São Paulo, sábado, 20 de março de 2004

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MAIS UM

Presidente afirma que o governo poderá discutir redução de impostos dos carros em troca da criação de empregos

Lula acena com novo acordo para montadora

PAULO PEIXOTO
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BETIM

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem na fábrica da Fiat Automóveis, em Betim (MG), que o governo poderá convocar novamente as montadoras para discutir um novo acordo que incremente a venda de veículos no mercado interno.
Lula, no entanto, aventou a possibilidade de, no eventual acordo, ser discutido não apenas a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) em troca da estabilidade de empregos e manutenção de preços, como de costume, mas também a criação de mais postos de trabalho. Sugeriu que Estados e municípios abram mão de receitas tributárias.
Lula tocou no assunto, em discurso, ao afirmar que foi interpelado por diretores e trabalhadores da montadora sobre a redução do IPI para que mais carros sejam vendidos. O novo acordo teria termos parecidos com o de 1992.
"Um acordo como esse pode ser feito, e o governo estará totalmente aberto para convocar outra vez a indústria automobilística e ver que tipo de política podemos adotar para facilitar não apenas a venda do carro, mas para garantir que as empresas contratem mais trabalhadores para que a gente possa gerar os empregos necessários no país", afirmou.
Lula acrescentou: "Na verdade, todos ganham, porque as empresas vão produzir, os trabalhadores vão ter emprego e os Estados vão arrecadar mais por conta da quantidade de carros que for vendida no mercado interno. Essa é uma coisa que nós poderemos fazer". Lula não marcou data.
Vigorou até o mês passado o último acordo entre governo e montadoras, pelo qual o IPI foi reduzido em três pontos percentuais. As empresas mantiveram os empregos e não reajustaram os preços até dezembro. Após o fim do acordo, as empresas começaram a reajustar os preços, com impacto nas vendas.
Lula foi à Fiat assinar convênios na área social. A empresa vai construir minibarragens no Vale do Jequitinhonha, a região mineira mais pobre, e doou um carro para o Fome Zero. Foi a primeira vez que Lula foi à Fiat.
Falando a cerca de 3.000 operários, Lula disse que os juros no Brasil continuam altos porque o governo ainda busca dar credibilidade interna e externa ao país.
Em tom didático, Lula disse que a questão é "delicada". Explicou que a taxa é alta por causa do controle da inflação. Disse que o governo poderia usar outras medidas, como o controle de preços e a redução do imposto de importação, mas essas medidas causariam aumento de preços no "mercado paralelo" e "desemprego".



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