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São Paulo, quinta-feira, 20 de fevereiro de 2003

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SINDICALISMO

Pesquisa do instituto mostra que a central tem menos filiados do que em 1991, mas mantém a hegemonia

CUT perde terreno para a Força, diz IBGE

BONANÇA MOUTEIRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A CUT (Central Única dos Trabalhadores) perdeu terreno para a Força Sindical nos últimos dez anos, na proporção de sindicatos filiados, mas mantém a hegemonia no sindicalismo brasileiro. A central mais antiga do país, criada em agosto de 1983, representa atualmente 66% dos 4.304 sindicatos filiados às centrais. Há dez anos, respondia por 74%.
No mesmo período, a porcentagem de sindicatos filiados à Força, fundada em março de 91, passou de 13% para 19%. As outras centrais -CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores), SDS (Social Democracia Sindical) e CAT (Central Autônoma dos Trabalhadores- têm, juntas, 15%.
Os dados fazem parte da Pesquisa Sindical referente ao período de 1991 a 2001, divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em 2001, do total de 11.354 sindicatos de trabalhadores, 38% estavam filiados às centrais, contra 30% na pesquisa anterior (1987 a 1991). Juntos, esses sindicatos representavam 10,211 milhões de empregados, pouco mais da metade dos 19,528 milhões de trabalhadores sindicalizados.
Ontem, ao apresentar os resultados da pesquisa, Marco Cicero Maciel, do IBGE, disse que as centrais fortaleceram-se nos últimos anos.
A pesquisa apontou ritmo acelerado nas filiações à Força Sindical, que, em 2001, alcançou 839 sindicatos representados, ou 185% a mais do que em 1991. A CUT chegou a 2.834, com aumento de 70%, e a CGT, a 238, com crescimento de 133%.
O presidente da Força, Paulo Pereira da Silva, contestou os dados da pesquisa. Segundo ele, "os números [do IBGE" são antigos e não refletem a realidade".
A Força afirma ter hoje 1.842 sindicatos filiados, representando 16 milhões de trabalhadores na base, não necessariamente todos associados.
Já a CUT informa que atualmente são 3.321 sindicatos filiados e 22,2 milhões de trabalhadores na base. Pelo IBGE, em 2001 a CUT tinha 7,24 milhões de associados e a Força, 2,05 milhões.
De acordo com o IBGE, a CUT é a única central em que mais da metade dos sindicatos filiados (55%) ultrapassa mil associados. Já a Força tem entre seus filiados alguns dos mais fortes sindicatos de São Paulo (e do país): os trabalhadores da construção civil, os comerciários e os metalúrgicos.
Nos últimos dez anos, o número de sindicatos (de empregados e patronais) cresceu 75% -média de 3,3% ao ano. O número de sindicatos de empregados cresceu 3,7% ao ano, totalizando 11.354 em 2001. Os sindicatos de patrões avançaram 2,3% ao ano, somando 4.607.
O gerente da pesquisa, Eduardo Luiz de Mendonça, destacou o aumento dos sindicatos de servidores públicos, cuja taxa de crescimento anual foi de 9,8%.
A pesquisa do IBGE mostrou que não houve acréscimo no índice de sindicalização: 26% dos 75,4 milhões de pessoas ocupadas são filiadas a algum sindicato, índice que se manteve estável ao longo da década de 90.
Foi detectado o crescimento de pequenos sindicatos, movimento que o IBGE chamou de "atomização da representação sindical". A média de associados caiu 18%, de 2.149 para 1.720.
Entre os grupos que mais cresceram, dois destaques: as categorias agrupadas em transportes rodoviários (11,2%), efeito da expansão de vans e novas profissões, como motoboys; e empregados de turismo e hospitalidade (4,6%).


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