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CRISE NO AR
Empresa consegue manter 60% dos assentos ocupados no início deste mês, mas na ponte aérea índice fica em 39%
Varig mantém ocupação com redução de vôos
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao reduzir sua oferta, enxugando a malha e cancelando vôos, a
Varig conseguiu manter nas primeiras semanas deste mês acima
de 60% dos seus assentos ocupados nas linhas domésticas. Na
ponte aérea Rio/ São Paulo, entretanto, as aeronaves da companhia
aérea decolaram com uma taxa de
ocupação de apenas 39%.
As taxas de ocupação da TAM e
da Gol nesse mesmo trecho no período foram de, respectivamente,
59% e 66%. O número da ocupação na ponte aérea, referente aos
12 primeiros dias deste mês, foi
obtido pela Folha junto ao consultor de aviação Paulo Sampaio e
confirmado pela aérea. "Anteriormente a linha de maior rentabilidade da Varig era o trecho entre Congonhas e Santos Dumont.
Com essa taxa de ocupação, o trecho agora dá prejuízo", disse.
A demanda da Varig nas duas
primeiras semanas deste mês, segundo Sampaio, caiu 19% na
comparação com o mesmo período do ano passado. A companhia
aérea escapou de uma taxa de
ocupação ainda menor no período porque reduziu a oferta em
uma proporção maior: na comparação com o mesmo período do
ano passado, a queda foi de 24%.
No dia 2 deste mês, a Varig parou de voar para seis cidades brasileiras, todas na região Sul do
país: Caxias do Sul, Passo Fundo,
Londrina, Maringá, Joinville e
Navegantes. "São cidades que
sempre foram servidas pela Varig.
Mas nos últimos anos a TAM e a
Gol começaram a penetrar nesses
trechos", diz Sampaio.
Com essa redução, a Varig passou a voar para 29 cidades brasileiras. A TAM atualmente voa para 43 municípios, a Gol, para 40.
Mais cancelamentos
A Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil) informou ontem
que nos dez primeiros dias deste
mês a taxa de ocupação da Varig
foi de 61%, ante 60% em março.
Isso se deve, de acordo com analistas, principalmente à redução
de oferta: a demanda provavelmente caiu, mas ela reduziu a
oferta em uma proporção maior.
Segundo a agência, a Varig não
realizou 17% dos seus vôos domésticos programados para os
primeiros 10 dias deste mês. O
percentual é o mesmo observado
em março, e apresenta uma piora
ante fevereiro, quando 10% dos
vôos previstos não decolaram.
Pelos números da agência, 81%
dos vôos domésticos saíram sem
atraso nos primeiros dias deste
mês, ante 86% de março. No caso
dos vôos internacionais, a quantidade de cancelamentos aumentou bastante na comparação dos
primeiros 10 dias com março: de
83% para 72%, segundo a Anac.
Também ontem, o DAC (Departamento de Aviação Civil),
que gradualmente está sendo
substituído pela agência, divulgou números sobre o desempenho operacional da Varig em
março, mas em alguns casos os
dados são divergentes. Em março,
por exemplo, 23% dos vôos nacionais não teriam sido realizados, e não 17%, como diz a Anac.
A reportagem não conseguiu contatar a Anac para saber a razão da
diferença dos números.
Endosso
Segundo a Folha apurou, em
um documento preliminar entregue à Anac por TAM, Gol e BRA,
entre outras companhias, essas
empresas se comprometem, a pedido da agência reguladora da
aviação, a endossar as passagens
da Varig, em caso de colapso da
aérea. Por essa proposta preliminar, o tempo de validade do endosso variaria de empresa para
empresa. As aéreas não confirmaram essa informação.
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