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SUPERÁVIT
Bom desempenho nas transações correntes é puxado pela balança comercial
País tem o maior saldo nas contas externas em 11 anos
NEY HAYASHI DA CRUZ
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As contas externas registraram,
em janeiro, o melhor resultado
em 11 anos. Segundo dados do
Banco Central, a conta de transações correntes -resultado da
compra e venda de bens e serviços
com outros países- teve um resultado positivo de US$ 4,567 bilhões nos últimos 12 meses.
Esse valor equivale a 0,91% do
PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas por
um país em determinado período) -o melhor resultado registrado pelo Brasil desde 1993.
Em janeiro, o superávit foi de
US$ 669 milhões, o melhor resultado para um mês de janeiro desde 1992. Para este mês, espera-se
um novo resultado positivo. Segundo o chefe do Departamento
Econômico do BC, Altamir Lopes,
o saldo de fevereiro deve ficar em
torno de US$ 100 milhões.
Lopes afirma que o bom desempenho das contas externas se deve
aos números alcançados pela balança comercial, que ficaram acima do esperado. Por causa desses
números, o BC elevou de US$ 19
bilhões para US$ 20 bilhões sua
projeção para o saldo da balança
comercial neste ano.
Segundo a estimativa do BC, as
exportações brasileiras devem
chegar a US$ 76 bilhões neste ano,
o que significaria um aumento de
4% em relação a 2003. As importações, por sua vez, devem crescer
16%, chegando a US$ 56 bilhões
em 2004.
O crescimento mais forte das
importações reflete a expectativa
de retomada da atividade econômica para este ano. Embora números oficiais ainda não tenham
sido divulgados, estima-se que o
crescimento tenha ficado próximo de zero em 2003. Para 2004, de
acordo com projeção do BC, a
economia deve crescer 3,5%.
Devido a esse crescimento mais
acelerado, os resultados positivos
alcançados neste início do ano pela conta de transações correntes
não devem se repetir nos próximos meses. Segundo o BC, o saldo
de 2004 deve ficar negativo em
US$ 3,9 bilhões.
A conta de transações correntes
é formada pela soma dos resultados da balança comercial (exportações menos importações), da
balança de serviços (pagamento
de juros, remessa de lucros e gastos com viagens internacionais,
entre outros) e das transferências
unilaterais (dinheiro enviado para o Brasil por residentes no exterior, e vice-versa). No Brasil, essa
conta é tradicionalmente deficitária devido aos elevados gastos
com juros da dívida externa. Neste ano, essas despesas devem chegar a US$ 13,9 bilhões, valor 6,8%
maior do que em 2003.
Para cobrir saldos negativos, o
país precisava atrair grandes volumes de dólares, por meio de
empréstimos e investimentos estrangeiros. Por isso se diz que o
déficit em transações correntes é
um dos indicadores da vulnerabilidade externa de um país. Nos últimos anos, porém, a desvalorização do real e a desaceleração da
economia ajudaram a mudar o
quadro. Em 2003, a conta de transações correntes fechou o ano no
azul pela primeira vez desde 1992.
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