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Substituição é rotineira, diz Meirelles
Alan Marques/Folha Imagem
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Henrique Meirelles, presidente do BC, chega à reunião do Copom |
GUSTAVO PATÚ
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A substituição de três diretores
do Banco Central -no segundo
mês do governo de Luiz Inácio
Lula da Silva e em meio a uma
reunião para decidir a alta dos juros- é um fato "normal e rotineiro"; a pressão política da bancada
do PT não teve nenhuma influência na decisão.
A tarefa de sustentar essa versão
oficial para as trocas na cúpula do
BC coube ao presidente da instituição, Henrique Meirelles, numa
entrevista apressada na manhã de
ontem. A seu lado, mudos, estavam os futuros ex-diretores Tereza Grossi (Fiscalização), Luiz Fernando Figueiredo (Política Monetária) e Edison Bernardes (Administração).
"Não é um processo político",
disse Meirelles, que minimizou as
pressões petistas: "Vivemos numa democracia". Acrescentou
que não há planos, agora, de afastar nenhum dos outros quatro diretores. Na semana passada, o BC
negava as notícias sobre mudanças iminentes na equipe.
Moderados e radicais do PT
vêm cobrando, desde o ano passado, a saída da diretoria do Banco Central, toda ela remanescente
do governo Fernando Henrique
Cardoso. O principal alvo dos ataques era Tereza Grossi, por ter
participado, na condição de chefe
interina do Departamento de Fiscalização, do socorro financeiro
aos bancos Marka e FonteCindam, em 99, quando houve a desvalorização do real.
A situação de Grossi ficou insustentável a partir de 31 de janeiro, quando, numa reunião com a
bancada petista na Câmara, o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) pediu 30 dias para dar
uma resposta às veementes críticas à permanência da diretora.
Demorou menos.
Processo mal resolvido
A troca dos três diretores ainda
não é o ponto final de um processo mal resolvido de definições para a equipe e a atuação do Banco
Central no governo Luiz Inácio
Lula da Silva, iniciado durante a
transição.
Enquanto Palocci, preocupado
com o nervosismo do mercado,
flertava com a idéia de manter Armínio Fraga à frente do Banco
Central ao menos por algum tempo, Lula descartou publicamente
a idéia.
Convidou-se para o cargo Pedro Bodin, amigo e gêmeo ideológico de Armínio, que recusou.
Após outras sondagens malsucedidas, chegou-se ao nome de Meirelles, que elogiou e prometeu
manter as políticas e o time de Armínio no BC.
Também de olho na reação dos
investidores internos e externos, o
governo anunciou que daria autonomia ao BC, na forma de mandatos fixos para os dirigentes da
instituição. A reação negativa dos
deputados petistas, porém, levou
o projeto a ser adiado.
Agradecimentos
Uma preocupação de Meirelles,
na entrevista concedida ontem,
foi agradecer de público aos diretores que deixarão o Banco Central após a aprovação de seus
substitutos pelo Senado, como
determina a legislação.
Grossi recebeu os primeiros e
mais longos elogios. Seu trabalho,
segundo o presidente do BC, modernizou a ação fiscalizadora da
instituição.
Luiz Fernando Figueiredo, também elogiado, continuará na
equipe por cerca de duas semanas
após a posse de seu substituto,
Luiz Augusto Candiota. O objetivo, de acordo com Meirelles, é facilitar a transmissão de informações na troca de comando da diretoria mais importante do BC.
Meirelles disse que a mudança
na diretoria da instituição foi divulgada no meio da reunião do
Copom por uma questão de
transparência, para evitar que
boatos circulassem no mercado.
Os futuros diretores Paulo Sérgio Cavalheiro (Fiscalização) e
João Antônio Teixeira (Administração), por serem funcionários
de carreira, não precisarão da assessoria dos antecessores.
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