São Paulo, quinta-feira, 20 de abril de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para Dilma, governo já ajudou antes

LILIAN CHRISTOFOLETTI
ENVIADA ESPECIAL A OSÓRIO (RS)

A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou ontem que o governo federal já socorreu a Varig no passado e que aportar mais dinheiro hoje seria afundar ainda mais a companhia aérea.
"Não podemos dizer que o governo federal não deu condições nos últimos anos de a Varig se recuperar, tanto é assim que hoje nós somos os maiores credores", afirmou a ministra, que avalia que a dívida da Varig com o governo seja 55% ou 60% dos cerca de R$ 8 bilhões de seu saldo devedor.
Essa ajuda do governo, disse ela, foi feita por meio da formação de um passivo tributário e previdenciário e de investimentos da BR Distribuidora, do Banco do Brasil e da Infraero. Para Dilma, todas as tentativas feitas para sanear a empresa encontraram um "obstáculo intransponível" na Fundação Ruben Berta, que administra a companhia.
"O que nós verificamos é que os processos que vinham ocorrendo, como a parceria TAM-Varig, não deram certo, várias tentativas de saneamento da Varig esbarraram em uma impenetrável barreira, que consistia numa característica muito peculiar da Fundação Ruben Berta, que teve problemas públicos e notórios de gestão ao longo desse período."
Para a ministra, a administração da Varig foi equivocada ao chegar a um déficit operacional sistemático, pois "entra em prejuízo cada vez que funciona".
Como a Varig foi enquadrada na nova Lei de Falência, a companhia deverá obedecer à nova fase de recuperação judicial. "É uma tentativa para que a parte mais saudável da empresa se recupere e possa ser vendida."
A ministra afirmou que o governo federal faz a sua parte quando não cobra a dívida da companhia aérea. "A fase de recuperação judicial permite a empresa se recuperar sem ter cobranças de dívidas. Isso não significa botar mais dinheiro para enterrar a Varig. Botar mais dinheiro para afundar o buraco foi feito até hoje, não é de graça que temos uma dívida de R$ 8 bilhões", afirmou.
Em Brasília, o ministro da Defesa, Waldir Pires, disse que o fato de a situação da Varig estar sendo tratada na Justiça pode dar mais "flexibilidade" para uma solução da crise na aérea. Segundo ele, até o momento não houve proposta "séria" pela Varig e é preciso que alguém assuma o passivo (dívidas) da empresa.
"Não houve ainda nenhuma empresa que tivesse se disposto a assumir as responsabilidades sem dizer "bem, mas isso se porventura alguém tomar conta do passivo todo". Aí você tem problemas de ordem legal. Essa coisa pode ter um pouco mais de flexibilidade na medida em que você hoje está com procedimento judicial", afirmou o ministro.


Colaborou Humberto Medina, da Sucursal de Brasília

Texto Anterior: Planalto pressiona direção da Anac
Próximo Texto: Trabalho: Aumento do mínimo eleva pisos salariais, aponta Dieese
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.