São Paulo, quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

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Outro lado

MTE e beneficiados negam influência política

DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA

O MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) afirma que "não assina convênio com esse ou aquele partido político. Existem normas a serem cumpridas". Segundo a pasta, todas as liberações seguem os preceitos do artigo 36, inciso I, da LDO/2007, que trata da destinação de recursos a entidades privadas sem fins lucrativos.
"Destaque-se ainda que o cronograma de desembolso encontra-se em consonância com as fases previstas no cronograma de execução e que as liberações da 2ª e da 3ª parcelas somente serão autorizadas após a apresentação de conta parcial referente à primeira parcela liberada", diz o ministério.
Ainda segundo a pasta, há exigência de licitação na contratação de entidades executoras por parte dos organismos conveniados. O ministério diz também que, para dar maior transparência a esse tipo de convênio, "está em fase final de aprimoramento dispositivo onde a sociedade poderá consultar na página do MTE a oferta de serviços prestados por parte das entidades conveniadas".
Micael Ferrone, presidente da DataBrasil, afirma que sua empresa presta serviços para o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e que funciona no mesmo prédio da Força Sindical e do sindicato mediante pagamento de aluguel de "uns R$ 3.000". Ferrone negou que sua empresa trabalhe com o Inesp, de quem afirmou ser "concorrente". A DataBrasil diz ser "parceira" da Força Sindical.
Osmar Gonçalves, presidente do Inesp, diz não ter "nenhuma relação" com a Força Sindical, embora já tenha trabalhado para a entidade. Sobre a DataBrasil, diz que a conhece "como concorrente". "Ela faz a mesma atividade que eu faço."
Sobre o Icep, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que "em anos anteriores" colocou "emenda [orçamentária] pessoal para eles". "Nunca emenda direta para entidade, mas de secretaria de governo. No passado, já fiz pedido. Também posso ter dado referência."
Fernanda Ferreira, da Fundação Oscar Rudge, afirma que a verba foi pedida pela própria entidade ao ministério e que já desenvolve outros projetos com verbas federais. "Não tem a ver com política."
A presidente da Fedecma e mãe do secretário de Estado da Juventude (PDT-MA), Marileide Rocha, diz que "lutou bastante" para que o projeto acontecesse no Maranhão, realizando até reuniões com pessoas do ministério.
Gilson Lima, representante da Catalisa, diz que a entidade não tem "envolvimento político". "Na verdade, o que a gente andou tomando conhecimento é que o Ademir Camilo é um deputado da região."
O presidente da Brasil Voluntário, Saney Sampaio, admitiu doação a Chico Leitoa, ex-prefeito de Timon pelo PDT. Disse que conhece Leitoa por meio do filho dele, o deputado federal Luciano Leitoa (PSB-MA). O presidente da ONG informou que é amigo de Luciano e trabalhou como secretário parlamentar do deputado. Ele diz que a ONG não foi beneficiada pela proximidade com os deputados. "O projeto era muito bom."
Lourdes Luna, secretária-executiva do grupo Mulher Maravilha, confirma que o deputado Paulo Rubem Santiago (PDT-PE) é "colaborador" da ONG e diz que os dois são amigos e trabalharam juntos em outra ONG. No ano passado, para a aprovação do projeto, Luna diz que pediu ajuda ao gabinete de Santiago.
A 1ª secretária do Lar São Domingos, Jaci Gomes Duprat, afirma que o ex-governador de Alagoas Ronaldo Lessa (PDT) "é um grande colaborador". "Lessa sempre fez doações."
O deputado Barbosa Neto (PDT-PR) disse que o Ciap foi uma indicação do secretário de Estado do Trabalho, Nelson Garcia. Barbosa Neto disse que conheceu o pessoal do Ciap na assinatura do convênio.
Procurados, os demais citados na reportagem não foram localizados ou não responderam aos pedidos de entrevista.


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