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Cobrança de 1% do
salário anual
substitui imposto
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A reforma sindical a ser enviada ao Congresso acabará
com o imposto sindical, mas
criará como forma de financiamento dos sindicatos uma taxa
negocial de 1% da remuneração líquida anual do trabalhador. Isso será o equivalente a
14% de um salário mensal, pois
incluirá ganhos como 13º salário e participação nos lucros.
Essa taxa, conforme proposta
fechada ontem em reunião entre representantes do governo e
dos trabalhadores, será obrigatória para todos os empregados
beneficiados em um acordo coletivo. O sindicato só poderá
cobrá-la se tiver negociado tal
acordo para a categoria que representa. O mês de cobrança
será abril.
Hoje, todo trabalhador é
obrigado a pagar o imposto
sindical, que é igual a um dia de
salário no ano. Ou seja, 3,3% de
um salário mensal. Em 2002, os
sindicatos urbanos de patrões e
trabalhadores recolheram R$
634 milhões no imposto.
Pelas regras atuais, além do
imposto, existem outras contribuições (como a confederativa, a assistencial e a negocial)
que são cobradas dos trabalhadores, embora haja controvérsia sobre a obrigatoriedade do
recolhimento. Nas contas do
Ministério do Trabalho, cada
empregado acaba pagando de
36% a 38% de um salário mensal aos sindicatos em um ano.
"Com a taxa negocial, a estrutura sindical vai ter mais dinheiro claro e oficial que hoje",
declarou o secretário de Relações do Trabalho, Osvaldo Bargas. Ele diz que a troca do imposto sindical pela taxa negocial significará aumento de receita para os sindicatos que hoje não cobram as outras contribuições permitidas pela lei.
A idéia inicial do governo era
estabelecer a taxa negocial em
6% de um salário mensal. A
bancada governista, no entanto, foi pressionada pelos trabalhadores a elevar o percentual.
As mudanças no sistema de
financiamento sindical foram
acertadas entre representantes
dos trabalhadores, dos empresários e do governo no FNT
(Fórum Nacional do Trabalho), instância criada para discutir as reformas sindical e trabalhista. Os pontos negociados
serão transformados em projeto de lei e proposta de emenda
constitucional a serem encaminhados ao Congresso. A reforma sindical deve ser enviada ao
Legislativo em abril e o governo espera aprová-la neste ano.
Na proposta fechada no FNT,
também foram decididas as regras para a nova organização
sindical. Atualmente, os sindicatos não são obrigados a comprovar representatividade, isto
é, número de filiados, para serem registrados no Ministério
do Trabalho. Com a reforma,
os sindicatos precisarão comprovar que seus filiados correspondem a 20% da categoria para garantir o direito de representatividade. Para os atuais
sindicatos, haverá uma regra
de transição em que eles ganharão cinco anos para comprovar a representatividade.
Para os sindicatos de patrões,
a transição será de sete anos,
com critérios de representatividade diferentes.
(JULIANNA SOFIA)
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