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TRABALHO
Metade dos pisos pagos no ano passado ficou em até 1,5 salário mínimo
Aumento do mínimo eleva pisos salariais, aponta Dieese
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O aumento real do salário mínimo contribuiu para elevar o valor
do piso salarial médio pago no
ano passado, segundo estudo do
Dieese em 376 negociações coletivas firmadas em 2005.
Mas esse valor ainda é baixo na
análise dos técnicos: metade dos
pisos variou de um salário mínimo (R$ 300) a um salário e meio
(R$ 450) -em valores de 2005.
Foi só a partir de abril deste ano
que o mínimo subiu para R$ 350.
O salário mínimo teve ganho
real (descontada a inflação do período pelo INPC do IBGE) de
8,32%, de 2004 para 2005, quando
passou de R$ 260 para R$ 300.
Nesse mesmo período, o aumento real do piso salarial médio
foi de 6,6%. Em 2004, quando 324
acordos foram analisados pelo
Dieese, o piso salarial médio valia
R$ 439,34. No ano passado, o valor subiu para R$ 495,52.
"As centrais definiram como estratégia defender aumento real
cada vez mais significativo para o
mínimo porque sabem do impacto desse aumento no piso salarial
das categorias e nos reajustes salariais dos trabalhadores", afirma
João Felício, presidente da CUT.
"Os valores estão, entretanto,
muito distantes do ideal. O gasto
das empresas com a folha de pagamento ainda é baixíssimo".
O estudo mostra que apenas 5%
das negociações salariais têm pisos com valores superiores a três
salários mínimos. Em 81% dos
acordos, o valor corresponde a até
dois salários mínimos. "São baixos porque garantem remuneração a trabalhadores de menor escolaridade e mais baixa qualificação", diz José Silvestre de Oliveira,
supervisor do Dieese em SP.
A maior média entre os valores
dos pisos analisados foi paga pelo
setor de serviços: R$ 662,24 (ou
2,19 mínimos). A menor foi paga
aos trabalhadores rurais, R$
349,04. Na indústria, a média foi
de R$ 441,13. No comércio, R$
457,45. "O setor de serviços é pulverizado, inclui desde vigilância
até publicidade. Como a qualificação exigida é maior, isso pode
explicar pisos mais elevados", diz.
Segundo Eleno José Bezerra,
presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo (Força),
para elevar os pisos pagos é preciso criar pisos por profissão. "A
empresa não vai tirar um eletricista para colocar outro, se houver
um piso por profissão. Isso pode
inibir a rotatividade [demitir
quem ganha mais e admitir por
menor salário] como forma de
baratear custos."
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