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EMPREGO
Estudo da Secretaria Municipal do Trabalho mostra que maiores renda e escolaridade não garantem colocação
Taxa de desemprego cresce mais entre ricos
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem crescimento econômico, o
desemprego se alastrou por todas
as classes sociais do país, mas a taxa de desemprego aumentou em
ritmo mais acelerado entre os
mais ricos e os trabalhadores com
maior escolaridade.
O resultado foi apontado em estudo divulgado ontem pela Secretaria do Trabalho da Prefeitura de
São Paulo, a partir de dados das
Pnads (Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios) de 1992 e
2002. Embora o percentual de desemprego tenha aumentado entre
as camadas de renda mais altas,
há mais pobres do que ricos desempregados no país em números absolutos. Dos 7,8 milhões
que estavam sem emprego em
2002 em dez regiões metropolitanas do país, 4,8 milhões pertenciam às famílias de baixa renda.
Entre 1992 e 2002, a taxa de desemprego média cresceu 38,8%
-passou de 6,7% para 9,3% da
PEA (população economicamente ativa). Na classe média alta, essa
variação foi ainda maior -50%, a
taxa passou de 2,6% para 3,9%.
No outro extremo, na camada
mais pobre, a taxa variou 46,8%
-de 9,4% aumentou para 13,8%.
Isso significa que o total de desempregados da classe média alta
passou de 232 mil para 435 mil
pessoas entre 1992 e 2002. Já o número de desempregados da classe
baixa aumentou de 2,7 milhões
para 4,8 milhões -ou seja, a cada
três desempregados, dois estão
nas famílias de baixa renda.
No estudo da secretaria, consideram-se como de baixa renda as
famílias com rendimento de até
R$ 652 (2,7 salários mínimos
mensais). As famílias de classe
média são aquelas com renda entre R$ 652,01 e R$ 2.600 (11 mínimos). As de classe média alta têm
renda acima de R$ 2.600.
"Até o final dos anos 80, quem
perdia o emprego era o desempregado típico: pobre, de baixa
escolaridade, sem qualificação.
Nos anos 90, o estudo mostrou
que não há segmento social imune ao desemprego", diz o secretário Marcio Pochmann.
Entre os homens, o desemprego
cresceu mais rapidamente na
classe média alta -a taxa de desemprego variou 65% entre 1992 e
2002. Já entre as mulheres, a realidade é outra: as que mais sofrem
com a falta de vagas são as de baixa renda. "O desemprego também aumentou mais entre os
brancos de famílias mais pobres.
O que ocorria até então era a perda de postos entre negros pobres", diz Pochmann. A taxa de
desemprego entre a população
branca de baixa renda variou
49,5% -foi de 9,7% para 14,5%.
Entre a população negra, entretanto, a situação é outra: a maior
variação (68%) foi entre os negros
de famílias de classe média alta.
"A discriminação assume novas
formas. O desemprego dos negros pobres cresce menos porque
para eles sobram as ocupações
mais precárias. Entre os de renda
média e média alta, o desemprego
explode porque em um contexto
de escassez de vagas especializadas o preconceito racial acaba
funcionando como requisito decisivo na contratação", diz Pochmann.
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