São Paulo, quinta-feira, 20 de abril de 2006

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CRISE NO AR

Empresa consegue manter 60% dos assentos ocupados no início deste mês, mas na ponte aérea índice fica em 39%

Varig mantém ocupação com redução de vôos

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao reduzir sua oferta, enxugando a malha e cancelando vôos, a Varig conseguiu manter nas primeiras semanas deste mês acima de 60% dos seus assentos ocupados nas linhas domésticas. Na ponte aérea Rio/ São Paulo, entretanto, as aeronaves da companhia aérea decolaram com uma taxa de ocupação de apenas 39%.
As taxas de ocupação da TAM e da Gol nesse mesmo trecho no período foram de, respectivamente, 59% e 66%. O número da ocupação na ponte aérea, referente aos 12 primeiros dias deste mês, foi obtido pela Folha junto ao consultor de aviação Paulo Sampaio e confirmado pela aérea. "Anteriormente a linha de maior rentabilidade da Varig era o trecho entre Congonhas e Santos Dumont. Com essa taxa de ocupação, o trecho agora dá prejuízo", disse.
A demanda da Varig nas duas primeiras semanas deste mês, segundo Sampaio, caiu 19% na comparação com o mesmo período do ano passado. A companhia aérea escapou de uma taxa de ocupação ainda menor no período porque reduziu a oferta em uma proporção maior: na comparação com o mesmo período do ano passado, a queda foi de 24%.
No dia 2 deste mês, a Varig parou de voar para seis cidades brasileiras, todas na região Sul do país: Caxias do Sul, Passo Fundo, Londrina, Maringá, Joinville e Navegantes. "São cidades que sempre foram servidas pela Varig. Mas nos últimos anos a TAM e a Gol começaram a penetrar nesses trechos", diz Sampaio.
Com essa redução, a Varig passou a voar para 29 cidades brasileiras. A TAM atualmente voa para 43 municípios, a Gol, para 40.

Mais cancelamentos
A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) informou ontem que nos dez primeiros dias deste mês a taxa de ocupação da Varig foi de 61%, ante 60% em março. Isso se deve, de acordo com analistas, principalmente à redução de oferta: a demanda provavelmente caiu, mas ela reduziu a oferta em uma proporção maior.
Segundo a agência, a Varig não realizou 17% dos seus vôos domésticos programados para os primeiros 10 dias deste mês. O percentual é o mesmo observado em março, e apresenta uma piora ante fevereiro, quando 10% dos vôos previstos não decolaram.
Pelos números da agência, 81% dos vôos domésticos saíram sem atraso nos primeiros dias deste mês, ante 86% de março. No caso dos vôos internacionais, a quantidade de cancelamentos aumentou bastante na comparação dos primeiros 10 dias com março: de 83% para 72%, segundo a Anac.
Também ontem, o DAC (Departamento de Aviação Civil), que gradualmente está sendo substituído pela agência, divulgou números sobre o desempenho operacional da Varig em março, mas em alguns casos os dados são divergentes. Em março, por exemplo, 23% dos vôos nacionais não teriam sido realizados, e não 17%, como diz a Anac. A reportagem não conseguiu contatar a Anac para saber a razão da diferença dos números.

Endosso
Segundo a Folha apurou, em um documento preliminar entregue à Anac por TAM, Gol e BRA, entre outras companhias, essas empresas se comprometem, a pedido da agência reguladora da aviação, a endossar as passagens da Varig, em caso de colapso da aérea. Por essa proposta preliminar, o tempo de validade do endosso variaria de empresa para empresa. As aéreas não confirmaram essa informação.


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