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Patrão e empregado são contrários
DA FOLHA ONLINE
É uma unanimidade: empresários, economistas, dirigentes empresariais e sindicais e até mesmo
os beneficiados pela proposta do
governo, os aposentados, são
contrários ao aumento da contribuição previdenciária para o pagamento dos atrasados.
E o motivo é em geral o mesmo:
a possibilidade de elevação do desemprego e do aumento da informalidade do mercado de trabalho
com o custo maior de contratação
para as empresas. Palavras como
"impensável", "inacreditável" e
"inimaginável" foram usadas para definir a proposta.
"É inacreditável que ainda se
considere a possibilidade de resolver um problema como esse
com um recurso que o país não
tem mais: o aumento da carga tributária", afirmou o presidente da
CNI (Confederação Nacional da
Indústria), deputado federal Armando Monteiro Neto (PTB-PE).
Segundo ele, a proposta foi mal
recebida por todo o setor produtivo. "É um péssimo sinal que se coloca num momento em que o país
precisa cumprir uma agenda positiva, que garanta o crescimento
e a criação de empregos. É um sinal invertido", afirmou.
Para o Iedi (Instituto de Estudos
para Desenvolvimento Industrial), ao elevar o custo do trabalhador, incentiva a informalização e, com isso, tira a eficácia da
medida. "O aumento da informalização reduz a arrecadação previdenciária. Ou seja, o que o governo ganha com o aumento da alíquota do INSS perde na base de
contribuintes", disse o diretor-executivo do Iedi, Júlio Gomes de
Almeida.
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) foi
além e classificou a proposta como exemplo da falta de "sensibilidade e bom senso" do governo.
"É um absurdo. Essa proposta é
inimaginável. O governo não está
tendo o bom senso e a sensibilidade de perceber que a sociedade
não admite mais aumento de carga tributária", disse Roberto Faldini, diretor do Departamento de
Economia da Fiesp.
Na visão do novo presidente da
Febraban (Federação Brasileira
dos Bancos), Márcio Cypriano, o
governo tem condições de criar
fontes de recursos que não seja o
aumento da carga tributária.
"Uma medida como essa não tem
o menor sentido. É impensável.
Falta criatividade ao governo."
Para o presidente da Bracelpa
(associação dos fabricantes de papel e celulose), Boris Tabacof, se
colocada em prática, a proposta
vai elevar a carga tributária do
país, considerada uma das mais
altas do mundo sem beneficiar
nenhum dos atingidos.
"O pior é que não haverá benefício nenhum para o trabalhador,
que terá sua renda reduzida. Isso é
ruim para o consumo e ruim para
a atividade industrial", disse ele.
Centrais
A CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a Força Sindical,
maiores centrais sindicais do país,
também criticaram a proposta.
"Defendemos o pagamento dos
aposentados, mas não por meio
da elevação de impostos e contribuições. Não vamos concordar de
jeito nenhum com essa proposta,
que só vai elevar a informalidade
da mão-de-obra", disse o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.
A Executiva Nacional da CUT se
reúne só na terça-feira para discutir qual será a posição oficial da
central sindical sobre o aumento
da contribuição previdenciária.
Mas o secretário-geral da CUT,
João Felício, disse que dificilmente a central concordará com a proposta. "Não considero adequado
pagar essa dívida com o dinheiro
do trabalhador. Essa proposta vai
aumentar a alíquota do INSS e reduzir o poder de compra do trabalhador", disse Felício.
Alternativas
Ao criticar a proposta, o presidente da Cobap (Confederação
Brasileira de Aposentados e Pensionistas), João Rezende Lima,
afirmou que o pagamento da correção das aposentadorias pode
ser feito com os recursos da seguridade social -compostos pela
arrecadação da Cofins, da CPMF
e da CSLL.
"Basta cumprir o que está na
Constituição e usar o dinheiro da
seguridade social", disse Lima.
A CNI sugere que o governo utilize ativos públicos da própria
Previdência ou de empresas estatais para financiar o pagamento
da dívida com os aposentados.
Já a Força Sindical defende que
o dinheiro da correção das aposentadorias seja retirado dos juros
da dívida do país que são pagos ao
FMI (Fundo Monetário Internacional).
(ELAINE COTTA e FABIANA FUTEMA)
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