São Paulo, terça-feira, 20 de abril de 2004

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PÉ NO FREIO

Subsecretário dos EUA descarta cenário de altas significativas em taxas

Juro não traz risco ao Brasil, diz Taylor

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O subsecretário do Tesouro dos Estados Unidos, John Taylor, disse ontem que não vê perspectivas de elevação significativa nos juros globais que possa causar problemas à economia brasileira.
"Não vejo uma mudança grande nas taxas de juros no mundo que possa afetar a economia brasileira", disse Taylor ontem à noite, em entrevista conjunta com o secretário do Tesouro do Brasil, Joaquim Levy, e com o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Marcos Lisboa.
Ao ser questionado sobre se os juros nos EUA subirão nos próximos meses e como isso afetaria a economia brasileira, Taylor evitou especular sobre o aumento, mas afirmou que não se deve olhar apenas para as taxas do seu país, e sim para as globais.
Para ele, embora o que aconteça com os juros no mundo seja importante, o decisivo para o Brasil é o andamento da política econômica. "O que influencia a taxa no Brasil é o que está acontecendo no Brasil", disse o subsecretário, após ter feito elogios à condução da economia brasileira.
O secretário Levy disse que, quando se pensa que os juros dos Estados Unidos podem aumentar, é importante ter em mente que, se isso ocorrer, é porque a economia americana está crescendo e que, se ela cresce, há vantagens a serem aproveitadas. "Se formos um país arrumado [economicamente], vamos estar preparados para aproveitar."

Infra-estrutura
Taylor foi diplomático ao falar sobre a sugestão brasileira de que o FMI (Fundo Monetário Internacional) modifique os critérios de avaliação das contas públicas dos países para permitir que investimentos em infra-estrutura sejam tratados como inversões produtivas, e não como despesas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem buscando apoio internacional para a mudança.
O subsecretário disse que os investimentos públicos "são essenciais e fazem diferença para o crescimento econômico". Segundo ele, nos Estados Unidos, há diversidade na contabilidade pública em relação a essas inversões. O governo federal usa o mesmo critério usado pelo Brasil, mas vários Estados usam critérios diferentes.
Segundo Taylor, os Estados Unidos não se opõem a que o Brasil busque uma maneira de viabilizar esses investimentos. Levy disse que as mudanças, que buscam aproximar a contabilidade pública da privada, dependem de soluções técnicas, e não apenas políticas. Segundo ele, os Estados Unidos são favoráveis a mudanças, desde que as contas fechem.
Os secretários brasileiros e o subsecretário norte-americano passaram o dia reunidos na FGV (Fundação Getúlio Vargas), onde discutiram propostas de estímulo ao crescimento econômico, especialmente às pequenas empresas.
A reunião, a segunda desde agosto do ano passado, é resultado de acordos assinados na visita do presidente Lula aos Estados Unidos em junho de 2003.


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