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Americanos cobram prioridade para microrreformas
DA REPORTAGEM LOCAL
Vice-presidente-executivo do
Conselho Empresarial Brasil-EUA da Câmara de Comércio dos
Estados Unidos, o norte-americano Mark Smith afirma que ""existem muitas coisas que o governo
pode fazer sem precisar do Congresso para melhorar o ambiente
de negócios no Brasil".
""Temos o maior interesse em
trabalhar com as autoridades brasileiras no sentido de uma simplificação", afirma Smith, que vai visitar o Brasil nesta semana.
Leia entrevista telefônica à Folha, de Washington.
(FCz)
Folha - O sr. se surpreendeu com
os resultados do estudo entre as
múltis americanas no Brasil?
Mark Smith - O levantamento diz
algumas coisas importantes. Que
a perspectiva em relação ao Brasil
é bastante otimista e que a maioria das empresas ou vai aumentar
um pouco ou significativamente
seus investimentos no país. Essa é
uma boa notícia para o Brasil.
Outro aspecto principal é a
questão da carga tributária. É a
preocupação ""número 1". Mesmo
o Brasil tendo feito várias coisas
positivas na área tributária, como
o fim do efeito cumulativo do
PIS/Cofins, o peso da carga tributária como um todo continua
muito alto comparativamente
com o de outros emergentes.
Esse é um grande desafio que
brasileiros e americanos têm no
Brasil. Como garantir a competitividade de seus negócios na comparação com seus concorrentes?
Um terceiro aspecto é o quanto
os custos e os atrasos burocráticos
estão no topo das preocupações
dos empresários, ao lado da questão da carga tributária.
Para mim, isso apenas ilustra
como há muitas coisas que estão
nas mãos do governo federal e
que poderiam ser feitas em conjunto com o setor privado, com
foco em gargalos burocráticos
que poderiam fazer do Brasil um
ambiente muito mais competitivo e atrativo para investimentos.
Folha - Microrreformas que não
dependem do Congresso?
Smith - Exatamente. São alterações administrativas que poderiam ser feitas sem grandes mudanças na legislação ou coisas do
tipo para tornar processos menos
complicados e acelerar o modo de
se fazer negócios no Brasil.
Nesse aspecto, as empresas
americanas teriam o maior interesse em trabalhar com as autoridades brasileiras no sentido de
uma simplificação.
Folha - O sr. vê apetite no governo para transformar essa área?
Smith - Bem, o que eu sei é que o
presidente Lula disse pessoalmente que 2005 seria o ano da implementação de uma série de políticas nessa linha. Sou obrigado a
acreditar nas palavras dele.
No caso de mudanças na área
tributária, é preciso levar em conta que o Brasil teve recorde de arrecadação no ano passado. É preciso olhar para isso, tendo em vista que esse problema é a grande
prioridade de nossos associados.
Fiquei muito feliz em ver a reforma tributária colocada, em dezembro passado pelo ministro da
Fazenda (Antonio Palocci), como
uma das prioridades do governo
para 2005. Mas creio que será um
grande desafio qualquer mudança na área tributária antes da eleição presidencial (em 2006).
Folha - A participação dos ganhos
no Brasil das 197 empresas pesquisadas não chega a 2%, comparativamente ao resto do mundo. Como
o sr. avalia esse quadro diante das
dificuldades e da competição por
investimentos de outros países, como China e Índia?
Smith - O Brasil compete hoje
frontalmente por investimentos
não apenas contra países latino-americanos, China e Índia. Há vários outros, como a Coréia do Sul
e a Indonésia, por exemplo.
Os menos de 2% do Brasil no faturamento dessas empresas ilustram tanto o espaço potencial que
o Brasil pode ocupar no futuro
como as realidades da pressão da
competição exercida por seus
concorrentes. O desafio mais importante no futuro próximo é o de
estabelecer um diálogo com o governo brasileiro no sentido de integrar toda a cadeia produtiva no
hemisfério para que possamos
conjugar plantas no Brasil e nos
EUA para conquistar mercados.
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