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Para OMC, país precisa de novo modelo
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A fórmula de sucesso da economia chinesa -atração de investimentos para manufaturas de exportação de baixo valor tecnológico e farta mão-de-obra barata
sem qualificação- é questionada
pela OMC (Organização Mundial
do Comércio).
No relatório "Trade Policy Reviews" (algo como revisão das políticas de comércio) divulgado ontem, a instituição argumenta que
a China precisa mudar as atuais
políticas para modelos que dêem
"ênfase na remoção dos empecilhos ao desenvolvimento do setor
de serviços" e na intensificação
dos esforços para adicionar valor
à produção industrial.
No documento, que é publicado
conjuntamente com uma análise
do próprio governo chinês, a
OMC destaca alguns pontos positivos da economia chinesa.
Na avaliação da OMC, a política
de abertura do país a partir de
1978 permitiu que a China multiplicasse por nove a renda per capita da sua população. As taxas de
crescimento também ajudaram a
reduzir a parcela de pobres na
China. Em 1990, ela representava
73% da população e caiu para
32% em 2003. Apesar do recuo, a
OMC ressalta que "a disparidade
de renda cresceu entre as regiões
da costa e a parte rural".
A parte do relatório que foi escrita pelas autoridades chinesas
também aponta os problemas do
crescimento acelerado do país.
Segundo o governo, há hoje cerca
de 200 milhões de pessoas que vivem com menos de US$ 1 por dia
no país e também há fortes pressões no mercado de trabalho.
"Todos os anos, a China tem que
encontrar empregos para 24 milhões de pessoas nas áreas urbanas", diz o governo chinês. Ainda
segundo os chineses, há um excesso de 100 milhões de trabalhadores rurais que precisam migrar
para outros tipos de emprego.
A esse desafio, a OMC coloca
também os riscos dos impactos
com o custo de energia. "A recente alta dos preços do petróleo tende a esmorecer o crescimento da
China", afirmou a organização.
Para a instituição, tem sido notável o esforço da China em reduzir o nível das tarifas de importação. Em 2005, quatro anos após a
entrada da China na OMC, a média tarifária para produtos agrícolas foi de 15,3% e a de produtos
não-agrícolas foi de 8,8%.
A OMC, entretanto, afirma que
intervenção governamental ainda
é significativa no comércio exterior e o traço mais marcante é a taxa de câmbio. O yuan permanece
desvalorizado artificialmente.
Mas o governo chinês argumenta
que o objetivo é deixar a moeda
flutuar livremente. A data para essa medida não foi anunciada.
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