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São Paulo, quinta-feira, 20 de fevereiro de 2003

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Para líder do PMDB, partido que estuda apoiar o governo, medida reflete "realismo econômico"

Oposição e petistas criticam alta de juros

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Líderes da oposição ao governo no Congresso e alguns integrantes do PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, criticaram a nova alta da taxa de juros, anunciada ontem pelo Banco Central.
"Esperávamos uma agenda positiva para 2003, de criação de empregos, crescimento e desenvolvimento, um ponto à frente. Até agora, só tivemos um ponto para trás", disse Jutahy Magalhães (BA), líder do PSDB na Câmara.
"Eles têm que aumentar os juros assim porque ainda não merecem a confiança do mercado", avalia o líder do partido no Senado, Arthur Virgílio (AM). Para ele, o governo de Lula está aumentando os juros seguidamente porque ainda precisa mostrar que o partido não é o "bicho-papão" de antes.
O pefelista Marco Maciel (PE) atribuiu a decisão do governo à preocupação de quem precisa governar. ""A decisão foi um pouco conservadora mediante a necessidade de atingir a jugular da inflação", disse o senador.
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) foi enfático nas críticas. "Parece uma cautela demasiada [com a economia" porque a consequência é muito grave. Não sei se precisava de uma dose assim exagerada", disse.
"Eles têm que aumentar tanto os juros porque não têm crédito de confiança no mercado", reforçou o pefelista Roberto Brant (MG), ex-ministro de FHC. Segundo ele, o PT estaria sofrendo as consequências dos "desatinos cometidos durante sua história".
O senador Renan Calheiros (AL), líder do PMDB -que negocia participação no governo- foi mais brando. "Não comemoro a alta de juros, mas ressalto o realismo econômico do governo, que tem demonstrado responsabilidade com a economia."
O líder do PFL, Agripino Maria (RN), afirmou lamentar ""profundamente" os dois fatos: o aumento do compulsório, que limita o crédito, e o aumento da taxa de juros, que encarece o crédito. ""Foi a segunda pancada recente que transformou o Programa Fome zero numa formiguinha", disse.

Petistas
Os expoentes da ala radical petista voltaram a se manifestar contrariamente. O deputado Babá (PA) afirmou que o aumento faz parte de uma "bola de neve" que envolve o aumento do superávit primário e os cortes orçamentários."Não há nenhuma sinalização de mudança na política econômica, a receita é a mesmíssima [do governo passado"."
O deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), líder do governo na Câmara, afirmou que o aumento dos juros é "um mal necessário" em tempos de ameaça de guerra. Disse, porém, acreditar que o índice caia em um futuro próximo. "Mesmo porque o país não suporta isso por muito tempo."
Até o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) deu a sua estocada: "O aumento de juros constitui uma medida amarga. Significa que a equipe econômica do governo Lula ainda não conseguiu arrumar todos os instrumentos de política econômica para conduzi-la de forma a garantir, ao mesmo tempo, a estabilidade de preços e o crescimento da economia com a melhoria da distribuição da renda e a expansão das oportunidades de emprego".
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP), líder do governo, divulgou nota afirmando que ""a expectativa de guerra e a herança do governo Fernando Henrique Cardoso" impedem a redução de juros.
"É importante que os juros diminuam, mas este movimento precisa ser sustentável", disse.


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