São Paulo, quinta-feira, 20 de abril de 2006

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MERCADO ABERTO

Baixa do juro não compensa gasto maior

A redução dos juros prevista para este ano pode não ser suficiente para compensar a queda no superávit primário, de 5% para 4,3% do PIB.
Se os juros caírem cerca de 2 pontos percentuais, o ganho do governo poderá atingir até R$ 10 bilhões, numa estimativa otimista. Já a queda no superávit primário, de 0,7 ponto percentual do PIB, representará uma alta nos gastos de até R$ 14 bilhões.
O alerta é do economista Raul Velloso, ao comentar os resultados das contas públicas no início deste ano. Segundo ele, os números de janeiro e fevereiro são preocupantes e pressupõem um certo pessimismo para o ano. "Há riscos de estremecimentos."
O economista acha que esse fato, de redução do superávit primário, que começa a ser observado neste ano, decorre de um problema estrutural, e não somente das eleições. De acordo com Velloso, há sinais evidentes de esgotamento da política de geração de superávits primários que vem sendo adotada desde 1999.
Para Velloso, os crescentes superávits primários sempre foram alcançados às custas de aumento da arrecadação e de corte nos investimentos, e nunca por meio de redução dos gastos. "Um dia o aumento da arrecadação iria esbarrar num teto, e o corte de investimentos, num piso", diz.
O dia do esgotamento dessa política pode ter chegado. Segundo Velloso, os sinais são evidentes. Um deles, por exemplo, foi, no ano passado, o governo não ter conseguido aprovar a MP 232, que aumentava o imposto dos prestadores de serviços.
Para Velloso, a ficha do esgotamento dessa política ainda não caiu até agora porque o crescimento mundial mascara todos os problemas. Se o tempo virar, com a alta do preço do petróleo e a ameaça de guerra no Irã, os ventos podem mudar.

ÀS CLARAS
A operação brasileira da americana Cummins Power Generation irá embarcar, de maio a setembro, um lote de 140 geradores de energia fabricados no país para o Iraque. A venda, que deve render à filial brasileira cerca de US$ 5 milhões, faz parte de um pacote de 400 geradores negociados pela Cummins no exterior com uma empresa americana que participa da reconstrução iraquiana, no valor de US$ 15 milhões. E já existem acordos preliminares para a venda de outras 400 máquinas, diz Fausto Ferrari, executivo da companhia no país. Os geradores que serão embarcados foram adaptados para trabalhar em ambientes com temperaturas mais elevadas, a 50º C, e com forros acústicos, uma vez que devem operar 24 h por dia. Segundo ele, as exportações respondem por algo entre 70% e 75% das vendas em volume da filial, mas essa participação tem caído.

ACIMA DO MERCADO
A Siemens anuncia nesta semana que pretende atingir em participação de mercado, até 2007, quase metade (45%) do segmento de imagem molecular, utilizado para diagnóstico precoce do câncer. A meta da empresa é superior ao crescimento do mercado. No Brasil, o setor de imagem molecular teve faturamento de R$ 44 milhões em 2005, e a previsão é que cresça 30% neste ano. O anúncio será em evento do setor em SP.

NOVO COMANDO
Luiz Augusto Rosa Gomes assume hoje a Cavo, empresa de gestão ambiental do grupo Camargo Corrêa. Ele substitui Humberto Junqueira de Farias, que passa a dirigir a argentina Loma Negra. A Cavo cresceu 9% no primeiro trimestre ante o mesmo período de 2005.

AULA INTERNACIONAL
O especialista em negócios internacionais Brian Silverman vem ao país para o 1º Simpósio Internacional de Administração e Marketing e o 3º Congresso de Administração, na próxima semana, na ESPM, em São Paulo.

CASA NOVA
O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci Filho já está morando em novo endereço em Brasília. Ele deixou a residência oficial do cargo na terça-feira.

APOIO DECORADO
A Casa Cor de 2006 já tem seis novos apoios. A rede Ponto Frio dará apoio nacional e a DaimlerChrysler, a Gyotoku e a Bosch darão apoio em São Paulo. A Colgate e a Reckitt Benckiser farão ações para produtos.

QUÍMICOS EM ALTA
O setor de distribuição de produtos químicos e petroquímicos teve aumento de 24,4% nas vendas em dólares em março em relação ao mês anterior. O índice supera a expectativa de 17% estimada no Relatório Tendências, da Associquim e do Sincoquim, entidades do setor. Já as vendas em reais tiveram crescimento médio de 23,9%. Os motivos apontados foram a recuperação da atividade industrial nos primeiros meses do ano e o número maior de dias úteis no mês.

NA MIRA
Marcelo Trindade, o xerife do mercado de capitais, diz que a investigação sobre o possível vazamento de informações privilegiadas na operação de pulverização do controle da Telemar deve ser longa, mas entrará na lista de prioridades do órgão. Ele afirma que, na semana passada, o filtro da CVM já tinha detectado um movimento estranho das ações da Telemar e, com a divulgação do fato relevante na segunda, decidiu-se abrir investigação. Dependendo do resultado, a CVM irá abrir ou não inquérito. A CVM também investiga se houve vazamento de informações em operação recente da Embraer, semelhante à da Telemar. Trindade esclarece que, se for detectada irregularidade, as sanções são para as pessoas que se utilizaram das informações privilegiadas, e não às empresas.

PODER DA MARCA
A Microsoft tem a marca mais poderosa do mundo, no valor de US$ 62,04 bilhões, mas o boom econômico chinês já é sentido com a China Mobile, quarta na lista elaborada pela Millward Brown Optimor. O ranking, que quantificou os sentimentos e as percepções de consumidores sobre o momento das marcas e o potencial no futuro, apontou ainda que empresas de varejo mostram forte contribuição às marcas, tendência personificada pelo sexto lugar do Wal-Mart.


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