São Paulo, quinta-feira, 20 de abril de 2006

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Para OMC, país precisa de novo modelo

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

A fórmula de sucesso da economia chinesa -atração de investimentos para manufaturas de exportação de baixo valor tecnológico e farta mão-de-obra barata sem qualificação- é questionada pela OMC (Organização Mundial do Comércio).
No relatório "Trade Policy Reviews" (algo como revisão das políticas de comércio) divulgado ontem, a instituição argumenta que a China precisa mudar as atuais políticas para modelos que dêem "ênfase na remoção dos empecilhos ao desenvolvimento do setor de serviços" e na intensificação dos esforços para adicionar valor à produção industrial.
No documento, que é publicado conjuntamente com uma análise do próprio governo chinês, a OMC destaca alguns pontos positivos da economia chinesa.
Na avaliação da OMC, a política de abertura do país a partir de 1978 permitiu que a China multiplicasse por nove a renda per capita da sua população. As taxas de crescimento também ajudaram a reduzir a parcela de pobres na China. Em 1990, ela representava 73% da população e caiu para 32% em 2003. Apesar do recuo, a OMC ressalta que "a disparidade de renda cresceu entre as regiões da costa e a parte rural".
A parte do relatório que foi escrita pelas autoridades chinesas também aponta os problemas do crescimento acelerado do país. Segundo o governo, há hoje cerca de 200 milhões de pessoas que vivem com menos de US$ 1 por dia no país e também há fortes pressões no mercado de trabalho. "Todos os anos, a China tem que encontrar empregos para 24 milhões de pessoas nas áreas urbanas", diz o governo chinês. Ainda segundo os chineses, há um excesso de 100 milhões de trabalhadores rurais que precisam migrar para outros tipos de emprego.
A esse desafio, a OMC coloca também os riscos dos impactos com o custo de energia. "A recente alta dos preços do petróleo tende a esmorecer o crescimento da China", afirmou a organização.
Para a instituição, tem sido notável o esforço da China em reduzir o nível das tarifas de importação. Em 2005, quatro anos após a entrada da China na OMC, a média tarifária para produtos agrícolas foi de 15,3% e a de produtos não-agrícolas foi de 8,8%.
A OMC, entretanto, afirma que intervenção governamental ainda é significativa no comércio exterior e o traço mais marcante é a taxa de câmbio. O yuan permanece desvalorizado artificialmente. Mas o governo chinês argumenta que o objetivo é deixar a moeda flutuar livremente. A data para essa medida não foi anunciada.


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