São Paulo, quinta-feira, 20 de abril de 2006

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TRABALHO

Metade dos pisos pagos no ano passado ficou em até 1,5 salário mínimo

Aumento do mínimo eleva pisos salariais, aponta Dieese

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento real do salário mínimo contribuiu para elevar o valor do piso salarial médio pago no ano passado, segundo estudo do Dieese em 376 negociações coletivas firmadas em 2005.
Mas esse valor ainda é baixo na análise dos técnicos: metade dos pisos variou de um salário mínimo (R$ 300) a um salário e meio (R$ 450) -em valores de 2005. Foi só a partir de abril deste ano que o mínimo subiu para R$ 350.
O salário mínimo teve ganho real (descontada a inflação do período pelo INPC do IBGE) de 8,32%, de 2004 para 2005, quando passou de R$ 260 para R$ 300.
Nesse mesmo período, o aumento real do piso salarial médio foi de 6,6%. Em 2004, quando 324 acordos foram analisados pelo Dieese, o piso salarial médio valia R$ 439,34. No ano passado, o valor subiu para R$ 495,52.
"As centrais definiram como estratégia defender aumento real cada vez mais significativo para o mínimo porque sabem do impacto desse aumento no piso salarial das categorias e nos reajustes salariais dos trabalhadores", afirma João Felício, presidente da CUT. "Os valores estão, entretanto, muito distantes do ideal. O gasto das empresas com a folha de pagamento ainda é baixíssimo".
O estudo mostra que apenas 5% das negociações salariais têm pisos com valores superiores a três salários mínimos. Em 81% dos acordos, o valor corresponde a até dois salários mínimos. "São baixos porque garantem remuneração a trabalhadores de menor escolaridade e mais baixa qualificação", diz José Silvestre de Oliveira, supervisor do Dieese em SP.
A maior média entre os valores dos pisos analisados foi paga pelo setor de serviços: R$ 662,24 (ou 2,19 mínimos). A menor foi paga aos trabalhadores rurais, R$ 349,04. Na indústria, a média foi de R$ 441,13. No comércio, R$ 457,45. "O setor de serviços é pulverizado, inclui desde vigilância até publicidade. Como a qualificação exigida é maior, isso pode explicar pisos mais elevados", diz.
Segundo Eleno José Bezerra, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo (Força), para elevar os pisos pagos é preciso criar pisos por profissão. "A empresa não vai tirar um eletricista para colocar outro, se houver um piso por profissão. Isso pode inibir a rotatividade [demitir quem ganha mais e admitir por menor salário] como forma de baratear custos."


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