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Crise reduz arrecadação em R$ 1 bilhão em janeiro
Desaceleração econômica explica 25% da perda de receitas no mês, estima o governo
Ao todo, recuo no 1º mês do ano chegou a R$ 4,4 bilhões; compensação de tributos da Petrobras e desonerações também levaram à queda
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo estima que deixou
de arrecadar R$ 1 bilhão em janeiro por consequência direta
da crise. Isso corresponde a
quase 25% de toda a perda de
receitas no mês passado. O restante, R$ 3,312 bilhões, é explicado pela equipe econômica
por fatores conjunturais.
Quando comparada a janeiro
de 2008, a arrecadação neste
ano caiu R$ 4,4 bilhões. Naquele mês, a Receita arrecadou
R$ 59,4 bilhões, sem considerar a atualização pela inflação.
O desempenho na arrecadação de janeiro serve como termômetro da intensidade da crise. Os piores indicadores da
economia até agora foram os de
dezembro, mês que serve de
base para o recolhimento dos
tributos de janeiro.
Na avaliação da equipe econômica, o impacto ainda é pequeno, mas as chances de esse
cenário benigno não se manterem são altas, uma vez que há
muita incerteza no cenário
mundial. Aumentos na folha de
pagamentos, com despesas de
aposentadorias e pensões, e novas desonerações de impostos
pressionarão o caixa federal.
Para Amir Kahir, especialista
em contas públicas, "a arrecadação de abril, quando começa
a ser pago o Imposto de Renda,
funcionará como uma primeira
indicação do que pode ocorrer
no ano. Até lá, tudo é chute".
A principal razão para a perda na arrecadação de janeiro foi
uma compensação de tributos
da Petrobras. Em outubro, a
empresa recolheu R$ 1,1 bilhão
a mais em impostos e no mês
passado abateu esse valor do
recolhimento devido na Cide,
contribuição que incide sobre
combustíveis, e na Cofins, que
financia a seguridade social.
Outras fontes de queda da receita em janeiro têm uma relação apenas indireta com a crise
na medida em que espelham
desonerações feitas pelo governo. É o caso, por exemplo, da
redução de impostos sobre automóveis (R$ 350 milhões).
A postergação de janeiro para fevereiro do recolhimento de
micro e pequenas empresas
(R$ 300 milhões) deve entrar
no caixa neste mês e aumentar
a arrecadação do Simples. No
caso da CPMF, a queda era esperada uma vez que a cobrança
do tributo não foi renovada e a
Receita recolheu apenas uma
parcela em janeiro de 2008.
Desde a piora na crise, o governo vem registrando resultados negativos na arrecadação.
Em novembro, o total recolhido foi 2,13% inferior ao mesmo
mês de 2007 e em dezembro,
4,58%, na mesma comparação.
Gastos
Pelo lado das despesas, o governo espera aumento de R$ 22
bilhões na folha de servidores
em 2009 quando comparada à
do ano passado. É dinheiro suficiente para duplicar o tamanho do Bolsa Família, que atende 11 milhões de famílias.
O reajuste do salário mínimo
para R$ 465 terá impacto nas
contas da Previdência. As projeções oficiais eram de um ligeiro aumento no déficit -de
R$ 38,1 bilhões em 2008 para
R$ 40,9 bilhões. Mas o aumento no desemprego será crucial
para determinar essa trajetória, já que a arrecadação cai
com a queda no número de empregos formais.
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