São Paulo, quinta-feira, 20 de abril de 2006

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FREADA

Recuo é o primeiro desde setembro de 2005; para IBGE, resultado é pontual e não muda tendência de expansão

Vendas do comércio têm queda de 4,1%

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Depois de cresceram com força em janeiro, as vendas do comércio varejista derraparam: em fevereiro, houve queda de 4,13% na comparação com ajuste sazonal com o mês anterior, informou ontem o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Foi a primeira retração desde setembro de 2005. Em janeiro, a expansão havia sido de 4,12%.
Para o IBGE, porém, a freada não chega a representar uma inversão na tendência de crescimento do varejo, sendo apenas uma correção de rota. O que ocorreu foi que o comércio "devolveu" o crescimento atípico de janeiro, fora do padrão histórico para aquele mês, diz Reinaldo Pereira, economista da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.
"É um resultado pontual, que não significa um inversão de tendência, mas sim uma resposta ao forte crescimento de janeiro."
A CNC (Confederação Nacional do Comércio) faz análise semelhante. O economista da entidade, Carlos Thadeu de Freitas, diz que "a forte queda de fevereiro não representa necessariamente uma tendência". Os dados, diz, mostram que o comércio se acomodou em níveis elevados de vendas.
Historicamente, afirma, fevereiro é um mês de fraco nível de atividade do varejo, já que boa parte da renda disponível para consumo das famílias é desviada para o pagamento de impostos cobrados no começo do ano (IPVA, IPTU e outros), matrículas escolares e pagamento de dívidas contraídas no período das festas de final de ano.
Todas as condições que determinaram a expansão do comércio nos meses anteriores, afirma Freitas, não se alteraram: a renda e o emprego se mantêm em alta, os juros estão em queda e o crédito continua aquecido, com prazos cada vez mais dilatados.
O IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo), por sua vez, não se mostrou tão otimista. Afirmou, em relatório, que a magnitude da queda do comércio em fevereiro e seu caráter generalizado "deve ser cuidadosamente avaliado pelos condutores da política econômica". Para o IDV, a evolução do rendimento real da população se recupera de modo "lento" e as taxas finais do crédito ao consumidor não acompanham a redução da taxa Selic.

Setores
Em fevereiro, o comércio refletiu especialmente o fraco desempenho do ramo de híper e supermercados e demais lojas de alimentos, cujas vendas caíram 2,44% ante janeiro.
Todos os grandes ramos do varejo venderam menos. Sob efeito dos preços elevados do álcool e da gasolina, o comércio de combustíveis e lubrificantes registrou retração de 1,92% de janeiro para fevereiro. Em 12 meses, os combustíveis subiram 13%, de acordo com o IPCA.
Já o segmento de tecidos, vestuário e calçados sofreu o impacto do fim do período de promoções de verão, que impulsionam as vendas. Em fevereiro, as vendas do setor tiveram queda de 3,14%.
Ainda beneficiado pelo crédito farto, o ramo de móveis e eletrodomésticos ficou com o melhor desempenho.


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