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APOIO
Evento é marcado por discursos favoráveis à atual política econômica
Posse do novo presidente da Febraban vira ato pró-Lula
ELIANE CANTANHÊDE
EM SÃO PAULO
GUILHERME BARROS
DO PAINEL S.A.
Apesar das turbulências políticas -minimizadas como "soluços" pelo banqueiro Lázaro Brandão (Bradesco)-, a solenidade
de posse do novo presidente da
Febraban (Federação Brasileira
de Bancos), Márcio Cypriano,
transformou-se ontem numa festa de apoio ao governo Lula, principalmente à política econômica.
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) ficou preso no
trânsito e foi o último a chegar,
mais de duas horas depois do início da solenidade, que começou
às 17h30, no hotel Transamérica,
em São Paulo. Mesmo assim, foi
uma das estrelas da noite, citado
em quase todos os discursos.
Também presente, o ministro
José Dirceu (Casa Civil) chegou
cedo, sentou-se à esquerda de
Cypriano e passou em silêncio as
cerca de três horas da solenidade,
que teve muitos e longos discursos, sob um ar condicionado congelaste. No final, Fábio Barbosa,
presidente do ABN Amro, reclamou: "Estou com dor nas costas
de tanto frio".
Discursaram Palocci, Henrique
Meirelles (Banco Central), os antigos e os novos presidentes da
Febraban e da CNF (Confederação Nacional das Instituições Financeiras), a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), e o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB).
Marta, a única mulher na mesa
principal e uma das poucas presentes, fez um apelo a uma "nação
unida" e condenou a "politicagem irresponsável".
Alckmin, que fez o discurso
mais rápido e de improviso, foi o
mais aplaudido. Numa solenidade de banqueiros e petistas, o tucano manifestou apoio a Palocci e
à estabilidade. Defendeu, ainda,
que as questões partidárias não
prejudicassem o país.
À saída, Lázaro Brandão comentou com a Folha que a crise
desencadeada pelo caso Waldomiro Diniz (o assessor de Dirceu
filmado pedindo propina) não interferiria na economia: "São soluços, mas o país caminha. O que
está acontecendo agora são pequenas travas na economia, o crédito ainda não aumentou, mas isso passa".
Se não quis comentar a pequena
queda do juros (0,25 ponto percentual), decidida na quarta-feira,
Brandão sorriu ao falar sobre a hipótese levantada pelo ministro
Almir Lando (Previdência) de aumento de três pontos percentuais
na contribuição previdenciária de
empregados e empregadores: "Isso não vai prosperar".
Essa foi também a opinião do
presidente da Fiesp (Federação
das Indústrias do Estado de São
Paulo), Horacio Lafer Piva, um
dos poucos representantes do setor produtivo na solenidade. Segundo Piva, "isso [o aumento da
alíquota] não pode ser sério".
Os ministros já tinham saído,
quase fugido, antes mesmo do coquetel. Cercados por uma multidão de jornalistas, câmeras e gravadores, Dirceu e Palocci conseguiram se esgueirar pela cozinha
sem abrir a boca.
As portas fecharam-se, e Meirelles, que vinha logo atrás, ficou
trancado do lado de fora. Mas por
pouco. Logo alguém entreabriu a
porta, e ele também escapou.
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