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MEDICAMENTO
Reajuste médio para cada fabricante fica limitado a 5,7%; correção passa a valer a partir do próximo dia 31
Remédio pode ter aumento de até 6,2%
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os preços dos medicamentos
controlados pelo governo federal,
entre eles os de uso contínuo e antibióticos, poderão ser reajustados a partir do próximo dia 31 em,
no máximo, 6,2%. O próximo
reajuste será em março de 2005.
O reajuste médio para cada fabricante fica limitado a 5,7%. Isso
quer dizer que, para aumentar em
6,2% um remédio sob controle de
preço, o laboratório será obrigado
a aplicar um percentual menor ou
até reduzir o valor de outros produtos para que a correção média
fique em 5,7%.
A regra vale para cerca de 12 mil
apresentações de medicamentos.
Estão fora os remédios que não
têm o valor controlado, como fitoterápicos, homeopáticos e mais
1.800 apresentações de remédios
com venda livre (que não precisam de prescrição médica).
Os índices foram divulgados
ontem pela CMED (Câmara de
Regulação do Mercado de Medicamentos), criada em junho do
ano passado. A última autorização de aumento havia sido dada
em setembro, quando o percentual médio foi de 2%.
O controle de preços de remédios foi instituído em 2001, ainda
na gestão do tucano José Serra no
Ministério da Saúde.
Para poder aplicar o novo índice, as empresas e laboratórios devem apresentar à câmara um relatório de comercialização com os
preços que pretendem cobrar do
consumidor. O documento deve
ser entregue até o dia 30.
Caso a empresa desobedeça as
novas regras, a CMED pode abrir
um processo administrativo para
apurar a infração. A multa varia
de R$ 212 a R$ 3 milhões por infração. Desde 2001, foram instaurados 76 processos administrativos.
Para calcular o reajuste médio
deste ano, a CMED levou em consideração o índice de 3,34% do IPCA (Índice de Preço ao Consumidor Amplo), de setembro a fevereiro, e 2,28% decorrentes do fim
da isenção tributária do Imposto
de Importação de medicamentos.
A partir da criação da câmara
(composta pelos ministérios da
Saúde, Fazenda, Casa Civil e Justiça), o governo decidiu reajustar os
preços uma vez por ano, sempre
em 31 de março, usando a variação do IPCA desde o último aumento, além de ganhos de produção das empresas e nível de monopólio dos produtos.
Em nota divulgada ontem à noite, a Febrafarma (Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica)
informou que o índice autorizado
pelo governo ficou "dentro do esperado", mas "não recompõe a
variação total de custos desde o
início do controle".
De acordo com o documento,
entre dezembro de 2000 e fevereiro deste ano, o Índice de Preços
por Atacado (IPA-DI), da Fundação Getúlio Vargas, somou
64,49%. No mesmo período, o índice de reajuste autorizado foi de
cerca de 44,10%.
Para o presidente-executivo da
Febrafarma, Ciro Mortella, a entidade vai continuar discutindo os
preços com a CMED.
"Se o governo quer fazer política industrial, e o setor farmacêutico é um dos envolvidos, o governo terá que continuar discutindo
essa questão", disse ele, lembrando que o preço médio dos remédios no Brasil é um dos mais baratos do mundo.
Os medicamentos com valor
controlado representam cerca de
96% do total de apresentações
disponíveis no mercado.
"Essas diferenças entre os reajustes concedidos pelo governo e
a variação dos custos da cadeia
farmacêutica, nos últimos três
anos, reduziram as margens da
indústria", afirma a nota da Febrafarma, que representa 15 entidades do setor, com 252 empresas.
(LUCIANA CONSTANTINO)
Mais informações na página da Anvisa
na internet (www.anvisa.gov.br)
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