São Paulo, terça-feira, 20 de março de 2007

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Mercado Aberto

guilherme.barros@uol.com.br

Ultra foi o maior ganhador na compra do grupo Ipiranga

O grupo Ultra, de Paulo Cunha, foi o grande vencedor da operação anunciada ontem de US$ 4 bilhões de compra do grupo Ipiranga pelo consórcio formado pelo próprio Ultra, pela Braskem e pela Petrobras. Da noite para o dia, o grupo Ultra, que não participava do mercado de distribuição de combustível, passou a deter 15% do setor no país, com os 3.200 postos Ipiranga das disputadas regiões do Sul e Sudeste.
O desejo do grupo Ultra de comprar os postos Ipiranga não é novo. Logo depois de ter perdido a disputa pela compra da Copene para a Odebrecht, no final de 2000, que originou a criação da Braskem, Paulo Cunha passou a mirar na Ipiranga e na possibilidade de ingressar em um novo e promissor de setor -o de distribuição de combustível.
A Ipiranga já começava a viver um problema que poderia gerar conflitos de gestão. Controlada por cinco famílias, o grupo Ipiranga enfrentava problemas sucessórios, o que prejudicava seus planos de investimento. Segundo analistas do mercado, a empresa estava engessada.
Em 2002, Paulo Cunha fez sua primeira ofensiva para adquirir a empresa. O empresário chegou a assinar um memorando de entendimento com a Petrobras para ser sua sócia na operação, mas o negócio não prosperou.
De lá para cá, a Ipiranga negociou com diversos outros interessados. Entre eles, a Repsol e a Total. No final do ano passado, o grupo Ultra voltou a atacar e chamou a Braskem e a Petrobras para fazer parte do negócio. A negociação durou apenas cinco meses, sem tempo até para "due diligence".

entrevista

"Vamos energizar essa companhia"

Assim como vários envolvidos na operação da Ipiranga, Paulo Cunha virou duas noites consecutivas para fechar o negócio. Ontem, ele trabalhou normalmente em seu escritório, sem esconder a alegria com a operação. "Vamos energizar essa companhia." Uma curiosidade: as duas empresas nasceram no mesmo ano, 1937, portanto há 70 anos. "Para quem acredita em astros, um belo sinal. Para mim, uma bela coincidência."  

FOLHA - O grupo Ultra foi quem mais ganhou com a operação?
PAULO CUNHA
- O negócio é bom para o país e para todas as empresas. O setor de distribuição de petróleo se tornará mais dinâmico. As atividades nessa área estavam trancadas por força de circunstâncias do grupo Ipiranga. Estamos preparados para desenvolver a empresa. Vamos energizar essa companhia.

FOLHA - O sr. pretende investir quanto?
CUNHA
- Vamos investir muito, desde já. Tornaremos a companhia mais eficiente, maior e mais dinâmica. O mercado vai mudar muito com a ampliação da presença do álcool, e nós estaremos presentes nessa hora.

FOLHA - Haverá mudanças?
CUNHA
- Não iremos mexer na estrutura operacional da Ipiranga nesse instante.

VERDE-E-AMARELO
A operação de compra da Ipiranga pelo consórcio Ultra, Petrobras e Braskem foi toda arquitetada por Pércio de Souza, criador da butique de investimentos nacional Estater Gestão e Finanças. Especializado em fusões e aquisições, ele compete com gigantes como ABN Amro, UBS e Credit Suisse.

PERUANITA
A peruana Taca anuncia, na semana que vem, a duplicação de oferta de vôos de capitais como Buenos Aires, Quito, Bogotá, Caracas e São Paulo para Lima. Em SP, haverá dois vôos diários.

SOMBRERO
Guilherme Lacerda, presidente da Funcef, está no México para apresentar práticas de governança corporativa do fundo de pensão. Dará palestra em seminário com representantes das empresas do Círculo de Companhias da América Latina, que inclui Ultrapar e Suzano, grupo Corvi e Holding del Golfo (México), Atlas Eléctrica (Costa Rica).

PÉ DE ATLETA

Chega nesta semana, ao Brasil, a marca de tênis Brooks, voltada para corredores. Os responsáveis são os empresários e maratonistas Ely Behar e Luca Radial. Focada no segmento de corrida, a marca de tênis será encontrada somente em lojas especializadas. "Queremos dar atendimento técnico ao cliente", diz Behar. Segundo ele, a idéia é começar trazendo os produtos para São Paulo, Rio e Paraná. Até 2009, a distribuição será completa, em nível nacional. "Queremos fazer isso gradualmente, para respeitar o processo de construção da marca no Brasil."

DEGUSTAÇÃO

A Cooperativa Vinícola Aurora inaugurou ontem a Casa Aurora em São Paulo, um showroom com sala de degustação para receber o público. A cooperativa, fundada há 76 anos na Serra Gaúcha, faturou 14% a mais em 2006, com relação a 2005, ultrapassando R$ 152,5 milhões. "A cooperativa sentiu necessidade de se aproximar do público, por isso abrimos a casa", diz Carlos Zanotto, o superintendente da cooperativa. Na inauguração do novo espaço, foi apresentado o Aurora Millesime, da safra de 2004.

ELEITO
Jorge Gerdau Johannpeter foi eleito pelo Lide para receber o prêmio Personalidade Empresarial de 2007 no sexto Fórum Empresarial de Comandatuba, na noite de 20 de abril. Já confirmaram presenças no Fórum os governadores Jaques Wagner (Bahia), Sérgio Cabral (Rio), Eduardo Campos (Pernambuco) e Cássio Cunha Lima (Paraíba).


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