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Para líder do PMDB, partido que estuda apoiar o governo, medida reflete "realismo econômico"
Oposição e petistas criticam alta de juros
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Líderes da oposição ao governo
no Congresso e alguns integrantes
do PT, partido do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, criticaram a
nova alta da taxa de juros, anunciada ontem pelo Banco Central.
"Esperávamos uma agenda positiva para 2003, de criação de empregos, crescimento e desenvolvimento, um ponto à frente. Até
agora, só tivemos um ponto para
trás", disse Jutahy Magalhães
(BA), líder do PSDB na Câmara.
"Eles têm que aumentar os juros
assim porque ainda não merecem
a confiança do mercado", avalia o
líder do partido no Senado, Arthur Virgílio (AM). Para ele, o governo de Lula está aumentando os
juros seguidamente porque ainda
precisa mostrar que o partido não
é o "bicho-papão" de antes.
O pefelista Marco Maciel (PE)
atribuiu a decisão do governo à
preocupação de quem precisa governar. ""A decisão foi um pouco
conservadora mediante a necessidade de atingir a jugular da inflação", disse o senador.
O senador Tasso Jereissati
(PSDB-CE) foi enfático nas críticas. "Parece uma cautela demasiada [com a economia" porque a
consequência é muito grave. Não
sei se precisava de uma dose assim exagerada", disse.
"Eles têm que aumentar tanto
os juros porque não têm crédito
de confiança no mercado", reforçou o pefelista Roberto Brant
(MG), ex-ministro de FHC. Segundo ele, o PT estaria sofrendo
as consequências dos "desatinos
cometidos durante sua história".
O senador Renan Calheiros
(AL), líder do PMDB -que negocia participação no governo- foi
mais brando. "Não comemoro a
alta de juros, mas ressalto o realismo econômico do governo, que
tem demonstrado responsabilidade com a economia."
O líder do PFL, Agripino Maria
(RN), afirmou lamentar ""profundamente" os dois fatos: o aumento do compulsório, que limita o
crédito, e o aumento da taxa de juros, que encarece o crédito. ""Foi a
segunda pancada recente que
transformou o Programa Fome
zero numa formiguinha", disse.
Petistas
Os expoentes da ala radical petista voltaram a se manifestar
contrariamente. O deputado Babá (PA) afirmou que o aumento
faz parte de uma "bola de neve"
que envolve o aumento do superávit primário e os cortes orçamentários."Não há nenhuma sinalização de mudança na política
econômica, a receita é a mesmíssima [do governo passado"."
O deputado Aldo Rebelo (PC do
B-SP), líder do governo na Câmara, afirmou que o aumento dos juros é "um mal necessário" em
tempos de ameaça de guerra. Disse, porém, acreditar que o índice
caia em um futuro próximo.
"Mesmo porque o país não suporta isso por muito tempo."
Até o senador Eduardo Suplicy
(PT-SP) deu a sua estocada: "O
aumento de juros constitui uma
medida amarga. Significa que a
equipe econômica do governo
Lula ainda não conseguiu arrumar todos os instrumentos de política econômica para conduzi-la
de forma a garantir, ao mesmo
tempo, a estabilidade de preços e
o crescimento da economia com a
melhoria da distribuição da renda
e a expansão das oportunidades
de emprego".
O senador Aloizio Mercadante
(PT-SP), líder do governo, divulgou nota afirmando que ""a expectativa de guerra e a herança do governo Fernando Henrique Cardoso" impedem a redução de juros.
"É importante que os juros diminuam, mas este movimento
precisa ser sustentável", disse.
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