz enviou recomendação à
operadora Sky para que a companhia, dentro de dez dias, passasse a informar a quantidade
de comerciais veiculados em
sua programação.
A Folha apurou que, naquele
momento, a Sky explicou ao
MPF que a companhia não tinha como interferir na publicidade -que já vem definida pelos próprios canais internacionais. A empresa só fecha contratos com esses canais e insere
a publicidade em intervalos
previamente definidos.
Essa também é a posição das
demais operadoras, que, por
meio da ABTA, já enviaram um
ofício à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) em
que se posicionam sobre o assunto. Apesar de fiscalizá-las, a
Anatel não tem como controlar
a veiculação de propaganda
porque não há um regulamento específico.
"Independentemente disso,
existe o Código de Defesa do
Consumidor e, por ele, as operadoras respondem junto aos
seus clientes", afirma o procurador Schusterschitz.
"O que nós queremos é preservar o direito dos consumidores, que, diante de um cenário de convergência, podem ter
opções ao escolher um conteúdo televisivo fechado. A ideia é
promover um debate sobre o
novo modelo num cenário em
que esse conteúdo já pode ser
acessado pela internet, sem inserção de comerciais."
Reclamações
A consulta pública foi aberta
após sucessivas reclamações de
entidades de defesa do consumidor, exigindo medidas que
obrigassem as operadoras a informar o volume de propaganda em sua programação.
"Os clientes são atraídos pela
promessa de oferta de um conteúdo exclusivo e, depois, se deparam cada vez mais com mais
propaganda e menos conteúdo", diz Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Pro
Teste (Associação Brasileira de
Defesa do Consumidor).
A ABTA informa que, nos últimos anos, apesar de a receita
publicitária ter crescido, ainda
há horários ociosos e muitas inserções institucionais (dos próprios canais, por exemplo). Em
média, cada operadora insere
oito minutos de propaganda a
cada hora e, ainda segundo a associação, dificilmente elas estouram esse limite.
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