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Anatel nega TV por assinatura à Telemar
Tele havia pago R$ 132 mi pela Way Brasil (MG); agência diz que fixas não podem controlar TV a cabo na mesma área de concessão
No início do mês, reguladora havia concedido à Telefônica autorização para operar TV por
assinatura, mas via satélite
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Anatel (Agência Nacional
de Telecomunicações) decidiu
que a Telemar não poderá comprar a operadora de TV a cabo
Way Brasil. Segundo a agência,
o contrato de concessão das
prestadoras de telefonia fixa local impede que elas controlem
empresas de TV a cabo na mesma área de concessão.
Em julho do ano passado, a
Telemar comprou a Way Brasil
por R$ 132 milhões. A empresa
oferece TV por assinatura a 60
mil clientes em Poços de Caldas
(MG), Barbacena (MG), Uberlândia (MG) e Belo Horizonte
(MG). Minas Gerais faz parte
da área de concessão da operadora de telefonia fixa local Telemar, ao lado de Rio, Espírito
Santo, Amazonas, Pará, Roraima, Amapá e a região Nordeste.
De acordo com a agência reguladora, a conclusão do negócio estava condicionada à
anuência prévia, e o dinheiro,
depositado em uma conta especialmente criada para isso. Como a anuência foi negada, na
prática é como se a operação
não tivesse acontecido.
Há 11 dias, a Anatel deu autorização para que a Telefônica
operasse TV por assinatura via
satélite (tecnologia DTH). A
Embratel também está no mercado de TV por assinatura, associada à Net (Globo).
Ontem, a agência explicou
por que a Telemar não teve direito de entrar no mercado via
Way Brasil. Segundo o relator
do caso, Pedro Jaime Ziller, a
cláusula 14.1 do contrato de
concessão impede que a Telemar opere TV por cabo. Se fosse via satélite (DTH) ou microondas (MMDS), não haveria
restrição.
No caso da Telefônica, a tecnologia era o DTH, por isso
houve liberação. A Embratel,
por sua vez, não é concessionária de telefonia fixa local e, por
isso, não há a mesma restrição
que existe para a Telemar.
Segundo a agência, essa restrição existe para as concessionárias locais porque elas já detêm os fios de acesso às residências e, se operarem TV por
assinatura via cabo, tornam
muito difícil a existência de
competição nesse mercado.
No final de outubro, o ministro Hélio Costa (Comunicações) chegou a dizer que a área
técnica da Anatel não havia encontrado obstáculos à compra
da Way Brasil pela Telemar e
que a operação seria aprovada.
De fato, a Superintendência
de Comunicação de Massa da
agência não vetou a operação.
Nas agências reguladoras, as
superintendências fazem relatórios técnicos, que são analisados pelo conselho diretor, e
quem decide é o conselho. "A
abordagem que eu fiz não foi
feita pelos demais [área técnica
da agência]", disse Ziller.
A Superintendência de Comunicação de Massa analisou a
questão do ponto de vista da
Lei do Cabo (8.977/95) e avaliou que não haveria problema.
Associação de TVs
O presidente da ABTA (Associação Brasileira de TV por Assinatura), Alexandre Annenberg, comemorou a decisão. "É
um sinal importante para os
mercados interno e externo,
com potenciais investidores, de
que é possível confiar no marco
regulatório brasileiro", disse.
A entidade vinha se pronunciando contra a operação desde
que ela foi anunciada.
Segundo a ABTA, a compra
da operadora de TV a cabo iria
contra a Lei do Cabo, a Lei Geral de Telecomunicações e o
contrato de concessão das operadoras de telefonia fixa local.
Colaborou a Reportagem Local
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