São Paulo, terça-feira, 20 de março de 2007

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Concentração preocupa os concorrentes

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

PEDRO SOARES
EM SÃO PAULO

O aumento da participação da Petrobras Distribuidora no mercado de combustíveis nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, após a compra de parte da rede de distribuição do grupo Ipiranga, é visto com preocupação pelas demais distribuidoras.
Segundo levantamento feito pelo Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes), a estatal terá 59,4% do abastecimento na região Norte, com 51,1% na região Centro-Oeste, 56,4% no Distrito Federal e 47,5% no Nordeste.
Antes da negociação, a BR Distribuidora detinha uma fatia de 32% do mercado nacional, enquanto a do grupo Ipiranga era de 17,3%.
Pelo acordo, o grupo Ultra ficará com as operações de distribuição de combustíveis nas regiões Sul e Sudeste, enquanto a BR assumirá as operações no Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Distrito Federal.
Quando a operação estiver consumada, a BR ficará com 36,4% do mercado nacional, e o grupo Ultra, com 12,9%.
O diretor de Suprimento e Distribuição da Esso, Leonardo Gadotti Filho, que é também vice-presidente do Sindicom, disse à Folha que a concentração de mercado em mãos da Petrobras preocupa as outras distribuidoras, mas as informações ainda são incipientes para uma tomada de posição.
O diretor da Texaco Artur Ituassu, que também integra a diretoria do Sindicom, declarou-se igualmente preocupado com o fato de a BR passar a dominar mais de 50% do mercado nas regiões Norte e Centro-Oeste.
No entanto acha provável uma ação do Sindicom contrária à compra no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Executivos do setor que preferiram não se identificar estranharam o interesse da estatal nessas regiões onde já tinha forte presença e nas quais os postos são menos rentáveis.
Já o vice-presidente da AleSat, com forte atuação no Nordeste, não se disse preocupado, pois a Petrobras já poderia adotar "práticas predatórias" se quisesse, dado seu peso na região.
Na avaliação de Paulo Miranda, presidente em exercício da Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes), os revendedores estão preocupados com a excessiva "concentração e verticalização" do setor. Sentiram, porém, "um alívio" com a entrada da Petrobras no negócio. Segundo ele, temiam especialmente uma entrada agressiva da venezuelana PDVSA, que chegou até a negociar a compra da Ipiranga.


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