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FREADA
Recuo é o primeiro desde setembro de 2005; para IBGE, resultado é pontual e não muda tendência de expansão
Vendas do comércio têm queda de 4,1%
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Depois de cresceram com força
em janeiro, as vendas do comércio varejista derraparam: em fevereiro, houve queda de 4,13% na
comparação com ajuste sazonal
com o mês anterior, informou ontem o IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística). Foi a
primeira retração desde setembro
de 2005. Em janeiro, a expansão
havia sido de 4,12%.
Para o IBGE, porém, a freada
não chega a representar uma inversão na tendência de crescimento do varejo, sendo apenas
uma correção de rota. O que ocorreu foi que o comércio "devolveu"
o crescimento atípico de janeiro,
fora do padrão histórico para
aquele mês, diz Reinaldo Pereira,
economista da Coordenação de
Serviços e Comércio do IBGE.
"É um resultado pontual, que
não significa um inversão de tendência, mas sim uma resposta ao
forte crescimento de janeiro."
A CNC (Confederação Nacional
do Comércio) faz análise semelhante. O economista da entidade,
Carlos Thadeu de Freitas, diz que
"a forte queda de fevereiro não representa necessariamente uma
tendência". Os dados, diz, mostram que o comércio se acomodou em níveis elevados de vendas.
Historicamente, afirma, fevereiro é um mês de fraco nível de atividade do varejo, já que boa parte
da renda disponível para consumo das famílias é desviada para o
pagamento de impostos cobrados
no começo do ano (IPVA, IPTU e
outros), matrículas escolares e pagamento de dívidas contraídas no
período das festas de final de ano.
Todas as condições que determinaram a expansão do comércio
nos meses anteriores, afirma Freitas, não se alteraram: a renda e o
emprego se mantêm em alta, os
juros estão em queda e o crédito
continua aquecido, com prazos
cada vez mais dilatados.
O IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo), por sua
vez, não se mostrou tão otimista.
Afirmou, em relatório, que a magnitude da queda do comércio em
fevereiro e seu caráter generalizado "deve ser cuidadosamente
avaliado pelos condutores da política econômica". Para o IDV, a
evolução do rendimento real da
população se recupera de modo
"lento" e as taxas finais do crédito
ao consumidor não acompanham a redução da taxa Selic.
Setores
Em fevereiro, o comércio refletiu especialmente o fraco desempenho do ramo de híper e supermercados e demais lojas de alimentos, cujas vendas caíram
2,44% ante janeiro.
Todos os grandes ramos do varejo venderam menos. Sob efeito
dos preços elevados do álcool e da
gasolina, o comércio de combustíveis e lubrificantes registrou retração de 1,92% de janeiro para fevereiro. Em 12 meses, os combustíveis subiram 13%, de acordo
com o IPCA.
Já o segmento de tecidos, vestuário e calçados sofreu o impacto
do fim do período de promoções
de verão, que impulsionam as
vendas. Em fevereiro, as vendas
do setor tiveram queda de 3,14%.
Ainda beneficiado pelo crédito
farto, o ramo de móveis e eletrodomésticos ficou com o melhor
desempenho.
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